E A ECONOMIA, PÁ?
Por Eduardo Louro
Afinal, ao contrário do que por aí se dizia, o governo está preocupado com a economia. E tem estratégia!
Questionado sobre o assunto quando apresentava o OE 2012, o ministro das finanças disse claramente que a estratégia para a economia portuguesa era a consolidação orçamental e a estabilidade financeira. Eu não percebi! Como que por milagre – provavelmente o mesmo que irá impedir que a economia caia mais que os 2,8% previstos – percebeu que eu não estava convencido e resolveu explicar melhor, explicar como só ele sabe: a consolidação orçamental e a estabilidade financeira vêm trazer credibilidade, que é o que a economia precisa!
Continuei sem perceber. Mas como não houve mais milagres fiquei a pensar que o problema era meu!
Estava eu nisto quando eis que surge novo milagre: o ministro da economia veio falar! Bom, apenas meio milagre. Milagre completo seria se, para além de simplesmente falar, dissesse alguma coisa. Alguma coisa importante, bem entendido, e com algum jeito!
O Álvaro disfarçou-se de vendedor da banha da cobra e veio dizer alto e bom som que há vida para além da austeridade. É pouco? Não é nada?
Não, não! É muito! Afinal o homem está a fazer-se, já não falta tudo para termos aí um ministro da economia à séria. Produziu o seu primeiro sound byte! Coisa de que não o julgávamos capaz e que, como bem sabemos, é a essência da condição de ministro!
Pela minha parte fiquei muito feliz com esta entrada do ministro da economia – na conferência “O Estado e a Competitividade da Economia Portuguesa”, organizada em Lisboa pela Antena 1 e pelo Negócios – e à espera do viria a seguir. Do que seria essa vida!
Explicou que a isso se chamava combater a subsídio dependência, reformar sem medos e receios contra lóbis e proteccionismos. Bem dito, gostei de ouvir! Chamo a isso limpar a economia, são medidas de higiene económica. Mas então por que é que, quando se apresenta um orçamento destes, não se fala das PPP? Por que é que, quando o escândalo das estradas está na ordem do dia - com o Estado obrigado a entregar aos concessionários 600 milhões de euros em razão de um contrato revisto à medida – subsistem medos e receios contra lóbis e proteccionismos?
Depois, para compor o ramalhete, umas não medidas (não se pode voltar a relançar o crescimento económico através de subsídios; não se pode voltar a obras públicas faraónicas…) e uma grande novidade, que nem estamos fartos de ouvir: "Portugal tem de levar a cabo as reformas estruturais de que precisa”!
Ora aí está um governo cheio de ideias para a economia! E a gente a pensar que o governo não passava duma gigantesca Repartição de Finanças… Estamos bem entregues! Estamos, estamos…