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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Impressionante

Por Eduardo Louro

 

Mais do que o fim dos dinossauros, e a derrota expressiva dos seus mais mediáticos representantes. Mais do que a derrota de Menezes e a vitória de Rui Moreira, no Porto, mais que a vitória do PSD (de Rui Rio, Miguel Veiga ou Paulo Rangel) sobre o PSD de Passos Coelho e da sua turma. Mais que a derrota dos aparelhos partidários, em Sintra, em Matosinhos ou em Braga. Mais que a derrota da política do vale tudo, em Gaia. Mais do que a vitória da CDU e a restauração do poder autárquico comunista. Mais do que a vitória do PS, comemorada por Seguro em ambiente pouco menos que fúnebre. Mais que a vitória de António Costa, que é mais que a vitória em Lisboa, e mais que a expectativa do que irá fazer com ela. Mais que a derrota do Bloco, incapaz de sobreviver à geração que lhe deu vida. Mais que a derrota de Jardim, e a confirmação do fim do dinossáurio jardinismo na Madeira…

Mais que tudo isso, impressiona que a vitória eleitoral para uma Câmara, e logo num município que está no topo dos índices de desenvolvimento humano no nosso país, tenha sido comemorada à porta de um estabelecimento prisional. Não menos do que tudo isso impressiona que, com tudo isto a fervilhar nas televisões, as audiências fossem lideradas pela estreia de mais uma casa dos segredos

 

Que se lixem as eleições - parte II

Por Eduardo Louro

 

 

Pedro Passos Coelho reconheceu que o partido que lidera - e que juntamente com o país conduz para o abismo - sofreu uma das piores derrotas da sua história.

Recusou, no entanto, qualquer leitura nacional dos resultados destas autárquicas e reafirmou o caminho que tem vindo a seguir. Se não for de todo compreensível - se calhar é este o verdadeiro significado do célebre "que se lixem as eleições"- é pelo menos aceitável que o faça. Nem todos têm capacidade de perceber o pântano!

O que não é de todo aceitável é que Passos Coelho diga, como disse, que os resultados eleitorais de hoje também têm a ver com a aposta do PSD em “candidaturas que não cederam ao populismo, e com os pés assentes na terra”. Poderia não deixar de passar de anedota, da anedota desta noite eleitoral. Mas dei por mim a chamar-lhe aldrabão... E a lembrar-me de Sócrates: está a ficar igualzinho!

 

Um domingo de ouro

Por Eduardo Louro

 

 

A culminar uma época brilhante Rui Costa sagrou-se hoje campeão mundial de estrada, em ciclismo, competição realizada na região italiana da Toscana, com chegada a Florença. O pódio completou-se com Joaquim Rodriguez, que o ciclista português venceu sobre a meta, e Alejandro Valverde, até aqui colega de Rui Costa na Movistar.

Portugal tem, pela primeira vez, um campeão do mundo de ciclismo!

Ao contrário do que é habitual nas provas do campeonato do mundo de estrada, provas habitualmente desenhadas para roladores, esta era uma corrida destinada a seleccionar os melhores – como o próprio pódio confirma - com muita e variada montanha nos seus mais de 200 quilómetros. Um aprova para fazer jus ao título de campeão do mundo!

Foi, para Rui Costa, a cereja no topo do bolo, depois da vitória na Volta à Suíça e da brilhante Volta à França, com vitória em duas etapas, que fazem deste o ano de ouro do ciclismo português. Também Rodriguez e Valverde confirmaram, com a sua presença no pódio, a excelente época que fizeram.

Como se esperava o alemão Tony Martin venceu ontem a prova de contra-relógio, revalidando o seu título de campeão mundial da especialidade pela terceira vez consecutiva. Nos restantes lugares do pódio ficaram o brtânico Bradley Wiggins) e o suíço Fabian Cancellara. 

Depois do tenista João Sousa se ter hoje tornado hoje no primeiro português a vencer um troféu do ATP, ganhando o torneio de Kuala Lumpur, bem se pode dizer que este foi um domingo de ouro para o desporto nacional!

A coisa ... e tanta coisa

Por Eduardo Louro

 

É certo que voltou a haver erros de arbitragem. Que, no golo do Belenenses, um jogador em fora de jogo posicional interveio (para Jorge Jesus interviu) no desenrolar da jogada, movimentou-se no sentido de disputar a bola. Que o Cardozo voltou a ser agarrado dentro da área, e impedido de disputar uma bola com o guarda-redes, e que isso é penalti. Tão certo como tudo isso é que nem o Artur defenderia a bola se o jogador do Belenenses lá não estivesse à sua frente, nem o Cardozo chegaria alguma vez à bola que foi impedido de disputar. Mas isso não muda nada!

É verdade que é quando as equipas não estão a jogar nada – como acontece com o Benfica e com o Porto – que os erros de arbitragem são mais decisivos. A jogar de acordo com o potencial que tem, o Benfica tem a obrigação de ganhar mesmo se prejudicado pela arbitragem. Enquanto lá não chegar tudo conta, e a verdade é que o Benfica hoje não ganhou um jogo que, sem esses erros, ganharia. Como o Porto ontem ganhou um jogo que, sem o erro que existiu, não ganharia.

É verdade que a coisa existe. Anda aí, está tão viva quanto sempre esteve ao longo das três últimas décadas!

Dito isto há no entanto que dizer que, do melhor plantel dos últimos 30 anos, o Benfica não consegue fazer uma equipa que jogue futebol. Jorge Jesus apenas se cruzou com o êxito no primeiro destes quatro anos que já leva de Benfica, mas em todos os outros conseguiu que a equipa apresentasse bom futebol. Muito bom, do melhor que por cá se tinha visto, no primeiro ano, mas também muito bom em boa parte das duas épocas seguintes. Isto é unanimemente reconhecido: não deu grandes resultados – é certo – mas percebia-se porquê. Por deficiente gestão do plantel - pela utilização com pouco critério dos jogadores, deixando que se esgotassem até ficarem nas lonas – e por óbvias limitações na gestão motivacional da equipa. Claro que a coisa, sempre que necessário, também fez das suas!

Falar do futebol do Benfica de Jorge Jesus, era falar de transições rápidas, de avalanche ofensiva, de rolo compressor, tão frenético que muitas vezes provocava tantos desequilíbrios na própria equipa quanto na adversária. Era a tal nota artística, a expressão que ele próprio introduziu no léxico do futebolês!

Neste quarto ano tudo isso desapareceu, e hoje a equipa não consegue acertar três passes seguidos, não engata uma transição, não ganha um duelo e não consegue partir para cima do adversário. Jogadores de grande classe parecem que não sabem jogar à bola. O Markovic, que começou por encantar, que rasgava pelo centro do campo e só parava na baliza adversária, acabou por desaprecer,agarrado à linha. O Matic, o 8 que Jesus reclama ter transformado num dos melhores 6 do mundo, já não é nem 8 nem 6. Até o Enzo, que da linha veio para o meio, para agora regressar à linha, e mesmo aí carregar a equipa às costas, acabou por desistir…

Tudo isto era previsível. Tudo isto estava à frente do olhos… Sabia-se o que tinha falhado, conheciam-se os pontos fortes e os fracos. Tinha dado para perceber que aqueles pontos fortes não eram suficientes para ganhar. E que, quando já nada há para subir, só resta descer. Não era o fundo, aquilo que em Maio se viu no Jamor. Ali penas se via que já não havia nada para subir...

O que antes era difícil é, agora, depois de Guimarães - que não é a causa de coisa nenhuma, mas a consequência de muita coisa -, impossível de esconder. E não adianta continuar a procurar tapar o sol com a peneira!

 

 

...Cantam as nossas almas...

Por Eduardo Louro

 

Até há bem pouco tempo o FC Porto tinha sido fundado em 2 de Agosto de 1906, por José Monteiro da Costa. De acordo com a História oficial do clube de décadas e décadas, teria agora a bonita idade de 107 anos!

Entretanto, em 1988, acrescentaram-lhe 13 anos e uma estória. A estória de um cavalheiro apaixonado pelo beautiful game e, admite-se, por uma beautiful lady, que teria fundado um clube em 1893, justamente no dia 28 de Setembro, dia do 30º aniversário de El Rei D. Carlos. Porém, António Nicolau de Almeida - assim se chamava o dito cavalheiro e assim narra a estória – se bem o fundou melhor o abandonou, e rapidamente partiu para Inglaterra atrás das suas duas paixões que, ao que se conta, não eram lá muito compatíveis. Abandonado, consta que o clube morreu sem que mais alguém dele se lembrasse!

Até que, já depois da proeza de Madjer em Viena, em pleno reinado de glória de Pinto da Costa, alguém se lembrou de o ressuscitar para acrescentar mais 13 anos, e mais estórias, ao FCP. Nome que, diz-se para melhor temperar a estória, foi sugerido, lá de Inglaterra, pelo próprio António Nicolau de Almeida ao estudante José Monteiro da Costa, que de lá vinha.

Não importa se são 107 ou 120 anos, se a data a festejar seria 2 de Agosto ou 28 de Setembro. Até acho que 2 de Agosto não tem jeito nenhum, está tudo de férias – tenho uma filha que nasceu por esses dias e bem me lembro do que isso a irritava, nunca tinha os amigos para festejar – e que o 28 de Setembro é outra coisa. É uma data com um lugarzinho na História de Portugal - não é particularmente brilhante, mas está lá – e até já é tempo de campeonato a aquecer.

Por isso hoje é dia de festa, e há almas que cantam… A festa começou ontem, e bem. Para que nada falhasse lá estava o convidado especial para todas as festas - aquele que nunca falha, que nunca vira costas, que nunca diz que não - com a inevitável e preciosa prenda!

Sabia-se que assim seria. A coisa não está para brincadeiras e os trunfos são para se jogar quando é preciso!

Entretanto estão lançados mais uns episódios de suspense. Se o país já aguardava com grande expectativa pela tal participação à UEFA, agora a expectativa aumenta a aguardar que o Paulo Fonseca veja o lance da prenda de Pedro Proença. Ou que alguém explique o que é que aconteceu a uns jogadores do Guimarães que ainda no domingo jogaram com o Benfica...

Justiça e Justiça, Polícia e Polícia, Cidadãos e Cidadãos...

Por Eduardo Louro

 

É notícia que a Polícia não tem conseguido notificar Oliveira e Costa para ser ouvido em Tribunal, no processo – não, não é sobre o BPN, ninguém faz ideia de quando a Justiça trate disso – que envolve seu amigo e colega (de partido, de parlamento, de governo e de actividades criminosas e vigarice) Duarte Lima.

Foi também notícia esta semana a notificação de Jorge Jesus, o treinador do Benfica que no final da tarde de domingo, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, passou por aquilo que é público e do conhecimento geral.

Era fácil encontrar e notificar o treinador do Benfica: poderia estar em casa, poderia estar a trabalhar, no Estádio da Luz ou no Seixal, ou poderia estar de folga, ainda em casa ou noutro sítio qualquer. Era fácil, mas ainda assim poderia ter de ser procurado em vários locais diferentes: menos de 48 horas depois estava notificado!

Se era, como foi, fácil encontrar e notificar Jorge Jesus - que, mesmo assim, se declarou enganado pela Polícia, que a Polícia lhe passou uma rasteira - mais fácil seria encontrar e notificar Oliveira e Costa. Deveria estar na prisão, mas não está. Estando em casa, deveria ter o dispositivo de pulseira electrónica, mas não tem. Está apenas sujeito a termo de residência e de identidade, e bem podia já ter fugido para onde bem lhe apetecesse, como de resto se receava.

Mas não. Não fugiu, estava em casa. Mas não era notificado e foi preciso que a notícia andasse pelos jornais para que surgissem os seus advogados a falar de mal entendidos, e a disponibilizarem-se para contactarem com o tribunal para facilitar o agendamento do depoimento.

Há notificações e notificações, há Justiça e Justiça e há Polícia e Polícia. O que faz com que haja cidadãos e cidadãos…

Até nos lembramos de, há uns tempos, uma Polícia ter notificado o cidadão presidente do FC Porto para passar uma certa noite em Vigo. E valeu a pena, como se sabe!

Fora de rota

Por Eduardo Louro

 

 

Um barão é isto. O barão nasceu e cresceu no regaço do cavaquismo e reproduziu-se no aconchego do bloco central dos interesses, no centrão, no núcleo do regime.

O barão tem um percurso natural: do governo para a vida. Parte do governo – onde a prepara - para chegar à vida, ao conforto de uma vida institucional e empresarial cheia e preenchida. É um percurso de um só sentido, sem retorno: uma vez lá chegados, não mais regressam…

A escolha de Rui Machete para o governo foi um dos grandes absurdos de Passos Coelho. Por todas as razões, mas também por esta - pelo regresso contra-natura, fora de rota!

Por isso nunca mais saiu das primeiras páginas dos jornais. Por isso nunca mais de lá sairá, na espiral de “incorrecções factuais” e “erros involuntários” que fazem “a podridão dos hábitos políticos”!

Negro, como o preconceito!

Por Eduardo Louro

 

Está a decorrer em Angola o campeonato do mundo de hóquei em patins. Os jogos da selecção nacional, que procura recuperar o título há muito perdido, estão a ser transmitidos no canal 2 da RTP.

Há muito que, também para mim, esta modalidade perdeu o encanto e o interesse. E digo também para mim porque a verdade é que é cada vez menor o interesse que desperta, mesmo nas poucas regiões do mundo onde ainda tem expressão. As pessoas e as instituições que têm por dever preocupar-se com isso vão lhe introduzindo regras novas, com o objectivo, de melhorar o espectáculo e a competição e, assim, reverter o clima de perda em que o hóquei em patins há muito entrou. E novas configurações que tornem a modalidade telegénica, capaz de captar os interesses das televisões, que hoje sustentam todas as grandes competições desportivas.

Estes têm sido objectivos sucessivamente falhados, deve dizer-se. Não há muito a fazer quando uma modalidade não tem expressão global, e o hóquei em patins passou ao lado da globalização. Perdeu a beleza estética que os portugueses lhe emprestaram, em particular nas décadas de 60 e 70 do século passado e, com isso, a dimensão de espectáculo capaz de agradar aos olhos do espectador. E perdeu dimensão competitiva, se é que se possa falar de competitividade numa modalidade que em toda a sua história tem cinco campeões do mundo, três dos quais, pode dizer-se, contingenciais: a Inglaterra, que apenas ganhou os dois primeiros, nos longínquos anos de 1936 e 39, e a Itália (1953,86,88 e 97) e a Argentina (1978,84,95 e 97) por quatro vezes cada. Espanha e Portugal - que já não ganha há 10 anos e que neste século apenas ganhou por uma vez (2003, em Oliveira de Azeméis) – com 15 campeonatos do mundo cada, somam 30: praticamente 80% dos títulos!

Também por isso não é modalidade olímpica, embora já lá tivesse passado como modalidade de exibição, em 1992 – Barcelona, como não podia deixar de ser, e onde Portugal ficou fora das medalhas (Argentina, Espanha e Itália). E por isso um campeonato do mundo de hóquei em patins não tem, nem de perto nem de longe, nada que ver com uma qualquer grande competição mundial. E que, evidentemente, está a nos luz do futebol onde um Campeonato do Mundo, como do Brasil do próximo ano, é um acontecimento mundial que mobiliza milhões de pessoas por toda a parte.

Mas não foi para falar de hoquei em patins, nem de campeonatos do mundo, que iniciei este texto. Isso acabou por vir a talho de foice, porque, dizia eu, os jogos da selecção nacional estão a ser transmitidos na RTP2. Que ontem jogava precisamente com a selecção anftriã, num jogo que prometia  - em causa estava justamente o apuramento da selecção angolana para os quartos de final - e que me obrigou a uma irresistível espreitadela. O relato estava a cargo do Paulo Catarro, agora correspondente em Angola da estação pública de televisão, que, como se a transmissão não fosse a cores, entendeu dar-nos os pormenores dos equipamentos das duas selecções: "a selecção nacional apresenta-se com o seu equipamento alternativo, de meias e calções azuis e camisola branca" (cores recuperadas das décadas douradas de 60 e 70) e "a selecção angolana com o seu equipamento habitual de camisola vermelha e calção negro".

Nunca na minha vida, tratando-se de equipamentos, tinha ouvido falar de calções negros. Sempre ouvi falar de calções pretos e, para mim, os calções se são pretos, são pretos, não são negros. As calças, se são pretas, são pretas. Não são negras.

Fiquei a saber que, para este correspondente da RTP em Angola, os calções são negros. Como o preconceito...

Ah! A selecção nacional ganhou por 5-1 e a de Angola ficou fora do seu mundial!

A máquina e os pormenores

Por Eduardo Louro

 

Ninguém tem dúvidas da capacidade da máquina portista. Está sempre de motores aquecidos, em alto regime, prontos a arrancar a alta rotação em qualquer emergência. Estamos habituados a vê-la responder com a eficácia de um potente motor de alta cilindrada e maior potência e binário!

Mas está a perder qualidades. Provavelmente, de tanto ganhar, relaxou!

Percebeu-se isso logo no descuido do Paulo Fonseca. Descuidou-se e a coisa saiu mal, como sucede com aqueles carros que aceleram, aceleram, roncando imponência por todas as saídas de escape e depois, logo que cai o verde, oops…Engasgam. Sai pífia!

Ainda meio surpreendida meio envergonhada por esta pífia, a máquina logo quis remediar o fracasso e dar novo sinal de pujança e imponência. Num ápice uniu numa só voz todos os comentadores espalhados pelos quatro cantos do mundo do espectáculo da bola falada: o tal tipo da Associação de Futebol de Lisboa (AFL) é um energúmeno racista, como se provava pela sua página do facebook, logo disponível, on line, nos seus telemóveis!

A coisa até que poderia ter pernas para andar. Sem mais, sem outros pormenores, aqueles telemóveis apontados às câmaras, até poderiam ser capazes de levar as pessoas a crer naquilo que eles queriam que fosse visto. É aí que o motor engasga outra vez: levado pelo excesso de entusiasmo – há sempre um pouco de Jesus por trás do mais frio maquinista – um deles consegue dizer que, no festejo de punho cerrado do golo estorilista, o homem da AFL enfiou um caseiro no olho do Adelino Caldeira, sentado na fila de trás.

E pronto. Estragou tudo… Naquele momento toda a gente percebeu que era mais fácil forjar uma página de facebook do que transformar um punho cerrado de comemoração de um golo num gancho (in)directo de mais de 180 graus!

Depois disto, tudo o resto são meros pormenores. É um pormenor que estes súbitos paladinos do fair play, da moral e da ética protegessem da denúncia pública, durante mais de dois anos, um energúmeno e um racista destes. É um pormenor que estivessem à espera de mais este episódio para, de repente, se lembrarem que há uma queixa para apresentar à UEFA. Onde, consta, a sua fama já vem de longe!

 

A comédia da bola

Por Eduardo Louro

 

Perdidos os primeiros pontos na primeira dificuldade de um calendário que mais pareceu escolhido a dedo do que por bolinhas da sorte, perdido o conforto da sucessão de vitórias que um calendário à medida prometia garantir, fosse lá como fosse, como se vira em Setúbal e em Felgueiras, Paulo Fonseca apressou-se vir a palco desempenhar o papel que lhe tinha sido distribuído. 

Percebeu-se que ninguém contava que fosse tão cedo chamado àquele papel. O desempenho em palco acabou por deixar à vista que os ensaios estavam atrasados, que nem o texto estava ainda bem estudado. A interpretação ressentiu-se e a mensagem passou mal, com grande dificuldade.

Valeu-lhe a ajuda da comunicação social, que não se limitou a emitir uma boa crítica. Encarregou-se ela própria de fazer passar a mensagem. Direitinha, fluente, sem hesitações nem tempos mortos…

Mesmo que não esclarecesse a atabalhoada confusão com os três campos. O primeiro e o segundo tinham ficado claros: Alvalade, onde o Sporting se deixou superiorizar pelo Rio Ave, não teve oportunidade de marcar em fora de jogo e viu o árbitro negar-lhe um penalti. E Amoreira, onde o Porto continuou a jogar pouco, viu uma mão de Otamendi - que já não devia estar em campo desde o início do jogo, por ter derrubado um jogador do Estoril que seguia isolado para a baliza de Helton -,  fora da área, transformada num penalti. Mas, e o terceiro?

Em Guimarães não era certamente, porque aí voltou a ser mais do mesmo: um penalti daqueles universais – e não é por ser do tamanho do mundo, é por sê-lo em qualquer parte do universo onde se jogue à bola -, outro daqueles que, se a favor da sua equipa ou contra a do autor das preces, são sempre marcados, e dois foras de jogo mal assinalados, com Enzo Peres na cara do guarda-redes da casa. Em Arouca também não: aí prosseguiu a série de penaltis que os árbitros vêm perdoando ao Braga. Que pé ante pé, penalti aqui penalti ali, já está no segundo lugar, a um único pontinho…

Pois é Paulo, a mensagem passou, mas não ficou bem na fotografia. Não saiu bem e não foi bonito de ver. E já que lhe exigem esse papel, o melhor mesmo é acelerar os ensaios…

Mesmo assim, com horas extras nos ensaios, veja lá se consegue arranjar um bocadinho para visitar na prisão um colega de profissão que, ao que diz, lhe ensinou alguma coisa.

É que já não há dúvida nenhuma, o Jesus vai preso. Só não ficou logo preso porque a polícia teve medo!

Talvez se encontre lá com o Caldeira. Com o Pinto da Costa é que não... aproveitaria logo para o contratar!

Uma comédia, estas coisas da bola cá do burgo!

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