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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Vassalagem

Por Eduardo Louro

 

O comissário europeu Pierre Moscovici está hoje em Lisboa, e vai passar pelo Parlamento. Pelo que vai dizendo aos jornais, e pelo que os jornais vão dizendo, até parece que há uma comissão europeia e comissários a tomar decisões na União Europeia. Até parece que não é Schauble quem põe e dispõe a seu bel prazer...

Diz por exemplo ao Diário Económico que "o plano é ter a Grécia na zona euro em boas condições". Que a saída da Grécia do euro não está em cima da mesa... E a gente a saber que o senhor que manda na Merkel, no Juncker, no Dijsselbloem e no Draghi já tem tudo preparado. Que já só espera por, antes, mostrar ao mundo Varoufakis ajoelhado perante a sua cadeira de rodas ...  

 

Em modo esquizofrénico

Por Eduardo Louro

 

O desemprego continua a subir. Vai já no terceiro mês consecutivo, sempre a subir... Dentro de dias teremos o primeiro-ministro a dizer daqui até às eleições vai ser assim: sempre a subir. Porque está tudo à espera dos resultados das eleições... E que o desemprego só voltará a cair se ele as ganhar!

O próprio presidente virá esclarecer que o "seu crescimento de 2%" tem como pressuposto, que dá como certo - nunca se engana e raramente tem dúvidas -, que a actual maioria continua no poder. Que cresce tudo no último trimestre... E que é normal que o desemprego esteja agora a crescer porque, explicará de cátedra, há uma décalage de 18 meses a dois anos para que o crescimento se faça sentir no emprego.

A ministra da Justiça virá garantir que o desemprego sobe porque a taxa de reincidência é de 90%. Sem fazer ideia do que seja isso, mas com a breve convicção que o que importa é ter um número. Não importa de onde venha, nem para onde vá. Nem mesmo que não exista!

O vice-primeiro-ministro virá virar os números ao contrário, baralhando emprego e desemprego numa confusão que já ninguém percebe do que se está a falar. O que importa é que está melhor, como dirá logo a seguir o ministro da economia... Se alguém contestar ainda há a banca rota!

E a ministra das finanças a dizer que não tem nada a ver com isso. Não é VIP. Tem os cofres os cheios e os jotinhas a procriar. O que é que querem mais? 

Se calhar ainda queriam uma administração fiscal que penhorasse quatro bolos a um restaurante... Por 30 cêntimos... Que lá ficassem a apodrecer às mãos do fiel depositário...  

O malabarista

Por Eduardo Louro

 

As eleições de ontem na Madeira serviram de pretexto para mais uma vaga das pantominices de Paulo Portas, sem sombra de dúvida o malabarista mor do circo que é a política nacional.

O PSD perdeu 15 mil votos, mas como manteve, mesmo que por um fio (os 5 votos que faltam ao PC para eleger o terceiro deputado) a maioria absoluta, com Jardim (nos votos), ou contra Jardim (no terreno), Miguel Albuquerque, é o grande vencedor das eleições. Mesmo com o pior resultado de sempre, mas isso são contas de outro rosário...

A esquerda também ganhou. Muito à conta do movimento de cidadãos Juntos pelo Povo (JPP - com cinco deputados), mas também o BE (passou de 0 para 2 deputados) e o PC (passou de 1 para 2 deputados, a escassos 5 votos do terceiro, como acima se referiu) cresceram significativamente. Basta reparar que globalmente a esquerda passou de um para nove deputados ... E, claro, o CDS e o PS perderam. 

O PS perdeu com estrondo (manteve os mesmos 6 deputados, mas um deles é o coligado Coelho) numa altura em que não poderia perder. Pelo menos dessa maneira. António Costa envolveu-se na campanha, e deixou passar uma estratégia de coligações que não passaria pela cabeça de ninguém. Mas só a estrutura local reconheceu a derrota, com o seu líder a assumir, com a demissão, toda a responsabilidade. De Lisboa não se ouviu nada, deverão estar ainda  a meditar sobre o assunto...

O CDS caiu de 17 para 13% dos votos, nada que impedisse Portas de mais um número de circo, com perto de meia hora de televisão, em directo, a contar a história desse sucesso eleitoral. Perdeu dois deputados, mas conseguiu, sem ponta de vergonha por nos estar a tratar por parvinhos, falar de um resultado "consistente, resistente e sustentado".

Palavras para quê? É um malabarista português!

 

Pouco brilho e muito pragmatismo

Por Eduardo Louro

 

Sem brilho, mas com algum pragmatismo e alguma maturidade, a selecçao nacional ganhou (2-1) à da Sérvia, cheia de caras conhecidas, onde é regra que bons jogadores não formem uma boa equipa. Hoje, se bem que de maneira bem menos flagrante, não foi muito diferente, e a Sérvia foi sempre de menos para ganhar a uma selecção portuguesa pouco vibrante, mais segura que entusiasmante.

A selecção nacional foi Moutinho - verdadeiramente a única grande exibição - e Tiago. E foi Cristiano Ronaldo, porque é sempre Cristiano Ronaldo, mesmo quando troca, como foi hoje o caso, a sua inesgotável classe pela sua insuperável capacidade de trabalho. De ninguém se poderá dizer que tenha estado francamente mal, mas Danny voltou a confirmar que não é jogador de selecção. Definitivamente, não rende na selecção!

O resultado - hoje ninguém se pode queixar da sorte - acaba por ser o melhor do jogo. Porque - não haja dúvidas - a Sérvia é o adversário mais forte do grupo, mesmo que já praticamente arredada do apuramento. Ao invés, agora praticamente garantido pela selecção nacional!

Lixo

Por Eduardo Louro

 

A Fitch mantém o rating da República em BB+. Na gíria, lixo. E explica: pela trajectória da dívida e porque a economia portuguesa não cresce; porque não é competitiva e as empresas estão sobreendividadas! 

Certa ou errada, é esta a explicação que dão para não rever a classificação de risco que teimosamente persegue a economia portuguesa. Bem ou mal, é desta forma que as agências de rating ratificam o milagroso desempenho que tantos elogiam.

Com o modo "que se lixem as eleições" há muito desligado, e com o botão do turbo eleitoral no máximo, Pedro Passos Coelho, lá longe, do Japão, dá-nos outra interpretação. Não é expectável - garante - que as agências de rating revejam as suas classificações de rating antes das eleições, pela simples razão que, primeiro, querem saber quem as ganha. Querem saber se tudo o que de bom tem sido feito - mas que não foi suficiente para as fazer alterar uma única posição, digo eu - vai ter continuidade. Diz o primeiro-ministro, com o maior descaramento deste mundo, que não se passa nada. Ganhe ele as eleições, e volte ele a formar governo, e as agências de rating virão imediatamente a correr atribuir o AAA+ a Portugal!   

E diz isto apesar de a própria a Fitch ter na circunstância referido não esperar que as próximas eleições legislativas tragam "um desvio relevante de política", uma vez que "os dois principais partidos (PSD e PS) são pró-europeus", e que "não há partido populista ou antieuropeu que tenha atraído apoio significativo nas sondagens de opinião".

É isto que nos espera, todos os dias, ao longo dos próximos seis meses. É com estas agressões à nossa sanidade mental que teremos diariamente de conviver. Se até aqui valeu tudo, daqui para a frente não há limites para o populismo, para a demogagia, para o descaramento, para a falta de vergonha... Para o lixo que se vai amontoando!

E passou a haver coisas para contar na comissão parlamentar de inquérito (XI) - FIM

Por Eduardo Louro

 

 

Chegaram ao fim as audições, que não os trabalhos, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao BES. Ao longo de quatro meses passou pelo Parlamento muita da até há pouco incontestada elite nacional que, entre omissões, mentiras e verdades, permitiu aos portugueses perceber muito do que foi a queda de um dos maiores, e provavelmente do mais emblemático, dos bancos nacionais.

Sempre muito desconfiados – e com muitas razões para isso – desta vez os portugueses foram acreditando nesta CPI. O bom desempenho de muitos dos deputados ia entrando pelas casas dos portugueses; e os media faziam o resto, dando nota da manifesta competência e seriedade do trabalho dos deputados, geralmente bem preparados. Os próprios membros da comissão mais pareciam isso mesmo, membros, juntos por uma causa, que deputados empenhados na luta política, adversários de todos os dias.

Só que, acabadas as audições, segue-se o Relatório que terá de apurar responsabilidades. E aí tudo muda. A causa deixa de ser uma para que cada um passe a ter a sua. Para os deputados da maioria a responsabilidade esgota-se em Ricardo Salgado; governo e Banco de Portugal só fizeram o bem. E nada mais!

Para a oposição, governo e Banco de Portugal até poderão não ter tanta responsabilidade quanto Ricardo Salgado, mas andará por lá perto!

E lá se vão os méritos da comissão. E lá vai esta CPI para o mesmo saco de toda as outras, subvertendo a realidade, truncando verdades e confundindo em vez de esclarecer. E no entanto, por tudo o que vimos e ouvimos, nenhum de nós, comuns mortais, tem qualquer dificuldade em perceber o óbvio. E se é óbvio que na destruição do GES a responsabilidade cabe exclusivamente a Ricardo Salgado, e na sua pessoa á família que dominava o grupo, não é menos óbvio que, no colapso do BES, as responsabilidades têm que ser partilhadas entre Ricardo Salgado, o Banco de Portugal, o governo e até a troika.

Para chegar e essa conclusão não é sequer indispensável o testemunho de Fernando Ulrich, se calhar, entre todos os que por lá passaram, o único a dizer a verdade e só a verdade. Mas ajudou a perceber que durante um ano inteiro fora possível ao Banco de Portugal, ao Governo e à troika salvar o BES. Ao permitirem que Ricardo Salgado continuasse à frente do BES, a somar incumprimentos e alargar os danos, tornaram-se obviamente responsáveis pelo que sucedeu. Mas ao aprovar aquele aumento de capital, ao prometer que não iam deixar cair o banco, incluindo ao próprio Salgado, como agora se provou, e ao anunciar que o BES não era o GES, que estava protegido e que tinha almofadas, o Banco de Portugal e o governo deixam as suas impressões digitais bem marcadas na responsabilidade pela destruição que o BES arrastou.

Isto toda a gente percebeu. É inegável, e não se vê como possa ser apagado do Relatório final sem ferir de morte mais uma CPI!

Vá lá que não se refira à medida de resolução, imposta pelo BCE. E que não refira que vem na linha de abdicação da soberania nacional que constitui a matriz do governo… Mais, não!

Claro que não poderia encerrar este tema sem uma referência a Mariana Mortágua, a deputada do BE elevada à categoria de estrela. Hoje mesmo apresentada assim, como uma estrela, no Bloomberg... Por mim, sem lhe negar os méritos, fico-me pela fotografia!

Notícias

Por Eduardo Louro

 

A notícia, mesmo que mal amanhada, enchia ontem a primeira página do Record. Mas é tal qual a ouvi num telejornal da hora de almoço que verdadeiramente ganha expressão: "O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras visitou os três grandes à procura de ilegais. Encontrou quatro em Alcochete e nenhum no Seixal. Do Olival nada se sabe"!

Significativo. Tanto como a capa do Record...

Puxar pelo pior de cada um

Por Eduardo Louro

 

 

O avanço desregulado do capitalismo selvagem, resultante do alastramento incontrolado da insaciável voragem do ultra liberalismo, que já tinha passado todas as marcas do aceitável, atingiu, a crer no que acabei de ouvir a propósito da tragédia do A320 da Germanwings, os limites do impensável. 

Um responsável do “Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves” dizia que hoje os jovens pilotos se endividam ao nível das centenas de milhares de euros para fazerem a formação que lhes poderá dar acesso à profissão. Que são as próprias companhias de aviação que exploram as escolas que dão essa formação, incluindo as horas de voo. Que os jovens aspirantes a pilotos pagam para voar. E que, depois de concluída a formação e altamente endividados, à maioria desses jovens nada mais está reservado que um profundo desespero. O desespero de quem vê a companhia que lhe levou o dinheiro, fechar-lhe a porta ao contrato com que pensara poder pagá-lo.

Não se sabe se foi este o caso do jovem alemão de 28 anos. Mas sabe-se que, com estas práticas, as companhias de transportes aéreos estão a contribuir para actos de terrorismo como este. Por desespero ou por outros distúrbios emocionais. Por revolta ou por vingança. Ou simplesmente por ser capaz de arrancar às mais profundas entranhas de cada um o que de pior cada um lá tem.

Mas é disto que afinal se fala quando de capitalismo selvagem se trata. De trazer ao de cima o pior que há em cada um!

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