Prova de vida para a fotografia
Por Eduardo Louro
Às vezes uma fotografia faz prova de vida. Noutras, é a própria prova de vida que se faz à fotografia...
O presidente falou. E disse o que se esperava e o que não se esperava.
Quando disse o que se esperava não disse nada, nem sequer que Bruxelas, Berlim ou Frankfurt já tinham dito tudo e que nada tinha a acrescentar.
Quando disse o que não se esperava disse muita coisa. Disse que nesta altura a estabilidade é um valor supremo, mas lançou a instabilidade. Que só não é maior porque o tipo que dizem que é primeiro-ministro, que até aqui não aceitava nada, agora aceita tudo. Fosse outro - qualquer outro – e, quando Cavaco estivesse a atravessar a porta da sala de onde se dirigiu ao país, já estaria à entrada do palácio de Belém para lhe entregar a demissão. Disse que era contra eleições antecipadas, mas marcou a data das eleições antecipadas. Disse que queria trazer o PS para o compromisso, mas o que fez foi passar-lhe mais uma rasteira. Entalá-lo e entalar Seguro ainda mais!
Mas ficou bem na fotografia. Que era, sem dúvida, o seu principal objectivo. Cavaco quis fazer prova de vida, e logo em grande. Com uma proposta de compromisso de salvação nacional, de infalível popularidade!
Pena que não valha nada. Que nada tenha que funcione. E que, no fim, como ele próprio reconheceu, lá tenha que ir procurar uma daquelas soluções que a Constituição tem para estas coisas…