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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Queremos um país inviável?

Governo regulariza todos os imigrantes que tenham pedidos pendentes no SEF  - El Trapezio

Três agentes do SEF, nas instalações do aeroporto de Lisboa, espancaram até à morte um imigrante ucraniano, em Março do ano passado, num crime que, por omissão e conivência, envolveu ainda mais um conjunto de pessoas, entre seguranças privados e até um enfermeiro. Um dos participantes, orgulhoso do seu acto, disse que nesse dia já não precisava de ir ao ginásio... 

A cadeia de comando, até ao próprio ministério, tentou abafar tudo.

Há dois anos, mas só hoje chegando ao conhecimento público, sete militares da GNR do posto de Vila Nova de Mil Fontes, Odemira, espancaram, violentaram e humilharam vários imigrantes. Orgulhosos dos seus actos, filmaram-nos e divulgaram-nos por grupos privados nas redes sociais. Esses filmes foram então, em 2019, parar às mãos da Polícia Judiciária quando, para investigar actos idênticos ocorridos no ano anterior, apreendeu os telemóveis a cinco militares da GNR daquele posto. Identificou aí os sete, três dos quais reincidentes por terem já praticado os mesmos actos em 2018.

A cadeia de comando, incluindo o IGAI, tentou abafar tudo. Conhecidos os factos através de uma estação de televisão, a GNR veio hoje informar que dos sete militares acusados, dois tinham sido suspensos, e os restantes cinco se encontravam a trabalhar normalmente, quando à reportagem da televisão tinha dito que todos se encontravam suspensos.

Os mais altos comandos das forças de segurança em questão, e os mais altos responsáveis do país - Presidente da República e Primeiro-Ministro - dizem-noa que isto não fazem delas instituições racistas. Como o caso dos militares na República Centro Africana também não atingem a instituição militar. Mas fazem, todos, deste, o país que é!

Os imigrantes que sofreram a brutalidade daqueles militares da GNR são os mesmos trabalhadores das estufas de Odemira, com que há meses o país se chocou.

Há poucos dias, um Relatório de peritos da ONU dava conta da "dimensão da brutalidade policial sobre afro-descendentes", num "país que nega o racismo e romantiza o passado colonialista", e denunciava formas de racismo, discriminação racial, xenofobia ou outras intolerâncias.

Ontem foram divulgados pelo INE os números provisórios dos Censos de 202. Em Portugal residem 10.344.802 pessoas. Nos últimos dez anos, desde o últimos Censo (2011), Portugal perdeu 2.1% da população. Foi a primeira vez, desde 1970, que o número de habitantes caiu.

A quebra foi resultado de um saldo natural negativo (diferença entre nascimentos e óbitos), que se traduziu numa perda de 250.066 pessoas. Os estrangeiros são agora 555.299, 5% da população. Mais  41% que há 10 anos. O número de estrangeiros a entrar em Portugal não foi suficiente para o compensar. Mas não é só isso. É a falta de mão de obra. É o envelhecimento da população. É a sustentabilidade da segurança social. É a assimetria demográfica. É "só" a viabilidade de um país!

Um país que tem nas suas instituições pessoas que tratam assim as pessoas que o podem viabilizar é, por si mesmo inviável. Seria bom que pensássemos nisto!

 

Sem honra nem glória. Apenas vexame!

 

Já sabíamos que Fernando Santos acredita mais em milagres que na capacidade de um conjunto de jogadores que estão entre os melhores do mundo, e que integram as melhores equipas do planeta. O que é absolutamente inacreditável é que, agarrado ao milagre do título europeu, tenha transformado tão extraordinário lote de jogadores numa selecção mediocre.

Mais inacreditável ainda é que Fernando Santos ache que faz tudo bem. Os jogadores, é que não. Os jogadores é que não conseguem. Aqueles jogadores não conseguem ligar o jogo, garante. Não conseguem ter bola. Diz e repete, como se nos quisesse convencer que jogadores que são dos melhores que há, e que jogam nas melhores equipas mundiais e que disputam as mais exigentes competições do futebol mundial, não sabem jogar à bola. 

A selecção nacional tinha a obrigação de ter garantido o apuramento para o malfadado mundial do Qatar bem antes de chegar a este jogo decisivo, em casa, em que lhe bastava um empate. Mesmo que aquele golo na Sérvia - já agora onde a selecção teve em metade do jogo, na primeira parte, a única prestação minimamente condizente com a qualidade dos jogadores -, que não contou, tivesse desde logo empurrado a decisão para este último jogo. Porque, em boa verdade, já foi por Fernando Santos ser o que é que a selecção empatou um jogo que ganhava por 2-0 ao intervalo, depois de exibir uma enorme superioridade sobre a equipa sérvia.

A Sérvia é uma selecção de terceira linha do futebol europeu, mas os outros adversários eram ainda muito mais fracos. Por isso, a partir desse jogo na Sérvia, o mais normal seria que as duas equipas ganhassem todos os jogos. A Sèrvia foi infeliz na Irlanda, e empatou esse jogo. Onde a seleccão portuguesa foi incompetente, e também empatou ... mas com muita sorte. Num jogo miserável que marcou, e muito, o de hoje.

Hoje bastava o empate para conseguir o apuramento. Era Fernando Santos nas suas sete quintas e, com jogadores de topo mundial, armou uma equipa para não perder com um adversário de terceira categoria, dentro da sua estratégia de eleição. Com a sorte de marcar no primeiro minuto, o que podia ser o melhor, foi o pior. A partir daí só uma equipa jogou à bola.  A Sérvia empatou pouco depois da meia hora (num frango monumental, para acentuar o vexame), e depois de já ter tido uma bola de golo no poste. Na segunda parte Fernando Santos jogou com três trincos - Danilo (é incrível como foi titular), Palhinha e Ruben Neves!

A Sérvia marcou o golo da vitória que lhe deu o apuramento ao minuto 90. Nada mais que o merecido castigo. Acreditar agora que no play-off é que vai ser, é pouco menos que acreditar em milagres. Fernando Santos acredita. Mas já ninguém acredita nele. Os senhores da Federação Portuguesa de Futebol podem estar-se nas tintas para os adeptos, mas convinha que não se esquecessem que nesse "ninguém" se incluem os jogadores. 

Há mais de 11 anos, Cristiano Ronaldo abriu a porta da rua a Carlos Queirós com uma frase: "assim não, Carlos, assim não". Se quer estar no seu último mundial é hora de se lembrar disso.

 

 

Fugir do amarelo para cair no vermelho

 

Mais uma miserável exibição da selecção portuguesa, esta noite, em Dublin. Tão má que terá mesmo sido a pior da já longa era de Fernando Santos que, como se sabe, não é um treinador muito dado a grandes exibições.

A selecção da República da Irlanda é uma das mais fracas da Europa, nesta altura. E no entanto foi, com aquele futebol vigoroso, bem britânico do antigamente, feito de querer e determinação, sempre melhor que a portuguesa. Já o jogo de há uns meses, da primeira volta, no Algarve, tinha sido muito complicado, com a vitória a surgir de um autêntico milagre, com aqueles dois golos do Cristiano Ronaldo, mesmo - mesmo - no fim. E no fim, nestes dois confrontos com os irlandeses, salvou-se o resultado. Hoje o empate até valia a mesma coisa que a vitória. Não acrescentava nem retirava nada ao jogo do próximo domingo, com a Sérvia,. Com a vitória, ou com este empate, sairia deste jogo sempre na frente do grupo, e a basar-lhe não perder para garantir o apuramento para esse estranho mundial do Qatar, no Natal do próximo ano.

Mas, como ensaio para esse jogo decisivo, foi mau de mais. E nessa medida não permite alimentar as melhores expectativas. Mas … já se sabe, cada jogo é um jogo. E este estava marcado pelos amarelos. Pelo grande número de jogadores em risco de ficarem fora do jogo decisivo. Fernando Santos optou por prescindir de todos eles - todos, não; manteve Palhinha, que esse, como se sabe, mesmo que seja amarelado nunca é excluído - incluindo os que, à partida, nunca seriam titulares nesse próximo jogo. E acabou por ficar sem o que, provavelmente, menos quereria perder: Pepe, pois claro. Igual a si próprio, e por isso expulso.

É como o escorpião - está-lhe na massa do sangue. É da sua natureza! Que, pela protecção que goza em Portugal - das arbitragens e da própria imprensa - não tem necessidade de reprimir. Com a bola controlada, sem qualquer adversário por perto e com tempo para tudo, resolveu metre-se em problemas, até se ver apertado. E logo que se viu apertado, já com um amarelo (mas até vermelho directo justificaria), decidiu eliminar o adversário à cotovelada, deixando a equipa exposta, com menos um jogador, e galvanizando, ainda mais, o adversário e o público que o empurrava para a vitória.

 

O nacionalista Miguel Vasconcelos

O incompreendido Miguel de Vasconcelos | Blog

 

A Espanha celebrou ontem o dia da Hispanidade, na data que assinala a chegada de Cristóvão Colombo à ilha de Guanani, no arquipélago das Bahamas, em 12 de Outubro de 1492. É o "10 de Junho" deles, mas mais à "dia da raça" do que a "dia de Camões de das comunidades".

Pelo menos assim o celebra o VOX. Que reclama a anexação de Portugal e um império com todas as antigas possessões ultramarinas espanholas e portuguesas, com capital em Madrid.

A anexação de Portugal nunca deixou de ser o sonho da direita fascista e franquista espanhola, pelo que não é esta celebração do VOX que surpreende. Até porque nem é a primeira vez que o faz. Nem será a última. Ia dizer que o que surpreende é a vassalagem que o André Ventura lá foi prestar no passado fim de semana. Mas também não, não surpreende nada nem ninguém. Também não foi a primeira vez. Até nas questões mais básicas Ventura é tudo e exactamente o seu contrário.

Nacionalista, patriota e Miguel Vasconcelos, tudo na mesma personagem. Como um fantoche.

 

 

Campeões

Campeões!

Portugal é campeão do mundo de futsal, juntando o título mundial ao da Europa, conquistado em 2018. Acabou de vencer, por 2-1, a Argentina, detentor do título, na final deste Mundial, disputado na Lituânia.

Depois do primeiro lugar fase de grupos, em que empatou com a selecção de Marrocos, teve sempre de jogar o prolongamento para seguir em frente. Nos oitavos de final, com a Sérvia, nos quartos, com a Espanha, e nas meias finais, com o Cazaquistão, onde teve mesmo de passar pelo desempate nos penaltis para chegar pela primeira vez a uma final do campeonato do mundo. Hoje tudo se resolveu mais cedo, que não com menos sofrimento.

No seu último mundial, Ricardinho - o melhor de sempre na História da modalidade - foi eleito o melhor jogador. E Pany Varela o segundo melhor. Os dois melhores jogadores da competição são de Portugal.

Selecção em liberdade

 

A selecção logrou finalmente um jogo bem conseguido, hoje em Baku, com um expressivo 3-0, ainda assim longe da expressão que o resultado poderia ter atingido.
 
É certo que o adversário pertence ao lote dos mais fracos do grupo, e mesmo do futebol europeu. Mas também os dos dois últimos jogos - Irlanda e Qatar - eram desse nível, e esta era a mesma equipa do mesmo Azerbaijão que há uns meses jogou em Portugal, na abertura desta fase de apuramento. E quer nesse primeiro jogo, quer nestes destes dois últimos, com o Europeu pelo meio, e foi o que vimos. Não foi, por isso, pela reduzida qualidade do adversário que a equipa nacional melhorou da deplorável qualidade dos últimos tempos. Terá de se procurar outras razões.
 
Há dois factos que poderão ajudar as encontrá-las: hoje, o fraco Azerbaijão, não jogou como normalmente jogam estas equipas mais fracas e, principalmente depois de sofrer o primeiro golo, procurou jogar o jogo pelo jogo, e deu espaços à equipa portuguesa que normalmente estes adversários não concedem; e hoje não jogou Cristiano Ronaldo.
 
Com espaço, e sem Cristiano, esta equipa é outra coisa. Sabemo-lo há muito, porque qualidade é coisa que não falta a estes jogadores. Nem precisam de treinador, nem o treinador consegue estragar!
 
Não é a primeira vez que isto acontece. Para encontrarmos exibições convincentes da selecção nacional vamos ter que procurar jogos em que "o melhor do mundo" não marque presença. E encontramo-las lá para aqueles meses que se sucederam ao Mundial da Rússia, em 2018, na fase de apuramento para a final four da Liga das Nações, que viria a conquistar, como nos lembramos, já com Ronaldo.
 
É injusto para Cristiano Ronaldo? É!
 
Mas, como dizia o outro, "é a vida"... Como "é a vida", e se calhar também injusto, que Cristiano seja enaltecido por resolver os problemas da selecção, sem nunca ser referido que também os cria. Parece-me que na actual realidade, CR 7 resolve muitas vezes os problemas que cria na selecção, e nunca os problemas os problemas da selecção.
 
Não estou a esquecer, como comecei por referir, o espaço que os jogadores azeris concederam, ao não se fecharem lá atrás. Mas que a forma como jogaram todos os portugueses, a qualidade que todos puseram em campo, não tem nada a ver com o que se tem visto, é uma verdade insofismável. Bom, e se falarmos de Bruno Fernandes... 
 
Todos nos interrogamos como é que o fantástico jogador do United não passa(va) de uma nulidade ao serviço da selecção. Parece que hoje deu a resposta. Tão clara que levanta outra interrogação: o que irá acontecer agora em Old Traford?
 
Todos, não foi apenas o Bruno, estiveram a um nível que há muito se não via na selecção. E até o Bernardo marcou. E que golo fantástico! 
 
Apenas Diogo Jota, mesmo assim bem melhor que nos últimos jogos, não esteve ao seu melhor nível. Se tivesse estado teria acrescentado mais um ou dois golos ao que marcou. E, dos que entraram pelas substituições, apenas o miúdo Nuno Mendes não entrou bem. Não será certamente pelo que jogou hoje, e no último jogo com o Qatar, que os responsáveis PSG cumprirão o "acordo de cavalheiros" da cláusula de compra. É que, com a pandemia, já nem há apertos de mão! 

Côrte, burgueses e milagres

Portugal consegue reviravolta frente à Irlanda com 'bis' de Ronaldo em cima do fim

Este jogo de hoje no Algarve, na quarta jornada do torneio de apuramento para o mundial do Qatar, no próximo ano, com a fraquinha selecção irlandesa, disse muito do que é a actual selecção nacional de futebol. A equipa das quinas salvou-se de um desaire comprometedor quase por milagre, numa reviravolta já inesperada, com os dois golos de Cristiano Ronaldo que ditaram a vitória a chegarem quando já ninguém os esperava.
 
Na realidade os irlandeses só não mereceram ganhar porque quem faz o anti-jogo que eles fizeram na segunda parte, não pode nunca merecer ganhar um jogo. Mas quem joga como a equipa nacional o fez, também não!
 
Na primeira parte a selecção nacional foi uma corte que, em vez de nobres, era constituída por burgueses. A corte de Cristiano Ronaldo, que a equipa voltou a ser, foi ocupada por jogadores aburguesados, de uma nobreza falida. Parece que só havia um objectivo, o tal que tomou conta da equipa de Fernando Santos de há uns tempos a esta parte - levar Cristiano Ronaldo a bater o já igualado recorde de melhor marcador de selecções!
 
A coisa até começou bem, nesse aspecto. Logo aos 8 minutos o árbitro assinalou, e confirmou, depois de convidado pelo VAR, um penalti, oportunidade que "o melhor do mundo" recebeu com visível ansiedade. E perturbação, fosse pela demora na sua confirmação, fosse pelas provocações a que foi sujeito e a que reagiu mal. Permitiu a defesa ao miúdo de 19 anos que estava na baliza da Irlanda - e que acabaria a fazer uma enorme exibição - e nunca mais em toda a primeira parte se libertou dessa perturbação. Foi sempre um jogador a menos na equipa, que apenas pôde contar com Diogo Jota. E Palhinha, mais ninguém!
 
Tudo o resto eram burgueses à espera que alguma coisa lhes caísse do céu. E ao minuto 45, em cima do intervalo, num canto, os irlandeses marcaram. Sem surpresa, de resto. A produção da equipa nacional tinha-se ficado por um remate de Diogo Jota, ao poste. No período de compensação, Jota ainda rematou para o único deslise do jovem guarda-redes Gavin Bazuru, que emendou de imediato e evitou o frango.
 
Para a segunda parte a equipa entrou com André Silva no lugar de Rafa, e isso fez bem … a Ronaldo. Ocupou um espaço na superpovoada área irlandesa, e isso libertou mais o capitão da selecção nacional, mais libertado também da frustração do penalti falhado, e porventura mais convencido que era mais importante ganhar este jogo que marcar, ele, o tal golo.
 
Paralelamente, os burgueses começaram a perceber que do céu não cairia nada, e a fazer alguma coisa pela vida. Ainda assim muito menos do que faziam os da Irlanda, todos dentro da sua área. Ou no chão, sempre que podiam. E como nunca víramos uma equipa britânica fazer.
 
Jogar bem, é que não. A bola circulava mais pelos jogadores portugueses, é certo. Com João Mário (na vez de Bruno Fernandes) e Moutinho (na do esgotado Palhinha) passou a circular melhor. Mas sempre para o lado e para trás, como gosta Fernando Santos. E cruzamentos e mais cruzamentos, invariavelmente anulados pelos dez ou onze irlandeses dentro da área, sempre de frente para a bola. Apenas por duas vezes a bola foi cruzada da linha de fundo. Na segunda, aos 90 minutos, levada pelo Gonçalo Guedes (que substituíra João Cancelo) deu no golo do empate.
 
Um golo naturalmente muito festejado. Por tudo, também por ser o do empate. Depois dos festejos a bola foi ao centro, mas foram os irlandeses a reagir. Só não marcaram de imediato … por milagre. E ensaiaram até passar a defender muito alto, mesmo em cima da área de Rui Patrício. Tudo ao contrário do que teria de acontecer. Mas havia outro milagre para acontecer, ao sexto dos 5 minutos de compensação, na última jogada da partida, quando Ronaldo voltou a cabecear - como só ele consegue - aquela bola centrada por João Mário.
 
Claro que foi Cristiano Ronaldo que resolveu este jogo. Esse é um facto. Mais ninguém poderia marcar aqueles dois golos. Poderá dizer-se que resolveu os problemas que criou, e que, sem ele, talvez fossem criadas outras oportunidades, e marcados outros golos. Mas isso já não é factual.
 
Facto é também que cada vez ganha mais forma a ideia que a selecção nacional tem no seu seleccionador o principal problema. E com ele, fazendo dois em um, o de Cristiano Ronaldo. Por muito injusto que isso seja, e por muito difícil que seja hoje de dizer!

Euro 2020 - O adeus português, no jogo de xadrez

 

Acabou-se o Euro 2020 para a selecção de Portugal!
 
Em Sevilha, onde era para nos deslocarmos em massa, a despedida portuguesa fez-se de dois jogos O primeiro, nos primeiros 45 minutos, foi de xadrez, tão ao gosto de Fernando Santos. O jogo de xadrez foi muito pouco interessante, aquilo foi pouco mais que trocar peões por peões, sem atar nem desatar. Até que quando aquilo já estava a ser demasiado maçador, a ver-se que não se saía dali, em cima do final veio o cheque-mate da Bélgica.
 
Terminado o jogo de xadrez teria que se passar ao jogo da bola. Perdido o jogo de xadrez, tinha de se ganhar o jogo da bola. Não seria fácil, até porque dizem os donos do jogo que a selecção belga é a melhor, a número um. 
 
Foi mais interessante o joga da bola que o de xadrez. Mas não foi bem jogado. A selecção nacional está muito virada para o xadrez, e tem alguma dificuldade em jogar à bola, mesmo tendo muita a gente a saber fazê-lo bem. Mas é assim, e já há muito que sabemos que é assim.
 
Claro que se poderá dizer que não merecíamos ter perdido o jogo de xadrez, e que merecíamos  ter ganho o da bola. Naquilo que são as estatísticas demos uma cabazada à Bélgica. Em remates, em remates enquadrados, em cantos… Até em posse de bola. A Bélgica fez apenas um remate à baliza - por acaso, ou talvez não, quando a selecção portuguesa jogava xadrez -, e Portugal até teve um remate ao poste. O que, como se sabe, é muito bom para a catarse nacional - foi azar. Ou, na melhor das hipóteses, foi uma questão de eficácia.
 
Talvez não tenha sido assim. Talvez tenha sido o castigo merecido para quem prefere o jogo de xadrez ao da bola. Quem aposta tudo no xadrez depois não consegue jogar à bola. Os jogadores desgastam-se a jogar xadrez, e quando querem jogar à bola já não conseguem.
 
Não. Portugal não jogou bem. Dos 24 remates (Fernando Santos já diz que foram 29) apenas três são dignos desse nome. E jogadas bem construídas, realmente passíveis de acabar em golo … não me lembro. Mas deve ser da minha memória.
 
Nem vale a pena falar das opções de Fernando Santos. Nem perguntar se João Cancelo não poderia até estar já hoje em condições de jogar, sem termos de levar com o Dalot. Vale a pena é perguntar por quanto mais tempo se vai continuar a desperdiçar o talento da actual geração de jogadores portugueses.
 
"Isto é futebol", diz Fernando Santos. Não é, não!

Euro 2020 - Lá vamos para os oitavos

Uf… Acabou!
 
E acabou até da forma mais expectável, com a selecção nacional a apurar-se no terceiro lugar do grupo F, que por pouco não foi H, de Hungria.
 
Durante o jogo, ao longo dos 90 minutos, a selecção passou por todos os lugares da tabela. Foi primeiro, foi segundo, foi terceiro e foi último. O "uf" veio daí. A emoção veio deste carrossel, muito mais do que do jogo. Que nem foi um grande jogo. 
 
Os primeiros 10 minutos do jogo foram uma espécie de pacto de não agressão. Como os últimos 10, com o cessar fogo a ser violado por Koman, a acabar numa coisa muito mais parecida com um penalti (Bruno Fernandes) do que aquele assinalado a Nelson Semedo, sobre Mbappé. 
 
Só a partir desses 10 minutos iniciais o jogo começou verdadeiramente. Com a selecção portuguesa, sem William e sem Bruno Fernandes, e com João Moutinho e Renato Sanches, naquele registo habitual de Fernando Santos, a tentar segurar a bola e fugir com o rabo à seringa da França. Depois veio o penalti, naquela saída a soco de Lloris à cabeça de Danilo, e o golo de Cristiano Ronaldo.
 
Portugal estava outra vez a ganhar, como tinha acontecido na Alemanha, estava na frente do grupo, e estava confortável naquele registo de Fernando Santos. O golo caiu mal aos franceses, andaram por ali meio perdidos e começaram a acumular amarelos. Outra ambição e outro futebol teriam tirado proveito da situação, mas não é esse o padrão, e o jogo português não encostou os franceses às cordas.
 
Já em período de descontos para o intervalo veio o tal penalti que não foi assim tão penalti, e a França empatou. E logo no início da segunda parte Benzema, que marcara o penalti, bisou. Parecia um daqueles foras de jogo, de tal forma que o "liner" até o assinalou. O VAR não, e lá estávamos outra vez a perder. E, com o que se passava em Munique, em último lugar. 
 
Ao fechar o primeiro quarto de hora lá caiu do céu mais um penalti, para novo golo de Cristiano Ronaldo a fechar o resultado. E a deixar a selecção portuguesa no segundo lugar, de que sairia já perto do fim, quando em Munique copiaram o resultado de Budapeste.
 
O empate e o apuramento para os oitavos de final são boas notícias. Mas tudo o resto são más. A equipa continua a jogar muito pouco, e não criou - nem digo uma oportunidade de golo, nem sequer pregou um susto aos franceses - uma jogada com princípio, meio e fim. E, nos minutos finais, quando empatar ou perder ia dar no mesmo, mas ganhar era em tudo diferente, foi confrangedor ver a equipa a abdicar dessa ambição.
 
Cristiano Ronaldo chegou àquilo que procurava, os 109 golos do tal iraniano. E aos 5 na competição. Mas fez o pior dos três jogos. E em boa verdade só a exibição de Renato Sanches sobressaiu. Rui Patrício salvou o empate com duas grandes defesas. Aquela ao remate de Pogba entra para o topo do álbum das melhores defesas deste Europeu. Os centrais estiveram bem, mesmo que cada um com uma falha comprometedora. Primeiro de Pepe, logo aos 13 minutos de jogo, com Rui Patrício a defender o remate de Mbappé. Depois, Rúben Dias, no golo da reviravolta de Benzema. 
 
Mas o problema não são as individualidades. Bem Fernando Santos pode mudar, como fez hoje, com uma larga série de estreias. Estreias a titular de João Moutinho e de Renato Sanches. E absolutas de Palhinha, Rúben Neves, Sérgio Oliveira e Dallot. O problema é mesmo a falta de qualidade de jogo.
 
E pronto, agora vem a Bélgica. E poderia ser a Suíça, que certamente deixaria melhores perspectivas. Mas essa fica para a França!

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