Do Natal ao Ano Novo vão apenas oito dias
O Presidente da República inicou a sua mensagem - ou será discurso? - de Ano Novo por onde o primeiro ministro, oito dias antes, havia terminado a sua, ou o seu, de Natal. António Costa sabia que não tinha opção - tinha mesmo de começar pelo parte amarga do ano, e só depois se poderia virar para a saborosa. Marcelo podia começar por onde quisesse, e começou mesmo pelo cor-de-rosa. Só depois chegou ao negro e, na sequência disso, ao único ponto - e que ponto! - que verdadeiramente distingue o seu discurso do de António Costa: o Estado. Para que serve, e ao serviço de quem deve estar!
E disse que o Estado existe para nos servir os cidadãos, assegurando-lhes os direitos fundamentais. É isso, e apenas isso, que justifica a sua existência, e não a satisfação de interesses particulares, corporativos, sindicais ou partidários.
Bem dito, sem dúvida. A sugerir que vem aí o veto à escabrosa lei do financiamento dos partidos. Ou a lembrar-nos que, horas antes, à saída do hospital, identificara o Serviço Nacional de Saúde como a grande conquista da democracia. O mesmo Serviço Nacional de Saúde que não quis, ao votar em 1979, então deputado do PPD, contra a respectiva lei de bases.
O discurso (dos) político(s) é também isto!