Dramático
As eleiçõs no PSD já lá vão, Rui Rio é o novo patrão, e agora o tema é a liderança parlamentar. A questão é se deve ser Hugo Soares, a incrível escolha de Passos já em agonia, a demitir-se ou se isso deverá ser tarefa de Rui Rio e, como já se viu, há opções para todos os gostos.
Mas nisto de eleições nos principais partidos a minha preocupação é outra, como por aqui tenho vinda a manifestar. Mais que a batota descarada que sempre domina estes acontecimentos, preocupa-me a naturalidade com que a olham, quando a olham.
As escolhas nos dois principais partidos do regime, agora feitas por via eleitoral convencional, são mais que simples eleições partidárias. São as primárias das eleições legislativas. É nelas que se decide quem os portugueses irão depois sufragar, ratificar, para governar o país. Por isso, e já que não podem ser abrangidas pelo volto universal, que sejam ao menos justas, isentas e livres. Sem batota!
Não são. Nunca são, e isso não preocupa ninguém.
Sabe-se que no último dia foram pagas quotas de 20 mil militantes. Sabe-se, contou-o o Expresso (vale a pena ler), que em Ovar, cuja câmara municipal é presidida pelo director de campanha de Rui Rio, a batota atingiu formas verdadeiramente escandalosas como, entre outras, a casa com 17 militantes do partido, onde apenas viivem oito pessoas, de nomes completamente diferentes, e que nem sequer sabiam destas eleições; ou a casa que não existe, mas que é residência de outros oito votantes.
Dir-se-á que não bate certo com a imagem de Rio. Que está em contra mão com o rigor, a ética e a seriedade que apregoa. É verdade, mas só prova que nada ninguém na política portuguesa está acima da batota. E isso é dramático!