Sem glória, e também sem brilho...
Contra todas as expectativas, no jogo de despedida do campeonato, com a Luz longe daquilo que foi durante toda a época, o Benfica assegurou o segundo lugar. O tal que se diz que não é o primeiro dos últimos porque dá acesso à Champions, agora com mais milhões. Mas também de mais difícil acesso, porque há ainda que ultrapassar dois adversários.
Contra as expectativas mas não contra a realidade da competição, se bem que contra a realidade deste jogo.
Na realidade o Benfica foi melhor que o Sporting ao longo do campeonato (mais 17 golos marcados e menos 2 sofridos) e foi também melhor nos jogos disputados entre si. Foi melhor - muitíssimo melhor - no empate a um da Luz, em Janeiro, e voltou a ser melhor no empate a zero de Alvalade, há uma semana. Só uma absurda regra de desempate para uma prova deste género, em mais uma originalidade o futebol cá do burgo dava, em caso de empate pontual, vantagem ao Sporting pelo golo marcado na Luz. E não se esperava nada que os de Alvalade desperdiçassem essa vantagem, deixando de ganhar ao Marítimo, no Funchal!
Mas na realidade o Sporting perdeu, contra todas as expectativas. Todas, não: o presidente do clube alimentava secretamente essa esperança!
O Benfica teria pois de ganhar o seu jogo de hoje com o Moreirense, e esperar uma ajuda do Marítimo. No que sempre pareceu que os jogadores do Benfica não acreditaram muito. Só pode ser essa a explicação para terem jogado tão pouco!
À medida que o jogo ia avançando mais claro isso ficava. Até não entraram mal de todo, e na primeira metade da primeira parte conveceram-nos que podiam jogar para ganhar o jogo. A velocidade era pouca, e a intensidade ainda menor, mas com o Moreirense lá encostadinho atrás ... podia ser que sim. As três únicas iniciativas, daquelas que tinham a chave do jogo, aconteceram nessa primeira metade - uma em trocas de bola rápidas e de primeira, outra num desiquilíbrio individual e a última num remate de fora da área - aconteceram nesse período. Deram nas três oportunidades de golo do Benfica, e deram para mostrar que teria de ser por ali.
Mas parece que ninguém percebeu isso. Esperava-se que o intervalo fosse aproveitado para treinador e jogadores perceberem que teriam de repetir e alternar aquelas três opções até à exaustão. Mas não foi. Ou, se foi, os jogadores esqueceram-se disso naquele tempo todo que ficaram ali à espera que a partida recomeçasse...
Valeu que, 5 minutos depois de finalmente ter começado a segunda parte, caiu do céu um penalti - claro e indiscutível, mas primário - que Jonas, finalmente regressado, transformou no golo único do desafio. Porque, depois, a intranquilidade regressou em todo o seu esplendor, e o futebol dos últimos tempos do Benfica de Rui Vitória, feito de passes para o guarda-redes e de pontapés para a frente, instalou-se na sua plenitude.
E foi assim, com o coração nas mãos e o credo na boca, que se chegou ao fim do jogo. E nem foi preciso que o Moreirense criasse uma oportunidade de golo. Ou que fizesse sequer um remate para o Varela defender. Bastava ver o desacerto generalizado dos jogadores, cada um pior que o outro.
Simplesmente miserável. Uma miséria tão grande que apaga qualquer brilho que o segundo lugar possa acabar por ter, numa época absolutamente lamentável.