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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Uma questão de futuro político

Por Eduardo Louro

 

António José Seguro surpreendeu muita gente ao demitir-se sucessivamente de todos os cargos políticos que ocupava. Começou por se demitir do Conselho de Estado e a acabou a abandonar o lugar de deputado que ocupava na Assembleia da República e anunciar que ficaria de fora, no próximo Congresso do partido. Que iria regressar à Universidade, disse…

Ora isto quer dizer que Seguro acredita que tem futuro político. Poderia parecer que, quem como ele nunca fez mais nada que política, nas actuais circunstâncias, optasse por se sentar na última fila da bancada parlamentar à espera das próximas eleições e da generosidade do novo líder. É por acreditar que não está acabado para a política, é – creio eu – mais por ambição que por dignidade e sentido ético, que Seguro optou por se afastar desta maneira. É porque sabe que só assim poderá marcar um lugar para o futuro!

Seguro acredita que sobrevive a António Costa, ao contrário de Passos Coelho. Que não só não acredita que lhe sobreviva como não acredita que tenha qualquer futuro político.

Só assim se percebe que mantenha no governo a incompetência que tomou conta dos ministérios da Justiça e da Educação. E que, em vez de, depois do enigmático anúncio de que iria (como Seguro) voltar à Universidade, desejar boa viagem a Nuno Crato, tenha vindo a correr esclarecer que “ senhor ministro da Educação e Ciência há-de um dia regressar à sua universidade, como ele próprio disse, mas não será agora.” 

Não deixa de ser curioso que, quando António José Seguro, o seu adversário sempre dado por incompetente, mostra competência, Passos Coelho, ao mostrar que não consegue perceber que a sua obrigação não é segurar ministros, dê a sua maior prova de incompetência. Segurar Portas, há um ano e picos, não tem nada a ver com segurar qualquer ministro noutra altura qualquer. Nessa altura, para a sua estratégia, foi bom. Agora, é desastroso! 

 

Novas velhas formas de fazer política

Por Eduardo Louro

 

De golpada em golpada, de habilidade em habilidade, cada vez mais populista e cada vez mais ridículo, lá vai o Tó Zé, seguro que levará a água ao seu moinho. A sua última habilidade, o coelho que tirou da cartola – a proposta de reduzir dos actuais 230 para 181 os deputados da Assembleia da República – não é apenas a face visível do populismo em que decidiu apostar. É, para além disso, a maior evidência de que perdeu definitivamente o rumo. Não sabe onde está, nem para onde vai. Nem sequer para onde quer ir!

A redução dos deputados é, como se sabe, uma medida populista que cai bem em largas faixas do eleitorado que não estão particularmente preocupadas com o que a democracia perde com isso. Com o que se perde, com a perda de representação dos pequenos partidos, na diferença de opiniões e soluções.

Mas é, acima de tudo, uma medida que, ao reforçar ainda mais os dois principais partidos, aprofunda os problemas e os defeitos do regime esgotado justamente nesses, e por esses, dois partidos. E, francamente, não sei o que é mais desprezível: se o populismo, se o oportunismo político de António José Seguro. Que não hesita em dar o braço ao PSD para uma medida que este sempre desejou mas para a qual nunca ousou avançar.

Podia ter apresentado medidas de combate ao despesismo, tantas são as áreas com evidentes e injustificáveis excessos. Mesmo na esfera dos deputados, na Assembleia da República, como, ao que se diz, a sumptuosa cantina, as falsas ajudas de custo, ou as frotas dos grupos parlamentares. Podia falar das Fundações e Institutos que afinal, depois de tanta conversa, acabaram intocáveis. Ou nas contratações pornográficas com os escritórios de advogados, que até almoços cobram… Mas não. Tinha de seguir pela via mais vil e chamar-lhe, pasme-se, uma "nova forma de fazer politica".

Será certamente a sua "forma de fazer politica". Mas não é, longe disso, uma "nova forma de fazer politica".

 

Fica-te mal, António...

Por Eduardo Louro

 

Encerraram no final da semana as inscrições de simpatizantes nos cadernos eleitorais para as primárias do PS, com números que se não forem surpreendentes não andarão lá muito longe. As notícias indicam que tenham adquirido capacidade eleitoral cerca de 150 mil simpatizantes que, com os 90 mil militantes, constituem o universo de cerca de 240 mil portugueses que vai decidir a disputa dos Antónios. 

Depois de terem faltado quatro meses, já só faltam agora duas semanas. E o que para António Costa parecia favas contadas parece agora um rabo difícil de esfolar, o que explica bem o empurrão de quatro meses que Seguro quis dar nesta data.

Com as eleições para as Federações Distritais ficou a saber-se que, pelos militantes, Seguro ganharia. Por poucos (o resultado foi de 10 contra 9 a favor de Costa - mas pode até ser invertido porque as eleiçoes de Leiria, ganhas por Costa, foram inpugnadas e parece que serão repetidas - mas o somatório geral de votos foi favorável a Seguro), mas ganharia, o que parece confirmar a tese do domínio do aparelho. A ideia que paira é que Costa ganhará no universo dos simpatizantes, mas é só isso: uma ideia que anda no ar. 

Mesmo que não pareça em causa a convicção generalizada de que Costa virá a ganhar, é hoje praticamente aceite que resultado será muito mais apertado do que o que se previa. Seguro conquistou espaço nestes meses porque foi picado, e depois de picado passou a revelar uma energia e uma acutilãncia que ninguém lhe reconheceu na oposição ao governo que, curiosamente, continuou a não fazer sem que por isso fosse penalizado. Mas, acima de tudo, Seguro ganhou com uma estratégia dual de vitimização e sacanice. Vestindo sistematicamente a pele de vítima, Seguro conquistou os corações mais sensíveis, nem que para isso tivesse e de lançar mão do seu lado mais sacana que, por sua vez, cativa ainda as mentes mais preversas. Para ilustrar esta estratégia nada melhor que o filme que acaba de fazer chegar à campanha: ele, coitadinho, planta e cuida com todo carinho um cravo que cresce, vermelho e lindo, para o vilão Costa chegar e abusivamente cortar e pôr ao peito. É de sacana!

Costa, por si, mas especialmente pelas companhias, também lhe deu um impulso significtativo, que só não será decisivo porque é atenuado pela crónica memória curta dos portugueses. É que, em cada sessão de campanha, lá estão as câmaras, impiedosas, a mostrar o que de pior o PS tem. Fosse outra a memória das pessoas e aquelas caras, de que há apenas quatro anos toda a gente se queria ver livre, bastariam para enterrar de uma só vez as aspirações todas de António Costa.

Como se ouvíssemos Seguro: fica-te mal António... fica-te mal teres essa gente ao teu lado!

 

PS: Os tribunais, mesmo sem Citius, também não estão a ajudar muito.

Serviços mínimos

Por Eduardo Louro

Costa: "Grande parte do nosso eleitorado ficou órfão"

 

Afinal o pé conteve-se um pouco, e não voltou a fugir assim tanto para o chinelo. E a roupa suja desta vez ficou em casa...

Fez bem António José Seguro em arrepiar caminho. E em emendar a mão e segurar o pé... E fez bem António Costa em preparar-se um bocadinho, depois de perceber que a coisa ontem não tinha mesmo corrido bem...

Não deu para ficarmos exactamente descansados. Ninguém, no seu perfeito juízo, pode ter ficado convencido que o país têm ali quem lhe resolva os problemas, mas - verdade seja dita - também não ficou mais desiludido do que já estava. Como as coisas estão, serviços mínimos, já não é mau de todo..

As primárias no PS

Por Eduardo Louro

 

Aproximam-se finalmente as eleições primárias do PS, uma inovação no panorama partidário nacional que, mesmo que menos entusiasmante do que à partida poderia parecer, não deixará de, mais tarde ou mais cedo, vir a alargar-se a outros partidos. De resto, razões de entusiasmo, à entrada daquilo a que se poderá chamar o período oficial de campanha, quando se multiplicam entrevistas aos dois candidatos e se vão iniciar os debates televisivos – onde, confesso, temo o pior – é coisa que não abunda por aí.

O que se está a passar no PS interessa, e muito, ao país, não fosse este um partido estruturante da democracia portuguesa, com uma contribuição decisiva para o que é hoje o país. Esteve no melhor, mas também no pior destes 40 anos de democracia, e só uma revolução, um verdadeiro furacão, o afastará do centro das decisões do país.

Passa por um período difícil, porque difícil foi também a situação em que Sócrates o deixou. Sócrates não deixou apenas o país atolado em dificuldades, deixou também o partido em estado comatoso, despido de identidade e arrebatado por teias de interesses, na maioria dos casos ilegítimos. Nessas circunstâncias, e nas do país, ao PS não estaria reservada uma simples cura de oposição, mas uma longa e dolorosa travessia do deserto, à procura do poder perdido mas especialmente da regeneração.

Era, teria de ser, esta a missão de quem sucedesse a Sócrates. Não era seguro que fosse Seguro o líder certo: faltava-lhe dimensão e estatuto moral para isso, até pelo caminho que escolheu para chegar ao poder: sempre escondido atrás dos arbustos, sem assumir convicções, e manipulando peça a peça um aparelho cujo funcionamento desde a juventude conhecia bem. E não foi!

Ao longo destes três anos Seguro foi apenas a confirmação de tudo isso, sem rompimentos de qualquer ordem, preferindo sempre o compromisso à frontalidade do confronto, arrastando sem resolver, sem chama, sem capacidade de liderança, sem carisma. Em suma – sem competências de mobilização. Com tudo isto, e com o pecado original da aprovação do Tratado Orçamental – o seu maior erro político, logo a abrir – a Seguro era impossível sequer fazer oposição, quanto mais regenerar o partido.

Pensou que, como fizera para ganhar o partido, para chegar ao poder lhe bastaria manter-se quieto. Que não teria que fazer nada, que o determinismo da alternância faria tudo. Por isso nunca deixará de ver no desafio de António Costa – que julgava atado à sua estratégia de compromisso – outra coisa que traição, mesmo que tenha percebido que todos percebemos que foi o seu desempenho que empurrou as ambições de António Costa para uma decisão que, perante o partido, mas também perante o país, não poderia mais adiar.

Foi certamente por isso que tratou de empurrar o calendário para a frente. Quatro meses depois já pouca gente se lembraria das reais circunstâncias que determinaram a disputa da liderança. Seriam mais quatro meses em que não faria oposição – agora com justificação – mas faria de vítima, no que é verdadeiramente especialista. E sempre lhe poderia dar tempo para – quem sabe? - tirar algum coelho da cartola, como porventura a separação entre política e negócios…

Não é novidade nenhuma que António Costa não se demarcou, antes pelo contrário, da chamada tralha socrática. Dificilmente, por isso e por outras razões, poderá regenerar o partido, mas será certamente ele a devolver-lhe o poder. Percebe-se por isso o entusiasmo das hostes socialistas, como se percebe, até pela reduzida adesão às inscrições nos cadernos eleitorais, que os portugueses não vêm razões para grandes entusiasmos. António Costa será capaz de promover a alternância, mas isso já não basta. Isso é deixar tudo na mesma, são apenas outros a fazer a mesma coisa, mesmo que às vezes por caminhos diferentes…

 

 

Gente Extraordinária XLVII

Por Eduardo Louro

 

 

António José Seguro não pára de surpreender. Vejam lá que agora acabou por descobrir que António Costa não será candidato nas próximas presidenciais…

Quem diria?

Só gente extraordinária como este Tó Zé conseguiria nesta altura perceber que o António Costa não está, por agora, para aí virado. De resto, numa dedução só ao alcance de uma mente brilhante: se apoia Guterres para as presidenciais, provavelmente não estará ele próprio interessado nessa corrida…

Debate (televisivo) no PS

Por Eduardo Louro

 

António Costa não alinha nisso dos debates televisivos, o que até já levou gente de Seguro a avançar com uma petição pública...

Percebe-se tão bem que o António Costa não queira dar para esse peditório, como se percebe os que o fazem. E ao perceber isso, percebe-se quem é quem…

O que não se percebe é por que raio aceita que figurinhas secundárias – e terciárias e quaternárias… – se prestem ao que ele próprio recusa… E que não perceba que o resultado é o mesmo, como se vai vendo pelos tristes espectáculos que vão deixando por essas televisões fora!

Última hora: confirma-se a pulhice

Por Eduardo Louro

 

Nada de novo na reunião da comissão política do PS. Confirma-se a pulhice: Seguro acaba de apresentar a proposta para realizar as primárias em 28 de Setembro ou 5 de Outubro!

Vista esta proposta, mesmo que apresentada à noite, à luz do dia de hoje, quer dizer, tendo em consideração o que está na ordem do dia, dir-se-ia que é uma irresponsabilidade. Que Seguro é um irresponsável!

É verdade que sim, mas é também a confirmação da pulhice. Não sei se todos os pulhas são irresponsáveis. Seguro pode não ser, mas está um pulha irresponsável!

Escola rima com cartola

Por Eduardo Louro

 

 

Se alguém tinha dúvidas que Passos e Seguro têm a mesma escola, que são farinha do mesmo saco, perdeu-as: acossado, Seguro sacou da cartola as primárias – a que sempre se opusera, queimando um importante instrumento democrático – apenas para empurrar para a frente um problema que não quis enfrentar; Passos, pela mesma razão, sacou da cartola uma figura que não existe, e inventou-lhe o nome de aclaração.

Acresce que ambos têm exactamente o mesmo objectivo: chegarem juntinhos às eleições. Que, pelo interesse comum agora invertido, querem ambos antecipar.

Afinal não partilharam apenas o trajecto. Partilham também destino… 

Habituem-se...

Por Eduardo Louro

 

 

Habituem-se porque isto mudou!

Com este sound byte roubado a António Vitorino – da sua lavra o melhor fica-se pela pressa – Seguro pretendeu engrossar a voz, dar o murro na mesa e arregaçar as mangas. Mostrar que saíra de vez de trás dos arbustos

Mas não conseguiu mais que mostrar de vez a massa de que é feito – uma massa mole, líquida, peganhosa e desprezível. Um molusco em vez de gente!

Sabíamos que, com esta geração que actualmente lidera os partidos da governação, a política tinha chegado ao grau zero. A combinação perfeita entre a mediocridade e a pulhice só podia dar no que deu!

Tínhamos de António José Seguro a ideia que seria eventualmente mais medíocre ainda que Pedro Passos Coelho mas, com aquele ar de sacristia, de quem não parte um prato, julgávamo-lo menos pulha. Puro engano, revelou-se a pulhice em pessoa!

Perante porventura o maior desafio jamais colocado ao partido que lidera, e perante o primeiro teste à sua maturidade e à sua dignidade pessoal e política, pegou na bola e levou-a para casa, deixando o jogo suspenso. E o partido – e também o país – na indefinição, no pântano… E a caminho de um buraco fundo donde dificilmente voltará a sair!

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