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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Só duas coisas *

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O tema para esta semana é incontornável: o desaparecimento de Mário Soares. Incontornável e inesgotável: nunca tudo terá sido dito sobre uma personalidade que tanto marcou a História contemporânea de Portugal.

Mesmo que nem tudo esteja, nem pudesse estar dito, até porque nunca se pode olhar para a História de perto – a distância é um instrumento indispensável para a análise histórica – não vou dizer nada de novo sobre Mário Soares, sobre a sua importância para aquilo que é hoje Portugal, sobre o seu legado. Porque não seria provavelmente capaz de dizer nada de novo, nada que não tivesse sido dito e redito, mas porque também não é nada disso que quero dizer.

O que quero dizer, a propósito não de Mário Soares, mas da sua morte, são apenas duas coisas: uma de congratulação, a outra, nas antípodas, de repúdio.

Na primeira para me congratular pela dignidade das cerimónias fúnebres, como foi honrada a sua memória, e como o povo saiu à rua para lhe prestar a sua última homenagem, que nem os habituais excessos televisivos ensombraram.

Na segunda para repudiar o ódio destilado pelas redes sociais por gente escondida atrás do anonimato, a que dificilmente poderemos deixar de chamar energúmenos. Não são apenas ignorantes. São intolerantes, que não odeiam apenas Mário Soares, odeiam a liberdade e a democracia. Não sabem nada de História, nem querem saber. Não distinguem a verdade da mentira, apenas lhes interessa o que lhes convém. Não sabem olhar para a frente, só para trás.

Lembro-me de um programa televisivo, em que a Clara Ferreira Alves ia falando com Mário Soares: “o caminho faz-se caminhando”, assim se chamava. É verdade: o caminho faz-se caminhando. Mas só caminha quem quer. E esses não querem. Nunca caminham. Não saem do mesmo sítio e nunca chegarão a lado nenhum!

 

* Da minha crónica de hoje na Rádio Cister

Portugal todo numa só fotografia

 

No dia em que nos despedimos de Mário Soares, o Pedro Santos Guerreiro deu-me a dica para esta fotografia do Rui Ochoa e do Expresso, onde cabe todo um país que é o nosso. Não por Mário Soares ser a última destas figuras maiores de Portugal a partir. Nem por, muito provavelmente, se vir a juntar-se-lhes no Panteão Nacional. 

Por muito mais do que tudo isso. É toda uma simbologia que retrata Portugal. No melhor, porque são do melhor que Portugal teve. E porque, enquanto mostra a gigantesca ponte com que Mário Soares uniu o país, esconde tudo o que de pior o país é capaz de fazer aos seus melhores... 

Mário Soares (1924-2017)

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Morreu Mário Soares, um dos nomes maiores da História de Portugal do século XX. Esteve, como mais ninguém, no centro de todas as encruzilhadas em que a História colocou o país ao logo de toda a sua vida.

Mas nem isso fez dele uma figura consensual entre os portugueses. Esteve sempre longe de congregar a unanimidade. Uns odeiam-no mesmo, como ficou nítido nestes últimos dias da sua vida. Mas quando suscitou ódios teve sempre a razão da História do seu lado: os que o odiaram, odiaram e odeiam a liberdade e a democracia. Outros, sem o odiar, não são capazes de o perdoar. Uns não lhe perdoam ter metido o socialismo na gaveta. Outros não lhe perdoam que, já na parte final da sua carreira política, o tenha desesperadamente procurado encontrar, se calhar procurando na gaveta errada.

Ninguém lhe é indiferente e são muitos os que o amam e tudo lhe perdoam. Como merece alguém que marcou o país como Mário Soares!

 

Só faltava esta: "Sócrates tem direito a violar a lei para se defender"!

Por Eduardo Louro

 

 

Sabíamos que Sócrates não se pouparia ao que fosse para virar as coisas a seu favor. Não olharia agora, como de resto nunca olhou, a meios para atingir os seus fins. Há quem chame a isto determinação, mas eu prefiro chamar-lhe falta de vergonha!

O que não sabíamos é que, para além da conhecida guarda pretoriana de Sócrates, dos Santos Silvas deste mundo (aproveito para tirar o chapéu a Pedro Silva Pereira, a quem, depois de, de imediato, expressar o seu “sentimento de profunda tristeza”, não se ouviu nem mais uma palavra) seriam tantos a integrar-se nas suas fileiras, com a mesma – e talvez mesmo maior – falta de vergonha. Mário Soares já passou todos os limites, incluindo o da inimputabilidade. A Mário Soares tudo se desculpava, e nos últimos tempos ainda mais se desculpava, porque a idade, ao contrário de nós, comuns mortais, não perdoa. Só que as chocantes figuras a que se tem prestado, completamente despojadas de equilíbrio e senso, remetem-no para o domínio do absurdo – ou mesmo da insanidade mental – e do total descrédito, como acontece com um das seus últimos escritos, ontem no Jornal de Notícias: “Não há justiça em Portugal infelizmente e o Presidente da República, que devia ser responsável por Portugal, nunca ter dito uma palavra sobre o caso Sócrates…”

Agora foi a vez de Vera jardim juntar mais uns disparates, daqueles que chocam qualquer um, ao rol imenso que por aí anda. Diz, alguém que já foi Ministro da Justiça, que "Sócrates tem direito a violar a lei para se defender".

Só faltava esta?

Se calhar não. Se calhar ainda falta aparecer um figurão qualquer a dizer que Sócrates tem não só o direito de violar a lei, como ainda o de nos obrigar a acreditar no inverosímil. Que, por exemplo, tem um amigo que lhe empresta sucessivamente dinheiro, aos milhões, para fazer face a uma vida que não pode sustentar. Que isso não seja crime, acreditamos. No que não acreditamos, se a isso não formos obrigados, é que haja amigos desses...

 

 

 

 

 

Dá pena

Por Eduardo Louro

 

Entre muitas coisas imperceptíveis, outras sem qualquer sentido e até recados para o juiz, e com ar de quem queria bater nos jornalistas todos, percebeu-se que Mário Soares, à saída da visita que fez a Sócrates esta manhã, disse que "toda a gente acredita na inocência neste país" e que "os malandros estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar!»

Não sei o que mais incomoda: se aquilo que se percebeu, se o que não deu sequer para perceber. Se o que se percebeu pode até gerar indignação, o que se não percebeu só dá pena ...

Divisão na(s) família(s)

Por Eduardo Louro

 

Que o aparelho socialista iria reagir ao avanço de Costa, já todos sabíamos. Que Seguro não estivesse disposto a entregar o piano depois de o ter carregado até aqui, também se poderia dar por certo. Que isto fosse dividir a família socialista, era inevitável. O que talvez não se esperasse é que tivesse dividido também a própria família Soares!

Curioso é que o miúdo fale de egos ...

Um vintém é um vintém...

Por Eduardo Louro

 

Ontem escrevi aqui sobre aquilo a que chamei efeitos colaterais da morte de Eusébio, a propósito das desastradas declarações de Mário Soares. Que parecem ter dado o mote para a sucessão de disparates – que só não são tiros no pé porque nesta nossa miserável classe política já ninguém tem pé - que se viram e ouviram durante o dia de ontem.

A começar de novo por Mário Soares, que logo no dia seguinte – depois de casa roubada trancas na porta – se apressou a emendar o soneto na sua coluna no DN, dedicando em exclusivo a sua crónica a Eusébio, que rapidamente passou “a um patriota excepcional que fez tanto por Portugal e por Moçambique”.

À questão do Panteão Nacional ninguém resistiu. Logo que surgiu a ideia de que o destino dos restos mortais de Eusébio não podia ser outro que não aquele, foi um ver se te avias… Todos os líderes partidários desataram a correr para ver quem era primeiro a agarrar a ideia e a levá-la à Assembleia da República. Devem ter chegado todos ao mesmo tempo…

Assunção Esteves, a Presidente da Assembleia da República, achou que era ali, na hora, em pleno velório, que deveria pronunciar-se sobre o tema que tanto entusiasmara os seus deputados, pondo alguma água na fervura. Só que, não se sabe se simplesmente em maré de azar, ou se por manifestas dificuldades próprias da sua já longa condição de reformada, não teve mão na água e aquilo saiu pior que as ondas gigantes que então assolavam a costa portuguesa. Foi o despropósito total, não podia ter sido pior. Falou do que não devia e do que não sabia, e as centenas de milhares de euros, não eram afinal mais que escassas cinco dezenas, como o seu próprio gabinete teve de vir esclarecer. As parcerias que preconizou, e o apelo ao mecenato, só econtram paralelo no seu discurso do inconseguimento!

Nem Sócrates fugiu a mais um tesourinho deprimente, contando que o seu momento Eusébio acontecera a caminho da escola (onde fizeram uma festa), enquanto decorria o mítico Portugal - Coreia do Norte, no Mundial de 66, em Inglaterra. Que aconteceu às 15 horas de sábado, 23 de Julho de 1966, em plenas férias grandes escolares…

Adapatando de Manuel Machado: Um vintém é um vintém e um mentiroso é um mentiroso. Os cretinos é que são muitos!

Um efeito colateral, também lendo os outros...

Por Eduardo Louro

 

 

Mário Soares tem sido acusado por alguma imprensa de incontensão verbal, expressão do domínio do politicamente correcto. Fora desse domínio a expressão foi substituída por senilidade, arrogância, sectarismo, e até loucura.

A direita tem sido evidentemente mais cáustica, não lhe perdoando uma, e atirando-lhe directamente ao carácter. Percebeu-se que a esquerda se dividia entre os que reconheciam que o homem tinha ficado xé-xé, a não dizer coisa com coisa, e os que, esquecendo-lhe o passado, lhe aplaudiam o regresso à esquerda, imaginando-o a tirar da gaveta umas coisas que há muitos anos lá tinha metido.    

O que para a direita era uma questão de carácter e de princípios, era para a esquerda perdoável. Perdoável pela idade ou perdoável pelo pragmatismo dos fins justificarem os meios!

Um dos efeitos colaterais da morte de Eusébio, o mais colateral de todos, não tenho dúvidas, foi acabar com esta divisão entre os portugueses. Com as suas absurdas declarações a propósito da morte de Eusébio, Mário Soares acabou com esta divisão e uniu os portugueses. Infelizmente – especialmente para ele - à volta da ideia que dele fazia a direita!

“Num mar de declarações sentidas pela perda de um dos mais marcantes e famosos portugueses do séc. XX, sobressaiu o desastre proferido por Mário Soares, que destacou Eusébio como um "homem de pouca cultura", "que só percebia de futebol" e sobre o qual "não sabia estar doente", embora "soubesse que ele bebia whiskey todos os dias, de manhã e à tarde".

"Traduzindo, para Mário Soares, Eusébio era um bruto ignorante que sabia jogar bem à bola. Era um simples e modesto como compete aos inferiores de classe, e até comia (não almoçava, nem jantava, dadas as maneiras típicas daquela classe) nuns lugares onde ele Mário Soares almoçava e jantava. Agora não passava de um bêbado. E Mário Soares achava que gente daquela estirpe tinha um resistência fisica de um toiro e como tal, whisky de manhã à noite todos os dias não haveria de lhe fazer assim mal"

E torna tudo pior que Soares insulte no meio de outras palavras menos ofensivas e supostamente simpáticas, insultando em tom de quem elogia

Hoje, mesmo que haja quem simplesmente ache, embora defenda mal - muito mal - que “Mário Soares disse o óbvio”, poucos serão os portugueses que lhe desculpam o insulto com a senilidade. Hoje, grande parte dos portugueses acha que o que disse simplesmente “mostra bem o que é o homem”. “Alguém que não consegue conceber…que exista alguém maior que ele”. De “uma snobeira execrável”!

 

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