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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

A ocasião faz o ladrão...

Por Eduardo Louro

 

A selecção nacional de futebol de sub vinte foi afastada nos quartos de final do campeonato do mundo, na Nova Zelândia, depois de na marcação de pontapés de grande penalidades (apenas converteu uma, a primeira), pelo Brasil, que aqui chegara depois de, pela mesma forma, ter afastado o Uruguai. Num jogo em que foi muito superior, e desperdiçou seis claríssimas ocasiões de golo, entre as quais uma bola que saiu depois da bater na parte interior do poste  nos quartos de final. 

A ocasião faz o ladrão...Não faz golo. E os brasileiros roubaram as legítimas esperanças que a selecção portuguesa tinha de voltar a chegar ao título, vinte e quatro anos depois. Nunca, na história da competição, uma selecção portuguesa nesta categoria fora tão superior à do Brasil. Em todos os aspectos de jogo, incluindo comportamento e desportivismo.

Merecem os  nossos parabéns, estes jovens orientados pelo gélido (e competente) Hélio Sousa, ele próprio campeão de mundo da categoria.

Uma selecção portuguesa. Com certeza!

Por Eduardo Louro

 

A selecção nacional de futebol de sub 20 foi, inglória e prematuramente, afastada do campeonato do mundo que decorre na Turquia, nos oitavos de final, ao perder com a selecção do Gana por 3-2.

Esta é uma selecção cheia de talento, a quem era legítimo exigir muito melhor. A anterior, que há dois anos na Colômbia, atingiu a final (que perdeu para o Brasil, no prolongamento) não possuía os valores individuais da actual. Era uma selecção pouco portuguesa - o seu sucesso assentou numa extraordinária capacidade competitiva, em resultado de enorme concentração e de grande força mental, atributos que, como é sabido, não são comuns em Portugal – precisamente ao contrário desta. Que falhou precisamente na concentração e na mentalidade, bem à portuguesa.

Tinha apurado vencendo o seu grupo, mas desde logo mostrando que todo o talento que exibia era facilmente traído pelas falhas de concentração defensiva. Assim foi nos dois primeiros jogos (vitória 3-2 sobre a Nigéria e empate 2-2 com a Coreia do Sul) e só assim não foi na goleada à fraca selecção cubana.

E assim foi hoje, na eliminação às mãos da selecção ganesa – a menos credenciada de quantas disputaram estes oitavos de final, já que não passou do terceiro e penúltimo lugar no seu grupo, apurando-se com uma única vitória, na qualidade de melhor terceira classificada - num jogo em que ainda antes de esgotado o primeiro minuto já havia desperdiçado dois golos feitos. Aos quinze segundos, na bola de saída, Bruma - a estrela deste mundial que tinha sido brilhante nos três jogos anteriores – partiu toda a defesa e entregou a bola a um colega (Aladje) que, a metro e meio de uma baliza deserta, conseguiu a inacreditável proeza de a rematar por cima da barra. Reposta e recuperada a bola, de novo os mesmos intérpretes, nas mesmas acções. Só que desta vez alguém desviou, para canto.

Não sei se a partir daí aquela rapaziada pensou que eram favas contadas. Sei é que nunca mais estes dois apareceram no jogo. E que a partir daí – quer dizer, durante todo o jogo – a equipa africana parecia europeia, e a portuguesa parecia africana.

Rigor nas marcações, velocidade sobre a bola, coragem na discussão de cada lance eram coisa só vista do lado da selecção africana. Ainda o primeiro quarto de hora se estava a despedir do jogo e já os ganeses ganhavam. E assim estiveram até à entrada do último, quando em três minutos a selecção nacional deu a volta ao resultado.

Com um quarto de hora para jogar e um resultado para segurar, a selecção que deixara sempre a ideia de ser muito melhor, voltou a falhar. E teve tempo de sofrer dois golos inacreditáveis.

Uma coisa é certa: esta selecção, com a capacidade de concentração e a mentalidade competitiva da anterior, seria pouco menos que imbatível. Mas enfim, já estamos habituados a não poder ter tudo!

ESTRATÉGIA E ACASO

Por Eduardo Louro

 

A selecção nacional de sub 20 conquistou um brilhante segundo lugar no campeonato do mundo, na Colômbia, quebrando, assim, um longo jejum de êxitos desportivos das nossas selecções de futebol, e em particular das mais jovens, escalões onde especialmente ao longo da década de 90 - o primeiro título mundial tinha surgido em 1989, em Riade - nos habituamos ao sucesso.

O sucesso da prestação da equipa portuguesa na Colômbia, inquestionável e que, de repente, pôs toda a gente a olhar para esta selecção - muitos nem sabiam que existia – voltando a unir os portugueses à volta do seu futebol, levanta a velha questão dos objectivos das selecções jovens. Tão simplesmente isto: deverão as selecções jovens, ditas de formação, estruturar-se para ganhar títulos ou, pelo contrário, deverão antes estruturar-se e vocacionar-se para assegurar o futuro competitivo da selecção principal, esta sim, ganhadora e porta-estandarte da verdadeira competitividade na mais globalizada das indústrias que é o futebol?  

Este é uma questão antiga. Mas também curiosa: é que só vem à tona quando uma qualquer selecção de jovens atinge o sucesso desportivo. Quando estas selecções não ganham nada – nem se percebe que estejam a construir coisa alguma – não há qualquer questão. Ninguém se lembra que nada está a ser feito em prole do desenvolvimento e do futuro do futebol português. É verdade, é assim. Porque nós somos mesmo assim: se não temos nada, está tudo bem; mas se temos alguma coisa decidimos minimizá-la para enfatizar o que não temos!

E no entanto a questão existe, é séria e deve colocar-se: o que mais importa? Vencer campeonatos da Europa e do Mundo de sub 17, sub 19 ou sub 20 ou preparar o futuro? O que não me parece bem é que apenas seja lembrada quando ganhamos alguma coisa…

Excepção feita ao Brasil e à Argentina – que, por razões demográficas, sociológicas, de desenvolvimento e até de natureza - têm um campo de recrutamento praticamente inesgotável, as grandes potências do futebol mundial não eram as mais bem sucedidas nas competições do futebol jovem. E isto pareceria apontar num sentido claro: as grandes potências encaram a competição no futebol jovem como mero espaço de crescimento. De formação e maturação de futuros craques!

Ora, parece-me que o que se passa em Espanha vem esclarecer muitas destas coisas. Não há dúvidas, pelo menos da minha parte, que nuestros hermanos detêm, de há década e meia a esta parte, a melhor escola de formação do mundo. Neste período obteve assinalável sucesso competitivo nos escalões mais baixos e foi, por uma única vez – Nigéria, 1999 – campeão mundial de sub 20, onde não conta com mais qualquer presença na final. Mas foi essa selecção que se fez campeã da Europa em 2008 e do Mundo em 2010. E que vem encantando o planeta com um futebol do outro mundo, que deixa argentinos e brasileiros rojos de vergonha! Uma selecção que já vem muito de trás e sempre ganhando!

Quem seguiu com alguma atenção este campeonato realizado na Colômbia pôde perceber que a selecção espanhola foi a que melhor futebol apresentou, igualzinho ao da selecção A - campeã europeia e mundial, repito – e que só não ganhou por circunstâncias próprias do jogo, onde nem sempre ganha a melhor equipa. Ficaram pelos quartos de final, eliminados pelo Brasil - depois de um jogo fabuloso que dominaram por completo - através dos pontapés da marca de grande penalidade, mas pôde perceber que ali, naquela equipa e naquele campeonato do mundo, se estava a tratar do futuro do futebol espanhol! E concluir que esse futuro está assegurado.

Pois bem: a selecção portuguesa foi brilhante – não retiro uma vírgula ao que aqui deixei logo depois da final perdida – mas percebeu-se que tocava a solo. Onde havia coisas que não batiam certo. Que nada daquilo tinha a ver com uma ideia para o futebol nacional, que era mesmo, como então salientei, a antítese daquilo que o caracteriza, virado exclusivamente para o resultado naquela competição.

Não direi que esta nossa selecção, agora recebida em apoteose, tenha morrido em Bagotá, logo que o árbitro deu o apito final – como poderiam sugerir os últimos minutos daquele dramático prolongamento – mas ninguém consegue ver ali o futuro que se vê aqui ao lado.

A FPF, que há muito se desligou da formação e que vive à grande à custa do tempo em que a fez, terá de perceber que há estratégia e acaso. Enquanto há dinheiro…

 

GERAÇÃO DE CORAGEM

Por Eduardo Louro

 

 Não há vitórias morais. A jovem selecção portuguesa acaba derrotada pela do Brasil por 3-2. Mas também não se deverá dizer, desta vez, que o segundo lugar é o primeiro dos últimos.

 Nem uma arbitragem que chegou a ter momentos deploráveis, designadamente ao distribuir injustificadamente amarelos pelos portugueses enquanto permitia todo o tipo de entradas violentas aos brasileiros, que condicionaram claramente o jogo, e de que a lesão de Cedric é apenas um exemplo, nem o facto de perdermos com um golo resultante de um cruzamento falhado, já na parte final do prolongamento, aliviam o amargo desta derrota.

Mas esta selecção merece que não lhe poupemos nos aplausos.

É uma selecção nacional atípica. Como vi escrito algures “há coisas que não batem certo nesta selecção”!

De facto assim é. A começar pelo seleccionador que, trabalhando jovens, não é um treinador jovem. Como os que estão na moda e como os que tradicionalmente trabalham as selecções jovens: treinadores em início de carreira e/ou acomodados na estrutura federativa. Se não me engano, desde Peres Bandeira, no longínquo ano de 1979 e no longínquo Japão, que nesta selecção de sub 20 se não via um treinador, não direi veterano, mas sénior. E que também não é um treinador mediático, daqueles que gostam das grandes exibições nas conferências de imprensa e de grandes parangonas nos jornais. Pelo contrário, é um treinador de low profile, com toda a carreira feita nos escalões de formação, no caso ao serviço do Porto, e com grande competência.

Competência que se começa logo a notar no próprio estilo de jogo que a equipa apresentou neste campeonato do mundo. E aqui está mais uma coisa que não bate certo: o estilo de jogo desta equipa não tem nada a ver com o estilo português. Não é um futebol rendilhado e curto, sustentado por extremos rápidos e habilidosos. Mas é um futebol rápido e vertical, muitas vezes de passes longos. Que usa para estender o jogo e o campo e que são mesmo passes e não pontapés para a frente, nada do kick and rush britânico. Passes difíceis de executar que nada têm a ver com aquele passe curtinho, sem risco, que tanto vemos no tradicional futebol português.

Também não tem um 10, o jogador que joga de cabeça levantada e pensador do jogo. Não, tem jogadores humildes e operários que tapam espaços mas que também os sabem ocupar. E, the last not the least, tem um ponta de lança corpulento – Nelson Oliveira, de 1,86 metros e 83 quilos – mas muito rápido e que sabe jogar à bola. E a sério, de alto nível técnico!

Não será uma geração de ouro mas, como lhe chama o seu timoneiro – Ilídio Vale – a geração de coragem. Uma equipa solidária, com grande força mental e adulta, coisas que, como se sabe, são raras no nosso futebol!

 

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