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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Mau, mau...

Credit Suisse warns on profits again

Pois é. O Credit Suiss já tem problemas há algum tempo. Problemas de gestão, pois claro. Há pelo menos dois anos que são conhecidos os seus investimentos de risco elevado. Mas ninguém ligava nada a isso.

O que aconteceu nos Estados Unidos no fim de semana foi a campainha que acordou quem queria estar a dormir. Por cá, bastaria ter ouvido Fernando Medina dizer que o que estava a passar na América não mexe com o sistema financeiro europeu para acordar. Tudo o que diz já é desconfiar. Muito!

O gigante da gigantesca banca suíça apresentou as contas, e lá estavam os 7,5 mil milhões de francos suíços de prejuízo em 2022, metade do seu valor. Que já eram conhecidos há mais de um mês, sem que ninguém lhes ligasse muito. O que estava também no Relatório e Contas, e que foi decisivo, eram duas pequenas frases, impostas (não certamente por acaso) pelo regulador norte-americano, a Securities and Exchange Comission, a reconhecer problemas de controlo interno com relevância material no reporte financeiro relativo a 2021 e 2022, decorrentes de erros de análise e avaliação de risco. 

Em dois dias, o valor das acções do banco caiu para metade. Hoje, o dos bancos, em geral, caiu em média 7%, mais que com o início da guerra na Ucrânia. 

Claro que o Credit Suiss, com activos que correpondem ao dobro do PIB português, é dos tais "too big to fail". E a Suíça tem cofres como mais ninguém. Mas, como se sabe, não tem economia para o sistema financeiro que tem. Nem nada que se pareça! 

O terramoto está aí. E a apregoada a robustez do sistema financeiro europeu corre o risco de ser tornar, hoje, numa notícia francamente exagerada. 

É sempre assim!

Dois bancos da Califórnia bateram as asas e provocaram uma tempestade nas  ações da banca do outro lado do mundo - Expresso

A subida das taxas de juros era para combater a inflação. É assim que vem nos manuais de Economia.

A subida vertiginosa das taxas de juro, juntou-se à inflação e, juntas, agravaram a miséria da maioria da população. Em Portugal, três quartos das famílias encontram-se em dificuldades financeiras, como informa hoje o "Barómetro da Deco Proteste".

Os bancos aproveitaram a subida das taxas de juros para engordar margens, esquecendo-se de as aumentar nas suas operações passivas. Como a distribuição aproveitou a inflação para o mesmo, mas isso é outra conversa.

Gerir bancos assim, é fácil. Permitir-lhes que o façam, mais ainda. É certo que alguns bancos centrais se referiram ao assunto, recomendando o aumento da remuneração dos depósitos, mas só isso.

Mesmo sendo fácil gerir bancos assim, ainda há os que ... nem assim. Como se está, para já, a ver nos Estados Unidos. O Silicon Valey Bank, o 16º maior do sistema financeiro americano e equivalente a duas CGD, e dois, mais pequenos - o Silvergate e o Signature, ruíram no fim de semana. Por falta de liquidez para responder aos depositantes que, vendo os juros a pagar a crescer, sem nenhuns a receber, quiseram o seu dinheiro de volta. O Silicon Valey Bank, o banco das startups, tinha aplicado os depósitos em produtos de maturidade incompatível (títulos do tesouro) com a exigência de disponibilidade dos fundos captados (títulos do tesouro) - um dos mais básicos erros em gestão bancária!

Quando os depositantes precisaram do seu dinheiro de volta, não havia. Para responder teve de resgatar essas aplicações, com prejuízos gigantescos. Que o levaram à falência num abrir e fechar de olhos. 

O mundo financeiro tremeu. E treme. E pronto - travão a fundo na subida das taxas de juro. Que se lixe a inflação. Que se lixem os manuais. 

Que se lixe tudo ... Menos os bancos. Mesmo que, quando os bancos se lixam, sejam os lixados de sempre a lixarem-se ainda mais. É sempre assim!

 

 

 

Vergonhoso e cobarde!

 

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Preparou-se a "marosca" com a Santa Casa da Mesiericórdia de Lisboa mas, à última, "berrou". Caiu, mas logo se encontrou um Plano B.

 Inviabilizada a entrada da Santa Casa da Mesericórida no capital da Associação Mutualista do Montepio (a sério porque, para salvar algumas faces, mantém-se uma participação simbólica), que tinha a cara do ministro Vieira da Silva, partiu-se para a habilidade contabilística. À boa maneira portuguesa: não há dinheiro, maquilham-se os números, e tudo se resolve. Não há 200 milhões em dinheiro, há 800 milhões em números!

A nova "marosca", mesmo pertencendo ao restrito e especial universo da Contabilidade, é facil de contar. A Associação Mutualista do Montepio, mesmo sendo a holding do Banco, é uma IPSS e, como tal, isenta de IRC, o imposto sobre os lucros das empresas. Lucros que, como se sabe, é coisa que há muito por lá não aparece. Apenas prejuízos, aos muitos milhões. Nada que impedisse a alteração da sua situação fiscal de isenta de IRC, para sujeita a IRC, e por isso a instituição liderada por Ricardo Salgado - perdão, Tomás Correia - pediu ao Ministério das Finanças que a libertasse dessa chatice de não ter que pagar impostos. Ao que o MInsitério das Finanças respondeu: "com certeza, por quem sois"! 

Parece tudo virado ao contrário, não é? Um contribuinte dispensado de pagar impostos, pedir ao fisco para passar a pagá-los, é coisa que não cabe na cabeça de ninguém. Errado. Cabe na cabeça de Ricardo Salgado - lá estou eu outra vez, desculpem, na de Tomás Correia. Não para pagar impostos, porque não tem lucros. Mas para deixar de os pagar no futuro, quando e se alguma vez vier a ter lucros nos quais irá abater, para contas de impostos a pagar, as centenas de milhões de prejuízos que o colocam na falência, e reconhecer agora no Balanço o que então, nesse futuro hipotético, poderá vir a deixar de pagar.

O leitor menos familiarizado com estas coisas interrogra-se-á: mas isto é possível?

É! Faz parte das regras e dos "princípios contabilisticos" - acreditem, disso sei eu. Chama-se "impostos diferidos" ou, no meu entendimento com menos propriedade, "crédito fiscal". Só que com dois problemas de vício insanável, tão evidentes que não se acredita que ninguém  no  Ministério das Finanças, no Banco de Portugal ou nos auditores, possa não ter visto: o primeiro é o da própria falácia da alteração do estatuto, e o segundo é o do valor atribuído a esse crédito: 800 milhões de euros, para baixo dos quais a falência foi varrida. Que, estando provavelmente ajustado à enormidade dos prejuízos acumulados pela ruinosa gestão de Ricardo Salgado - perdão, Tomás Correia - é simplesmente um activo irrealizável. Mesmo que sobreviva e volte aos lucros, é impossível realizar lucros a tempo de realizar tamanho volume de impostos diferidos.

No Banco de Portugal, Carlos Costa é o mesmo. E do mesmo espera-se o mesmo. O governo, que herdou do anterior todos os problemas do sistema financeiro e que apanhou com o do Banif logo à chegada, tinha agora oportunidade - e obrigação - de fazer diferente, de se demarcar do servilismo na relação com a banca. Não o fez, e é escandaloso que não o tenha feito. Se no plano A víamos a cara do ministro Vieira da Silva, no B vemos a de Mário Centeno. Se o Plano A era vergonhoso, o B é vergonhoso e cobarde!

Nunca nada se aprende...

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Num caminho com destino (in)certo, o Montepio está a copiar o BES/GES, vendendo aos seus balcões produtos para financiar a Associação Mutualista, como está a ser amplamente anunciado. O produto, anunciado como "capital certo", sugere a garantia integral do capital, depois desmentida nas letras pequeninas. O Banco de Portugal proíbe a sua venda, mas de nada vale. Porque, em Portugal, o cumprimento da lei é coisa a que apenas gente comum está obrigada.

Entretanto, o ministro Vieira da Silva vai hoje ao Parlamento explicar não se sabe bem o quê. Entretanto, a entrada da Santa Casa no capital do Banco continua no ar, de pedra e cal em cima de cada vez mais absurdos...

Em Portugal tudo se esquece muito depressa. E nunca nada se aprende...

 

 

A factura

Capa do Jornal Negócios

 

O Jornal de Negócios noticia hoje que o Fundo de Resolução tem um buraco de 4,8 mil milhões de euros, já reconhecido nas contas. Olhamos para trás e vemos que é o valor que, em Agosto de 2014, o Fundo injectou no então novo Novo Banco. Que não custava nada aos contribuintes, diziam-nos então.

Esta imparidade reconhecida no Fundo de Resolução é anterior à venda do Novo Banco, porque, como se vê na primeira página da mesma edição acima reproduzida, em entrevista, Vítor Bento, por sinal nas mãos de quem Carlos Costa fez rebentar a bomba da resolução, garante que a "brincadeira" que não tinha custos para o contribuinte vai custar 10 mil milhões de euros. Tanto quanto, só Mário Centeno, só este governo, assim meio pela calada, já meteu nos bancos. 

Os 10 mil milhões que já foram, mais os 10 mil milhões que estão a ir, somam 20 mil milhões. É esta a factura bancária que Passos Coelho e Maria Luís deixaram ao país!

Pioneirismo ou aventureirismo?

 

 

 

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Edmundo Martinho aproveitou a tomada de posse como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, faz amanhã uma semana, para praticamente confirmar a entrada da Instituição no capital do Montepio.

Estranhamente, não é notícia. Ninguém diz o que quer que seja sobre a entrada da Santa Casa no mundo da banca, obviamente fora do radar daquilo que é o objecto da sua intervenção.

Santana Lopes tinha-se declarado avesso a aventuras, o que poderá não querer dizer que, com ele, o Montepio por ali não se safava. Edmundo Martinho tratou logo de dizer que não se tratava de aventureirismo, mas de pioneirismo.Que é pioneiro, não há dúvida nenhuma. Que não seja aventureiro, há muitas!

O argumento do pioneirismo pode certamente ajudar a chutar para canto questões incómodas sobre a motivação para a entrada da Santa Casa no sistema financeiro, uma área completamente nova, para que nunca esteve vocacionada, e que é tudo menos um mar de águas calmas. Mas há muita dificuldade em disfarçar o aventureirismo de tomar 10% do capital de um banco em dificuldades, com os restantes 90% estão concentrados num único accionista. E muito mais dificuldade ainda em justificar os 200 milhões de euros desse investimento... É que, para que as contas batam certo, o Montepio terá que valer 2 mil milhões de euros. Isto é, pouco menos que o BCP, e mais que o BPI. E isto - toda a gente vê - não faz sentido. Nem numa grande aventura!

Visto, não arrumado...*

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O tema dos bancos - do sistema financeiro – voltou às primeiras páginas, curiosamente quando, olhando para a agenda política, o vemos assinalado com este símbolo de visto, que dá os assuntos como resolvidos.

Quer o Presidente da República quer o governo, dão como concluída e arrumada a questão. E com sucesso! O presidente ainda há um ou dois dias atrás salientava o notável trabalho feito em apenas oito meses…

Na verdade não está concluída. E muito menos arrumada…

Dificilmente se arruma um tema onde já enterramos 13 mil milhões de euros. E onde, só o Novo Banco, o banco bom do BES – recorde-se – lhe vai acrescentar mais 11 mil milhões de euros. Onde nem a péssima – mas, ao que dizem sem alternativa - solução que foi encontrada está, mesmo assim, dada por adquirida.

Onde está ainda a recapitalização da Caixa Geral e Depósitos, a passar pelo pagamento de juros de quase 11%. E onde, já não dá mais para esconder, continua o problema Montepio por resolver.

Um problema com cada vez mais semelhanças com o BES. Na altura o Banco estava bem, os problemas estavam apenas no grupo, dizia então toda a gente, do Presidente da República ao primeiro-ministro, dos ministros aos jornalistas da especialidade. Agora inverte-se a relação, mas não é muito diferente o que se ouve… Mesmo que Mário Centeno não tenha embarcado, respondendo que confiava no seu trabalho, quando questionado se confiava no Montepio.

Parece-me no entanto que a mais preocupante semelhança está na obsessão do Banco de Portugal pela marca. Não se percebe por que decidiu impedir o banco de utilizar a marca Montepio, e obrigando-o a procurar uma nova e retirando-lhe, sem que se perceba por quê, provavelmente o seu maior activo.

Já assim tinha acontecido com o BES quando, na resolução, o Banco de Portugal destruiu e deitou fora uma marca avaliada em centenas de milhões de euros, que substituiu por uma marca transitória, uma ideia que choca de frente e com violência contra os mais elementares princípios do marketing e da comunicação.

Parece que não aprendeu nada, este governador do Banco de Portugal... E, esse, é outro problema!

 

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

Mais uns trocos

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Começa hoje, com a entrada de metade dos 5,2 mil milhões de euros que nos vão tirar dos nossos bolsos, o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Que não tem presidente, como se sabe... Porque se sabe que houve uma troca de sms entre Domingues - que hoje poderá explicar qualquer coisa no Parlamento - e Centeno...

Enfim... a Caixa não precisa de presidente. Nem de ministro das finanças, precisa é de dinheiro. E para isso cá estamos nós. Sem cheta, completamente depenados, mas sempre e ainda com uns trocos para os bancos. 

Não olhemos muito para trás. Nem é preciso recuar dois anos:

  • 2015 Novo Banco - 4,9 mil milhões;
  • 2016 Banif - 3,3 mil milhões;
  • 2017 CGD - 5,2 mil milhões.

Tudo pelo cano. Como já se viu no Banif, e se está a ver com o Novo Banco. Que, sem que ninguém lhe pegue, ainda aí está para lavar e durar. Quer dizer: de mão estendida apontada aos nossos bolsos.

 

Com os Papéis do Panamá em cima da mesa, pior era difícil ...

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Com os Papéis do Panamá em cima da mesa, gostaria de ter ouvido do primeiro-ministro de Portugal qualquer coisa do género: Vamos criar um mecanismo para que os bancos tornem públicas as listas do seus devedores de todo o mal parado que têm em carteira, e as entreguem ao Ministério Público. E vamos criar mecanismos para que o Ministério Público actue sobre esses devedores, confiscando-lhes todos os bens e valores que detenham, directa ou indirectamente, ou de que, por qualquer forma, ususfruam.

Com os Papéis do Panamá em cima da mesa ouvi do primeiro-ministro de Portugal qualquer coisa como: Vamos criar um mecanismo para, à custa dos contribuintes, limpar todo o crédito mal parado do sistema financeiro.

 Com os Papéis do Panamá em cima da mesa, pior era difícil ...

Condenado à irrelevância

 

A ideia que fica é que o presidente Marcelo, ao contrário do seu antecessor e sem grande surpresa, não fará nada para evitar expor a irrelevância política de Passos Coelho. Ao subscrever a intervenção do primeiro-ministro com vista a garantir alguns equilíbrios no capital estrangeiro do sistema financeiro nacional, Marcelo disse ao país que Passos não sabe do que fala. Ao acrescentar que o desejável seria mesmo que essa intervenção fosse consensual, o presidente não está apenas a puxar as orelhas ao primeiro-ministro no exílio. Está a condená-lo à irrelevância!

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