10 anos depois
Teve hoje início no Campus da Justiça, em Lisboa, o julgamento do caso BES. Dez anos depois!
Conta com 18 arguidos: três deles pessoas colectivas - Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin -, catorze pessoas mais ou menos conhecidas, entre elas Amílcar Morais Pires, o número dois, e Francisco Machado da Cruz, o contabilista, e Ricardo Salgado, a figura central, cuja presença o Tribunal recusara dispensar.
O seu advogado tinha requerido a sua dispensa, invocando a doença de Alzheimer de que é portador, mas o requerimento foi rejeitado pelo Tribunal Criminal de Lisboa. A juíza-presidente do colectivo, Helena Susano - que admitira justificar-lhe as faltas mediante atestado médico, que não foi apresentado -, depois de o ter chamado a identificar-se, o que fez, e de o ter questionado se queria que o julgamento decorresse na sua ausência, a que respondeu que sim, seguindo a indicação de um dos seus advogados, dispensou-o.
Ricardo Salgado abandonaria o Campus da Justiça a meio a manhã.
Não é por aqui que a Justiça não funciona: sendo a realidade o que é, não ficaria bem dispensar a sua comparência; mas também não seria dignificante obrigá-lo a permanecer em audiência. Onde não funciona é quando, para além das prescrições, os responsáveis pelos crimes praticados se tornaram inimputáveis!