A(contra)GOSTO
Por Eduardo Louro
O primeiro-ministro interrompeu as férias - Manta Rota ficou agora sob a mira das televisões, como há um mês esteve Massamá – para se deslocar a Lisboa para uma reunião do Conselho de Ministros de anunciadas colossais medidas.
É estranho, mas é assim: no final da reunião a notícia não foram as decisões tomadas; a notícia foi o anúncio do anúncio das medidas decididas. As medidas, ao que se diz de cortes colossais na despesa, serão anunciadas amanhã, logo pela manhã!
Esta é mais uma particularidade deste governo. Se calhar, como o governo começava a ser acusado de sucessivamente adiar as medidas de corte da despesa, este adiamento de um dia na sua comunicação é estratégico.
Receio que estes cortes colossais sejam mais umas colossais desgraças… A despesa pública é rígida e preenchida, fundamentalmente, por salários e prestações sociais. Como em salários é muito difícil mexer não será muito difícil de acertar nos cortes que aí vêm. Que sejam bem feitos, objectivos e direitinhos a muitas das situações que têm vindo a ser denunciadas. Se não for assim, e não é fácil que o seja, virão aí mais desgraças!
O resto … bem o resto serão medidas moralizadoras: extinção de um outro serviço e fusão de mais uns tantos serviços e institutos. Que têm significado político, que poderão até moralizar a distribuição dos sacrifícios e que, nesse sentido, serão de aplaudir. Mas com pouco impacto, quando o anunciado objectivo é de encontrar aí a solução para 2/3 do problema.
E já que estou em tempo de especulação, espero bem que tenham aproveitado para abandonar a ideia da redução ta TSU. Já toda a gente percebeu que isso não resolve coisa nenhuma; vai, pelo contrário, trazer novos problemas. Há ideias que rapidamente se evoluem para dogmas. Mas os dogmas também se abatem!