BEM APARECIDO, MAL RESOLVIDO
Por Eduardo Louro
Dizia-se que o Ministro da Economia andava desaparecido. E ouvia-se responder que estava a trabalhar. A trabalhar muito, sem abandonar o ministério, à procura de soluções para a nossa pobre economia, presume-se.
Entretanto, por necessidade ou por disponibilidade – vá lá saber-se –, o ministro apareceu. Como apareceu com programas e projectos para tanta coisa podemos concluir que aquele recolhimento deu os seus frutos, e que apareceu agora para os comunicar.
Tenho algumas dúvidas que assim tenha sido. Não é por nada, é apenas porque ele apareceu a dizer o que todos os seus antecessores disseram. E como é fácil de ver, para descobrir o que os outros já tinham descoberto, não era preciso tanto recolhimento. E depois, logo a seguir, percebemos que tanto recolhimento afastou-o da realidade. Esqueceu-se que não há dinheiro!
Mas, como os seus antecessores, veio anunciar dinheiro e mais dinheiro para cima dos problemas. São 100 milhões para um programa para desempregados há mais de seis meses, são apoios à internacionalização das empresas e são alterações ao capital de risco público para financiar isto tudo. E são duas linhas de velocidade alta para levar daqui os nossos produtos, de comboio, depressa e bem. Quantos milhões? Não se sabe, mas talvez os mesmos do TGV, ou por aí perto…
Eu bem desconfiava que naquela conversa de Madrid, quando ele disse que a decisão sobre o TGV seria anunciada em Setembro, havia gato escondido com rabo de fora. Os dinheiros de Bruxelas vêm à mesma, seja para TGV ou para outra coisa. Desde que meta carris, e os comboios que lá têm para nos vender, o dinheiro vem à mesma. E a parte que nos toca logo se vê. Até porque havia muitas indemnizações para pagar…
E anunciou um grande investimento de uma das grandes multinacionais. Mas nada mais disse, é segredo. E há afinal muita gente interessada em investir em Portugal… Já não vêm é a tempo de nos ajudar a resistir ao agravamento da depressão no próximo ano!