QUE AJUDA!
Por Eduardo Louro
Que ajuda! Cajuda!
Sou um adepto da União de Leiria – toda a gente tem um segundo clube, e o meu é precisamente o União, clube que vi nascer e crescer como nenhum outro - que integra uma maioria silenciosa (na semana do 28 de Setembro, quando já ninguém se não lembra maioria silenciosa de 74, a expressão vem a propósito) de adeptos que se não revê na actual vergonha que é o divórcio do clube com a cidade, que mais não é que uma sucessão de muitas outras vergonhas que têm marcado os últimos anos de um clube que tinha tudo para ser uma bandeira da região.
Assisti a este início de campeonato nesta precisa condição de adepto desiludido e afastado, vendo ali a equipa mais fraca da liga, logo à segunda jornada, no jogo com o Porto, com um treinador dado como um dos muitos yupis da nova geração que, percebia-se, estava completamente afastado da realidade, como vem sendo habitual neste nosso país. Depois veio Vítor Pontes, um homem da casa e que ali havia sido feliz, apontado, pelo próprio, como um dos delfins do special one, mas que, longe de Leiria, nunca confirmara essa premonição. Duas derrotas e 17 dias depois seria, sem mais nem menos, mais um da vasta lista de humilhados de Bartolomeu, o Pinto da Costa número dois do futebol português.
E regressou Cajuda, um técnico da velha guarda, à boa e antiga escola portuguesa. Que tem reclamado da injustiça de nunca lhe ter sido dada a oportunidade de treinar um grande e, em particular, o nosso comum Benfica. Começou à sua maneira – já estafada é certo mas que, comparada com a do Vítor Pereira, parece saída dos novos compêndios das mais prestigiadas universidades -, dizendo que não tinha medo do jogo com o Braga e avisando os jogadores de que, tem o tivesse, ficasse em casa. Provocou depois os mais puritanos da comunicação quando disse que o empate com o Braga seria um bom resultado.
Mas ganhou, e ganhou bem, o seu primeiro jogo com o novo grande. Depois de uma entrada sufocante do Braga, a equipa primeiro resistiu e, depois, dominou. Dominou toda a segunda parte e desperdiçou oportunidades de alargar o marcador. É Cajuda num dos seus múltiplos milagres, o Cajuda de que a gente gosta.
Leiria, apesar de tudo, agradece. E Vítor Pereira também: a derrota de Jardim poderá ser mais um desvio na sua rota para o Dragão. Esta terá sido a melhor notícia que recebeu antes do jogo com a Académica!