CUIDADO COM A SAÍDA DOS ESTÚDIOS!
Por Eduardo Louro
A tempestade a que fiz referência no texto anterior, em baixo, não deixará de condicionar fortemente o debate político mediático, em particular o debate espectáculo que anima os serões televisivos da programação alternativa às telenovelas.
Não sei se o elenco de actores destes autênticos talk-shows irá ou não sofrer cortes tão drásticos como os do Orçamento de Estado. Se ainda houvesse vergonha, ou ponta dela, certamente que o campo de recrutamento estaria substancialmente restringido: depois de descobertas as carecas das subvenções vitalícias, a maior parte desta gente não deveria sentir-se muito confortável à frente das câmaras…
Sabemos todos que vergonha é coisa do passado – hoje já ninguém sabe o que isso é – e, por isso, não acredito que, de repente, os directores das diferentes estações de televisão andem, de candeia na mão, à procura de outras caras.
Vão continuar lá todos. Mas com mais trabalho, espero. Mesmo sem vergonha, não poderão manter o mesmo discurso; terão que puxar mais um bocadinho pela cabeça para encontrar narrativas de substituição para os eixos centrais do seu discurso. É que, como não são parvos, sabem que se continuarem com o discurso dos direitos adquiridos e acusar os portugueses de viverem acima das suas possibilidades, arriscam-se a ter alguém à espera à saída do estúdio!