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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Futebolês #41 Cláusulas de rescisão

Por Eduardo Louro

   

 

 

As cláusulas de rescisão entraram recentemente no dicionário de futebolês. Entraram tarde mas em força!

O que vem então a ser isto das cláusulas de rescisão?

Bom, o conceito é simples e claro: estabelecido um contrato entre as partes – o jogador, mas também já o treinador, e a entidade patronal – uma cláusula desse contrato prevê uma das condições em que esse mesmo contrato possa ser rescindido. Precisamente a que fixa o valor que obriga a entidade patronal a ceder os respectivos direitos desportivos.

Contrata-se um profissional e diz-se logo: por menos deste valor (o da cláusula de rescisão) ninguém o leva! A partir desse momento, e em teoria, o mercado fica a saber que não vale a pena falar noutros números. E o profissional fica a saber, mais, aceita expressamente que, se ninguém aparecer a bater esse valor, não vale a pena inventar problemas de adaptação, de saudades da família ou do que quer que seja, porque a entidade patronal não cede. Nem está obrigada a ceder!

Claro que isto é a teoria. A realidade é outra: na maioria das vezes a cláusula de rescisão não serve para nada. Ou porque não tem qualquer aderência à valia desportiva do jogador, ou porque é o próprio jogador que invoca tudo e mais umas botas para a mandar às ortigas e assegurar a transferência que lhe garante o contrato da sua vida.

Quando, no final da época o presidente, aflito por vender os melhores para realizar uns cobres que tem de ir entregar ao banco, diz que não sai ninguém, a não ser que seja batida a cláusula de rescisão, isso não é mais que conversa para adepto ouvir. Claro que vende tudo o que lhe queiram comprar. Depois o culpado será sempre o jogador: “o jogador é que quis sair e não podemos manter um jogador contrariado”, é a inevitável justificação.

É isto que vemos em todos os nossos clubes!

Na selecção nacional, na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), não é bem a mesma coisa. Aí temos um imbróglio, que é uma das maiores vergonhas nacionais para, ao que se diz, fugir a uma cláusula de rescisão que, afinal, ninguém sabe se existe.

A verdade é que, com ou sem cláusula de rescisão, pôr Carlos Queiroz a andar, sem indemnização, tem sido o grande quebra-cabeças da direcção da FPF. Ao ponto de toda a gente ter perdido a cabeça e já não restar alternativa que não passe pela porta de saída: toda a gente para a rua, antes que acabem por matar definitivamente uma selecção nacional (tão sintomática quanto os resultados - um único ponto em dois jogos tornam já difícil o apuramento para o europeu - é a assistência de Guimarães, claro indício de que o apoio à selecção faz parte do passado) que tem prestigiado o país e enchido os cofres da FPF.

Todos têm sido indignos do esforço e da categoria dos jogadores mas, para mim, a maior decepção é mesmo o seleccionador Carlos Queiroz. Que não pode agora vir dizer que está em causa a defesa da sua honra e do seu prestígio. Não está porque não se defende o que já se perdeu!

Há dois anos Queiroz chegava à FPF em ombros. Não tinha ganho nada, mas fazia o pleno nacional. Era o homem certo no lugar certo!

Em dois anos, o homem que todos aclamamos por lhe reconhecermos competência, prestígio, mundo, elegância e cosmopolitismo transforma-se em grosseiramente incompetente, capaz do mais ordinário vernáculo e da mais reles rixa de taberna, emocional e intelectualmente desequilibrado, sem norte e perdido em labirintos de dúvidas e de suspeições.

 

PS: Como devem ter percebido este texto foi escrito antes da apregoada reunião da direcção da FPF de ontem, quinta- feira. Daí que não comente qualquer decisão, se é que alguma foi mesmo tomada!

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