KRUGMANIA
Por Eduardo Louro
Estes últimos dias, e em particular o de ontem, foram varridos por uma autêntica Krugmania. Três Universidades de Lisboa atribuiram-lhe o Doutoramento Honoris Causa e falou-se de Krugman a torto e a direito. E Krugman falou a torto e a direito, dando umas no cravo e outras na ferradura!
Disse que a Grécia iria sair do Euro e que Portugal tinha 75% de lá permanecer. Bom, se a primeira não é novidade nenhuma, a segunda, por muito bem que tenha sabido ao governo – que hoje, pela voz pausada (e pelos vistos bem vista) do ministro das finanças, já veio rectificar a queda do Produto para os 3,3% que a UE anunciara a semana passada, e o aumento do desemprego até aos 14,5% - também não. Há 25% onde tudo cabe, incluindo os erros de previsão do professor.
Reafirmou as suas posições de feroz adversário das políticas de austeridade, o que é simpático para os portugueses e nem tanto assim para o governo; mas reafirmou também que os salários deveriam descer entre 20 e 30%, o que inverte a ordem da simpatia. O que vale – e o que ele provavelmente não sabe - é que já não deve faltar muito para atingir esse desiderato. Valha-nos (mas pouco, porque dentro de poucos anos iremos querer muito de ter salários como os deles) que também afirmou que Portugal não tem que reduzir os salários para os níveis chineses
Ficava no ar um certo tom de contradição: como é que se pode ser contra as políticas de austeridade e defender reduções de salários?
Então esclareceu que o ideal seria que essa redução salarial em Portugal fosse acompanhada por aumentos nos salários dos alemães. Quer dizer, produzir barato em Portugal para que os alemães, com muito dinheiro nos bolsos, comprem.
Mas isso é fado: o nosso fado! Não é preciso ser um Nobel…