ROTEIROS SEM RUMO
Por Eduardo Louro
Cavaco lá continua firme na sua rota rumo à desacreditação total. Não há quem o segure…
Há muito que muita gente percebeu que os objectivos de Cavaco se esgotam nele próprio. Para Cavaco, ele é o princípio, o meio e o fim de todas as coisas. Tudo o que importa é ele próprio e a sua sobrevivência política. Todas as suas capacidades são postas ao serviço deste desígnio pessoal!
Quando Cavaco, na publicação acima, que reúne as principais intervenções públicas do Presidente no primeiro ano deste segundo mandato, hoje - quando se cumpre esse primeiro aniversário - apresentado, acusa o então primeiro-ministro Sócrates de falta de lealdade institucional, porque não lhe apresentou previamente o PEC IV, – deixando-o, assim, impossibilitado de evitar a crise política que se seguiu - está apenas a fazer – mal, como nele vem sendo hábito, cada vez mais desastradamente – o que sempre faz: pensar nele!
Cavaco pretende, com esta agora, e quando – como a mesma falta de tacto, inteligência e seriedade política – pretende também descolar da acção do actual governo, demarcar-se da governação de Sócrates, com a qual pactuou ao longo de seis anos. Isto é, Cavaco acredita que pode dizer que não tem nada a ver com a situação em que o país se encontra!
E se já não é sério acreditar nisso, nem sequer sinal das melhores condições de sanidade mental, menos sérios são os métodos de que lança mão. Cavaco tem o desplante de dizer que ficou impedido de evitar a crise política quando, toda a gente o sabe, foi ele próprio que – e bem, na opinião maioritária dos portugueses – então carregou no botão. Com o seu discurso de tomada de posse abriu a crise política que encurralou Sócrates. Com a apresentação do tal PEC IV, Sócrates não fez mais esticar a corda, sabendo bem que ela iria partir.
É preciso ser sério, Senhor Presidente. Não basta apregoá-lo!
E, já agora, quando ainda faltam quatro anos para o fim do mandato, e já sem possibilidade de nova recandidatura – já que não aprendeu nada com Mário Soares, que ao menos tenha aprendido isso – veja lá se encontra na sua cabeça um espacinho onde caiba nem que seja só um bocadinho do país!