AINDA (N)A PONTE
Por Eduardo Louro
Os dados da execução orçamental dos dois primeiros meses do ano vêm cheios de más notícias. Relativamente ao mesmo período do ano passado a receita caiu em 4,3% e a despesa cresceu em 3,5%, o que significa que o défice aumentou quando deveria diminuir. Quase triplicou e a meta dos 4,5% para o ano é cada vez mais uma miragem.
Não há razões para grandes surpresas nestes dados. A quebra nas receitas era esperada: pela recessão, maior que a que o governo quis pôr no orçamento, e porque a política de saque fiscal dá nisto. O aumento na despesa é mais surpreendente, e tanto mais quanto se sabe que as transferências para os principais serviços sociais que cabem ao Estado, principalmente saúde e educação, caíram significativamente.
Com estes resultados temos cada vez mais dificuldade em compreender as últimas declarações do ministro das finanças, em contra ciclo com a realidade. Apenas compreendemos que ele tenha a percepção de estar a meio da ponte, onde já não há apenas duas alternativas. Há uma terceira: mandarmo-nos da ponte abaixo!