COMEMORAÇÃO DO 25 DE ABRIL
Por Eduardo Louro
Os militares de Abril, através da sua Associação representativa, anunciaram que não participariam nas comemorações oficiais, a terem lugar na Assembleia da República. Mário Soares e Manuel Alegre – às vezes juntam-se – juntaram-se-lhes em solidariedade, presumo.
Os militares de Abril têm toda a legitimidade para decidirem o que decidiram. Já o poderiam ter feito no passado, porque já muitas foram as comemorações que ocorreram em ambiente hostil a Abril, embora também se possa dizer que nunca tal foi tão flagrante e que há sempre uma primeira vez. De Manuel Alegre, com mais ou menos legitimidade, também se compreende a atitude, consentânea com as suas posições habituais. Já a de Mário Soares é, no meu entendimento, menos compreensível e porventura menos legítima.
O 25 de Abril é comemorado na rua, pelo povo e com o povo. Mesmo que com essa inovação absurda e incompreensível da tolerância zero - seja lá o que isso for - anunciada pela polícia. A sua comemoração é popular, não é oficial, na Assembleia da República, cada vez mais bafienta e entediante. Mas o que aconteceria se o poder institucional deixasse de assinalar oficialmente esta data?
Não seria Mário Soares o primeiro a levantar a voz? Certamente que sim. E certamente com razão!
Não se percebe, por isso, que Mário Soares tenha tomado esta posição, em vez de, também lá, na Casa da Democracia, fazer ouvir a sua voz de protesto, denúncia e lamento pelo estado a que deixaram chegar Abril. E de, lá, se manifestar então solidário e enfatizar a posição da Associação 25 de Abril!