Dois temas atravessam hoje o país. Da mesa do café – ainda há disso? – aos blogues e redes sociais, passando pelos jornais e pelos fóruns radiofónicos, o país fala de Rui Rio e de Maria Luís Albuquerque, de que também ele falou. E de que maneira!
A bem da verdade - coisa que, como quase todos sabem (e os outros tentam que se esqueça), é o problema da senhora – há meses que o tema da agora ministra das finanças não deixa o país. Nem ela deixa que o deixe, como ainda ontem voltou a deixar claro.
É essa, de resto, a única coisa que ela vem deixando clara. Tudo o resto é um imbróglio, que criou, onde se enfiou e se deixou enterrar, já sem salvação possível.
Ontem apenas fez mais do mesmo: continuou a enterrar-se. Mesmo que hoje ainda parte da opinião arregimentada – uma parte cada vez mais pequena, até aí há cada vez menos resistentes – queira dar o assunto por definitivamente esclarecido e encerrado.
Rui Rio, na entrevista de ontem à RTP em que não poupou ninguém, jogou claramente ao ataque, na ideia de que há um vazio para ocupar. E que está à espera que o empurrem para lá.
E, claro, hoje a conversa é entre os que se não poupam a esforços para o atropelar e deitar abaixo, e os que ganham posição para o empurrão bem sucedido.
Aos situacionistas, da(s) máquina(s) de Meneses e Passos, para o bloquear, falta-lhe em argumentos o que lhes sobra em desespero. Aos outros, à esperança messiânica da salvação do partido, ou do que dele ainda reste, soma-se um sebastianismo de valor acrescentado. Por António José Seguro, obviamente!
O governo levou hoje ao Parlamento a moção de confiança que o Presidente lhe ordenou que apresentasse. Que, mais que uma moção, foi um abuso. Um abuso de confiança, e um abuso da nossa paciência!
Um abuso que começou em Cavaco que, ao impor-lha, abusou dos partidos da coligação. Mas também da nossa paciência, no meio de tudo isto o que menos tínhamos era paciência para voltar a ouvir tudo, de uma ponta à outra, o que há pouco mais de uma semana tinha sido dito na discussão da moção de censura.
E que continuou no Parlamento – governo, maioria e oposição – incapaz de dar ao debate o caminho que as circunstâncias exigiam. Abusaram, todos. De tudo e da nossa paciência!
Ao governo competia justificar a moção de confiança, tinha a obrigação de lhe dar substância em vez de a esgotar na forma – tanta mais obrigação quanto se sabia resultar de uma intromissão excessiva do Presidente – e isso teria de ser centrado no anunciado novo ciclo. Competia-lhe transformar a moção de confiança na aprovação do guião político do novo ciclo. Só que o novo ciclo esgota-se no IRC, não tem nem mais uma alínea. E percebemos que tem essa alínea porque a comissão liderada por Lobo Xavier lhe deu vida política na semana passada, logo a seguir à tomada de posse. Não fosse isso e o novo ciclo era um livro completamente em branco.
Era por isso impossível ao governo concretizá-lo em objectivos, políticas e compromissos que se transformassem em objecto de aprovação, que credibilizassem a moção de confiança. Restou à maioria, a quem caberia aprovar o guião do novo ciclo, abusar do ridículo de todas as maiorias, esgotando-se nas mais estúpidas e descabidas questões laudatórias. Que, evidentemente, não questionam coisa nenhuma. Bajulam miseravelmente. E à oposição abusar dos jogos florais da retórica, saltando de (não) assunto para (não) assunto e deixando em paz o novo ciclo!
As despedidas iniciaram-se hoje e concluem-se, evidentemente, amanhã. É certo que nada é eterno, nem nada podemos dar por adquirido, mas fica já a saudade e um sentimento de perda.
Ao fechar esta Janela a Antena 1 deita borda fora uma boa fatia de serviço público. Estava no ar há seis anos e meio, acompanhando e divulgando a realidade nova da blogosfera e das redes sociais, este novo e fantástico espaço de produção de opinião, com o brilho e o savoir faire que o Pedro sempre coloca naquilo que faz. Era a janela por onde ele espreitava com o seu olhar único, mas também por onde nós nos olhávamos uns aos outros, sempre na expectativa que, de lá, nos pudessemos ver também a nós próprios. E todos, naturalmente, gostávamos de nos ver (de) lá!
Eu gostava. E desfrutei desse prazer em muitas e muitas ocasiões. Maioritariamente aqui, no Quinta Emenda, mas também no 2711 e no Dia de Clássico. Tive até a felicidade de - mal eu o imaginava, ontem - fazer parte da última edição - regular, já que as últimas duas são de despedida - da Janela Indiscreta…
O universo dos bloguese das redes sociais fica a dever muito ao Pedro Rolo Duarte. Pela minha parte: obrigado, Pedro!
Ouve-se nas notícias que o ex-ministro Vítor Gaspar defendeu hoje a sua sucessora no Parlamento. Olha-se para aqui e não é isso que se percebe. A não ser que, como por aí se pretende, o que esteja em causa seja outra coisa que não o facto de a ministra ter mentido ao Parlamento.
É que, o que Vítor Gaspar disse, foi mesmo que a ministra Maria Luís Albuquerque mentiu!
Primeiro veio o dinamarquês Poul Thomsen, louro e de olhos azuis. Seguiu-se o escurinho Selassie, que também já vai. Para chegar o indiano, também escurinho, Subir Lall.
Quererá isto dizer que o FMI não se entende por cá?
Ou que isto por aqui é tão bom que toda a gente cá quer vir dar uma voltinha? Que lá por Washington fazem fila por um lugarzinho aqui na praia?
Acho que é isso. E que é por isso que o FMI, por mais que ameace e por mais que lhe gritem fora daqui, não arreda pé. Agarrado a isto que nem uma lapa. E há muito…Há tanto tempo que já cá tem lugar cativo. Já não sabem viver sem nós. Nem nós sem eles!
No Chipre, já está… Os depositantes vão passar a banqueiros. O Banco Central já decidiu que 47,5% dos depósitos no Banco do Chipre - acima dos 100 mil euros - voam directamente para o capital deste que é o maior banco privado cipriota!
Não sei se essa será uma participação qualificada. A participação do banco nos depósitos, essa é qualificada. Garante-lhe até maioria…
Seria bom que alguém se lembrasse que o resto da Europa não é o Chipre. Que isto não é replicável noutro lado, sob pena do estoiro ser total… De não restar pedra sobre pedra!
A viagem do Papa Francisco ao Brasil, no âmbito da 28.ª Jornada Mundial da Juventude, que hoje termina, confirma a popularidade ímpar deste a quem chamam já o Papa do Povo. E reforça-a, tornando-o já, ainda em início de mandato, no mais fascinante de todos os Bispos de Roma.
Há frases que dizem mais do que aquilo que dizem. Quando ditas pelo Papa dizem ainda mais. Quando ditas pelo Papa, e em português…
- “Gostaria de bater a cada porta, beber um copo de água, tomar um cafezinho … mas não um copo de cachaça…” – dita na favela da Varginha, pelo Papa, diz bem mais do que dizem as palavras que a compõem. Diz proximidade, em vez distanciamento. Calor, em vez de frio. Afecto, em vez de indiferença!
Dizer a jovens que “nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança” e que “não fiquem na parte de trás da fila, cheguem-se para a frente … porque são vocês os agentes da construção do futuro” poderia não passar de palavras de circunstância. Ditas pelo Papa Francisco dizem mobilização. Mobilização para a mudança, em vez de conformismo e alheamento!
Este é um papa diferente. Parece-me a mim, que sou laico, um papa que faz falta neste mundo actual, à solta, desregulado e desenfreado!
Curioso é que a próxima Jornada Mundial da Juventude esteja já marcada para Cracóvia, na Polónia. A Cracóvia natal de João Paulo II, outro campeão de popularidade. Mas diferente…
Prodígio em Saragoza, onde jogava emprestado, chegou num dos negócios com o Atlético de Madrid em que o Benfica é pródigo. A preço de prodígio – 8,5 milhões – que afinal não era.
Não sendo prodígio logo foi pródigo – o filho pródigo de regresso a Saragoza. Num negócio de prodígio, explicado em 8,6 milhões!
Voltou a filho pródigo - o bom filho que a casa torna - e ei-lo de volta ao Atlético de Madrid. De passagem, com caminho certo para Atenas, para que volte a regressar. A filho pródigo, de mais negócios de prodígio. Porque afinal o negócio de prodígio que o fez pródigo pela primeira vez, era ainda mais que um prodígio de negócio. Tanto que o Benfica ficara ainda com uma parte do passe, decisiva agora em mais um negócio em que são pródigos: não fora isso e outro galo cantaria no negócio de Pizzi. Provavelmente mais um prodígio de negócio!
Vai bem a moção de confiança que o governo vai apresentar no Parlamento, para dar o pontapé de saída no novo ciclo.
Divide-se em duas partes. Na primeira faz o elogio do passado, destes dois anos em que tudo correu às mil maravilhas. Sem eles nunca poderíamos ter chegado a este momento único de felicidade e optimismo que abre o país ao novo ciclo. Na segunda fala justamente do novo ciclo, do ciclo de progresso, crescimento e desenvolvimento que o novo governo, desnecessariamente remodelado e revigorado – não se percebe porquê, nem para quê, mexer num governo-maravilha, que tudo o que fez foi bem feito - nos vai trazer nesta segunda parte do seu mandato.
Ainda ontem entrou aquela gente toda no governo, e já hoje há gente de saída. Não havia necessidade: Pires de Lima, o novo ministro que anunciam como milagreiro, bem podia ter evitado isto, tanto foi o tempo em que foi ministro em stand by... Podia tê-lo logo mandado com o Álvaro, que tanto, mas também tão cinicamente, elogiou à saída da tomada de posse.