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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Aldrabices de valor acrescentado II

Por Eduardo Louro

 

Aqui há muito tempo insurgi-me - e por isso recupero o título - com a prática de uma espécie de jogo que as televisões promoviam, e promovem. Jogos de sorte e azar, de apostas, de forma mais ou menos encapotada, mas também consultas de opinião. Tanto sorteiam bilhetes para este ou aquele espectáculo, camisolas, sei lá… como se limitam a pedir... uma opinião. Sempre com uma chamada de valor acrescentado por trás!

Questionava então a legalidade de tal coisa, certo no entanto da sua ilegitimidade, e não imaginaria o salto qualitativo que o negócio, que se está nas tintas para a legitimidade, já preparava. Pôr dinheiro em cima da mesa foi o passo seguinte das televisões!

Mas o pior nem foi isso. Nem sequer passar a usar as respectivas cabeças de cartaz na promoção do negócio. O pior mesmo foi passar a usá-las na pressão, na intolerável pressão, sobre o telespectador!

As três televsões generalistas - sim, a estação pública também lá está - passam perto de sete horas por dia, sete dias por semana, através das suas principais estrelas, e ídolos do grande público, a pressionar os telespectadores a ligarem para o 760 não sei quantos, a garantir-lhes, olhos bem nos olhos, que é a sua vez, que ali têm à mão os mundos e fundos que lhes irão permitir tudo o que sempre ambicionaram. É tão simples: é só ligar!  

É assim todos os dias, a todo o momento, entre as 10 da manhã e o fim da tarde. Durante a semana, e ao sábado, e ao domingo... Em estúdio ou nas praças das vilas e cidades do país, para onde as três vão, no Inverno passar o fim de semana e, no Verão, as férias. Pelo que presumo seja o target das audiências daquelas estações, naqueles horários, nãos será difícil perceber o sucesso do negócio. Naquele target só poucos, muito poucos, terão condições para resistir ao longo de horas a fio à pressão, olhos nos olhos, dos seus ídolos. Dos seus Gouchas, das suas Cristinas, das suas Júlias, ou das suas Sónias... Muitas vezes, quase sempre, com a cumplicidade dos seus interessantes convidados...

Aqui já não é apenas a legitimidade que está em causa. Nem sequer a ilegalidade: se não é ilegal, deverá ser; terá que passar a ser. Isto é simplesmente inaceitável!

Porque é um jogo de dinheiro. Porque recorre a publicidade ilegal - aquele tipo de comunicação, quando ganha a forma de publicidade, não pode ser legal. Porque é concorrência desleal com as entidades que exploram legalmente esses jogos. Mas, acima de tudo, porque assenta numa relação desigual. De um lado, a vender, está uma entidade poderosíssima, lançando mão a tudo, incluindo ao abuso de confiança, e do outro, consumidores indefesos, entregues às suas companhias de todos os dias. E com o telefone ali tão à mão...

Não é com vinagre que se apanham moscas

Por Eduardo Louro

 

Estou a ficar preocupado com os entraves que começam a ser levantados à transformação do antigo Cinema Londres em loja de chineses. Não é por nada, é que não me parece boa medida afrontar os coitados dos chineses, que compraram aquele espaço convencidíssimos de que eles é que mandam nisto, e que ninguém impediria a alteração da respectiva licença de utilização…

Não vão gostar… É certo que já não temos mais EDP´s nem REN´s para lhes vender mas ainda temos muitos vistos gold para lhes entregar. E não é com vinagre que se apanham moscas!

Quero crer que o governo está atento, e que tudo vai fazer para resolver isto...

Soares Carneiro (1928-2014)

Por Eduardo Louro

 

 

Vejo a notícia da morte de Soares Carneiro e lembro-me das candidaturas presidenciais, das actuais e das do passado. Lembro-me das traquinices de Marcelo e da redundância de Durão Barroso. E da obstinação aventureirística de Soares. E até do aventureirismo incompetente de Nobre, que ameaça regressar.

Especialmente entre os mais novos, pouca gente saberá quem foi o general Soares Carneiro. Foi o candidato às presidenciais de 1980, que Sá Carneiro escolheu para lançar contra Eanes, e que já na altura também ninguém conhecia. Foi o candidato da direita que fez Eanes passar a ser o da esquerda. Que fez de Eanes o presidente eleito pela direita e reeleito pela esquerda, nas eleições que ficaram para sempre marcadas pelas mortes, nas vésperas, de Sá Carneiro e Amaro da Costa. Nas presidenciais que, a par das seguintes, com Mário Soares e Freitas do Amaral, seriam as mais radicalizadas e disputadas da história da democracia portuguesa… 

Foi a encarnação do sonho de uma maioria, um governo, um presidente. A ambição de Sá Carneiro que Sócrates, muitos anos depois, tornaria possível...

 

Sem estratégia

Por Eduardo Louro

 

Já passaram dois dias e do Benfica ninguém desmentiu a venda dos direitos desportivos e económicos de André Gomes. Mesmo que, tanto quanto neste momento se sabe, a operação ainda não tenha sido comunicada à CMVM – nem esta entidade, ao contrário do habitual, tenha exigido qualquer esclarecimento – sou levado a dá-la por facto.

Não faço a mínima ideia se a venda do passe de André Gomes pelos propalados 15 milhões de euros, é bom ou mau negócio. Trata-se de um jovem que, apesar de deixar a ideia que é avesso a altas intensidades, já demonstrou com clareza que poderá vir a ser um jogador de primeira água, em que o Benfica, através deste seu treinador, pareceu apostar menos do que se justificaria. Logo, tanto poderá dizer-se que ainda não justificou tão elevado montante, como que tem potencial para a curto prazo valer mais do dobro. Não se pode por isso pôr em causa o valor da venda; apenas a sua oportunidade.

Mas nem mesmo isso é, do meu ponto de vista, o que mais importa. E assim sendo não é sequer a venda de André Gomes o que de mais importante tem a venda de André Gomes. O que de mais importante há para concluir desta operação é que o Benfica está sem estratégia, a navegar à vista e com muito pouca clareza, coisa de que há muito se desconfiava.

O presidente Luís Filipe Vieira começou a época, há apenas 5 meses, com aposta estratégica na Liga dos Campeões, razão pela qual recusou qualquer venda. O Benfica não estava obrigado a vender, e em ano de final na Luz justificava-se apostar tudo. Quatro meses depois, porque afastado desse sonho, o Benfica já era obrigado a vender. E por qualquer preço, como se começou a perceber… E sem nexo causal, as necessidades de encaixe já satisfeitas (40 milhões) não têm nada a ver com o prejuízo financeiro (10 milhões, no máximo) da saída da chamada liga milionária…

E muda de estratégia, que passa da aposta na Champions para a aposta no Seixal, na formação, o que, como se percebeu, abriu uma zona de conflito com o treinador. Para de imediato vender justamente o produto em curso em mais adiantado estado de acabamento.    

Estratégia é, por definição, um caminho claro e longo. Mudar de caminho ao sabor do que quer que seja pode ser muita coisa. Estratégia é que não!

Tudo isto é errático. E nada claro. O André Gomes não foi vendido a um clube, como é normal. Foi vendido a um empresário, coisa que LFV sempre disse não admitir no Benfica. Jorge Mendes irá agora cedê-lo a quem e nas condições que entender. Poderá até colocá-lo no Porto, que até acabou de deixar partir o Lucho Gonzalez…

 

Coisas do marketing

Por Eduardo Louro

 

 

Não é morte de ninguém. É apenas a morte de uma marca!

A TMN vai-se embora e não vai dizer até já. Desaparece como o fumo, e como fumo mistura-se no MEO. Desaparece uma marca com história, e com muitas histórias. Umas boas, outras más…

Nada muda, tudo fica na mesma. O marketing é isso mesmo!

 

E ainda apor cima lhes pagam...

Por Eduardo Louro

 

Televisões e jornais andam numa roda-viva, empenhados em abrilhantar a festa que o poder decidiu abrir por esta altura, para promover o circo eleitoral que aqui se está a instalar para estes próximos dois anos. Fazem lembrar a orquestra do Titanic, não percebendo que o país se continua a afundar cada vez mais.

Nunca como agora sobraram tantas razões de crítica ao comportamento da comunicação social, e em especial das televisões. E nem sequer me estou a referir ao clássico capital de alienação e ao papel anestésico das programações das generalistas.

Repare-se como as televisões estão cheias, a toda a hora, de políticos no activo, ainda no poder ou com o lugar que lá deixaram ainda quente, sempre no mesmo registo, sempre com a mesma mensagem… Como são pagos – e alguns como verdadeiras estrelas – para alimentar as suas ambições e promover os seus projectos políticos pessoais. Não têm apenas acesso gratuito a estas poderosas máquinas de popularidade e de publicidade. Não, ainda por cima lhes pagam!

Marcelo Rebelo de Sousa anda há anos a construir nas televisões a sua candidatura presidencial. Chegou a hora certa e, como se viu há uma semana, não se preocupa nada com essas coisas da vergonha na cara. Não hesitou em aproveitar aquele tempo que lhe é pago para dar o golpe de misericórdia em tudo o que pudesse ser adversário potencial, reservando logo ali o seu lugar ao mesmo tempo que dava um simpático empurrão no calendário. Que, evidentemente, lhe permite prolongar o mais possível o seu espaço semanal de contacto com os portugueses. Líder de audiências!

Também Marques Mendes, ainda ontem, aproveitou o espaço televisivo que lhe pagam para usar, para exibir um documento que, supostamente, o defenderia da acusação de ter participado num negócio nada claro de venda de acções, que os jornais trouxeram a público no início da semana que hoje acaba. Como é evidente, e tenha ou não responsabilidades na operação – as menos graves das quais seriam sempre as fiscais – não há documento fiscal nenhum que o possa neste momento ilibar. No entanto, e mesmo sabendo que (quase) toda a gente percebia isso, não hesitou em usar aquele espaço para fazer aquele número.

Quando tanto se fala de indicadores, isto poderá não ser um indicador, mas é certamente um indicativo da decadência do regime. Do cheiro a fim de regime que sente por todo o lado!

Não conta? Conta, conta!

Por Eduardo Louro

 

O Benfica fechou hoje o já garantido apuramento – era a única equipa apurada logo à saída da segunda jornada – para as meias-finais da Taça da Liga, num jogo em que defrontou o Gil Vicente no Restelo, que teve de pedir emprestado porque o relvado da Luz está doente, tanta foi a chuva que apanhou logo à nascença.

Numa semana em que, a propósito e despropósito – mais a despropósito, parece-me – tanto se falou de formação, o Benfica apresentou uma equipa baseada na sua formação e sem qualquer titular habitual. E com sete portugueses (e dois sérvios, um brasileiro e um argentino) à entrada e nove à saída – os dois sérvios foram substituídos por dois putos-maravilha portugueses, o Bernardo Silva e o Hélder Costa!

Não se pode falar numa exibição de sonho, mas tem de se dizer que esta equipa do Benfica fez uma grande jogatana. Jogaram à bola como gente grande, com exibições notáveis do Rúben Amorim – cada vez que joga é show de bola garantido – Ivan Cavaleiro e André Gomes e com os três suplentes que entraram, os dois acima e João Cancelo, a deixarem-nos água na boca, num domínio nunca visto entre equipas da primeira divisão. Basta lembrar que o Gil não fez um único remate!

No final da primeira parte ainda se pensou que seria por jogar contra o vento. Sabe-se que no Restelo o vento só não é tão famoso com os velhos porque no tempo de Camões ainda não havia futebol. Mas não, não era do famoso vento do Restelo, porque na segunda parte, com ele pelas costas as coisas ainda pioraram.

Mas o Benfica apenas ganhou por um a zero?

Pois, é verdade. Mas há atenuantes!

Umas vezes porque os dez defesas do Gil conseguiam impedir os jogadores do Benfica de rematar. Às vezes em falta, e ás vezes dentro da área. O árbitro só uma vez marcou penalti, mas nem assim deu golo – o Funes Mori atirou contra o guarda-redes e a recarga foi disputada pelos dois sérvios, que tudo fizeram para se anular um ao outro. Talvez por isso o árbitro tivesse evitado assinalar todos os outros… E como a bola não queria entrar, como mais uma vez provou no único golo registado no marcador, quando entrou, o árbitro achou que era uma violência contrariá-la…

Correndo hoje a última jornada tudo teria de ficar decidido. E o Braga, com cinco a zero perante um miserável Belenenses – cada vez que me lembro que foi uma equipa destas que roubou dois pontos na Luz até me dá uma coisinha má – também acabou por garantir o apuramento que, pelo capricho do sorteio e pela classificações do último campeonato, com o Sporting lá para baixo, praticamente lhe garante a presença na final. Pelo segundo ano consecutivo!

Sporting e Porto disputavam a honra e o privilégio de receber o Benfica em sua casa. Era – e acabou por ser – uma questão de golos. Passaram a semana a anunciar golos e mais golos, mas depois foi o que se viu. Saiu premiado o Porto – e o termo é esse, a vitória caiu-lhe do céu – e de fora ficou a melhor equipa do grupo, o Marítimo. Que já fora muito melhor que o Sporting, mesmo perdendo por 3-0 em Alvalade. E que hoje foi imensamente melhor que o Porto. Esteve a perder, deu a volta ao resultado, esteve sempre mais perto de fazer o terceiro do que de sofrer o empate, mas acabou por sofrê-lo e voltar a perder ingloriamente no último minuto.

Agora digam que a Taça da Liga não conta... Conta, como se viu. Mas também contam os banhos de bola. E em apenas três jogos o Porto levou dois. Dos grandes! 

Revisitações

Por Eduardo Louro

 

O texto abaixo, que volta ao tema do referendo  aprovado há precisamente uma semana no parlamento, provocou muito mais reacções contrárias do que favoráveis, como se pode concluir por uma passagem pela caixa de comentários. Que pelo menos querem dizer, ao contrário do que chegou a parecer, que a questão da adopção e da co-adopção por casais do mesmo sexo está longe de ter sido incorporada na sociedade portuguesa. Mesmo que a maioria das manifestações misturem conceitos e preconceitos, confundam valores com tabus e ignorância com ideologia...

Na altura da discussão e da aprovação da lei que pretendem agora anular com o referendo, quando estranhamos a ausência de contestação, levantamos aqui essa questão. Por mais que uma vez, e com várias interpretações para isso. Mas logo de seguida começamos a perceber o que se tinha passado. Ao ponto de agora percebermos que a coisa tenha sido despachada pela Comissão Política Nacional do PSD logo em Outubro!

Porque, se outra gente, em idênticas circunstâncias (referendo sobre a IGV), soube guardar um conveniente e respeitador longo período de nojo - 10 anos - esta gente nem uma semana soube guardar de luto!

 

A barbárie do vale tudo

 Convidada: Clarisse Louro *

 

Se vivêssemos num país normal, com o mínimo de sentido crítico e de mobilização cívica, que não estivesse completamente sedado, na passada sexta-feira teria acontecido na Assembleia da República um dos maiores golpes nesta democracia de faz de conta que nos vai corroendo.

A aprovação de um referendo sobre a adopção e a co-adopção por casais do mesmo sexo, por 93 deputados do PSD, é um golpe baixo, uma canalhice e um insulto à democracia.

Porque pretende levar a referendo aquilo que há pouco mais de seis meses a Assembleia da República decidiu, para cancelar o respectivo processo legislativo. Porque fá-lo atrás de um escudo: a JSD não é mais que um escudo, porque a proposta foi aprovada pela Comissão Política do PSD, e o próprio Passos Coelho teve já que vir dar-lhe cobertura. Porque, numa matéria de consciência, impõe a disciplina de voto, obrigando deputados que haviam votado a favor da lei a votar agora nesta trapaça, e a declarações de voto indignas e vergonhosas. Haverá maior atentado à dignidade, maior achincalhamento, que um deputado dizer, justamente em matéria de consciência, que foi obrigado a votar contra a sua própria consciência? E finalmente, no que ao domínio processual respeita, pela hipocrisia que veio da bancada do outro parceiro de maioria. Que, manifestando-se contra a iniciativa, mais por razões de oportunidade política e financeira do que outras, viria pela abstenção, seguramente que imposta pela direcção do grupo parlamentar, a viabilizá-la.

Se no plano processual e no dos princípios e valores políticos a afronta é grande, não é menor no dos valores da emancipação cívica e civilizacionais.

Porque não se sujeita a referendo o exercício de direitos humanos. Porque, ao contrário do que o primeiro-ministro teve o desplante de afirmar, não é democracia referendar direitos de minorias. É por isso que existe a democracia representativa, e é por isso que as grandes conquistas da civilização que decorrem dos direitos das minorias andam à frente da sociedade.

Se não fosse assim ainda hoje haveria escravatura, porque as sociedades continuariam esclavagistas. As mulheres ainda não votariam. O divórcio seria proibido. A igualdade de género não passaria de uma miragem…

Escrevi aqui em Maio, nesta mesma minha coluna, aquando da aprovação da lei, que não iria então manifestar a minha opinião sobre a questão em si. Não sei se alguém estará recordado, mas na ocasião pretendi reflectir sobre a forma pacífica como a questão tinha passado na opinião pública.

Hoje, não. Vou deixar claro que acho que é o interesse supremo da criança que tem sempre de prevalecer. Que acho que uma família é uma família, independentemente da orientação sexual dos seus membros. Que acho que um homossexual não tem menos capacidade de amar e cuidar. Que ser pai ou ser mãe vai além do acto de procriar. E que, em particular a co-adopção, é uma questão básica e fundamental de direito!

A esta gente que tomou conta do poder não basta empobrecermo-nos da forma brutal que tem feito. Não basta privatizar, e depois fazer a lei sobre o que é estratégico para o país, quando já nada mais há para privatizar. Não basta cortar na educação e na saúde públicas, para entregar depois a privados, com negociatas e escândalos sempre impunes. Como alguma comunicação social algumas vezes ousa denunciar, para logo ser abafado. Como sucedeu com uma estação de televisão, na denúncia de práticas e ligações de um grupo privado na Educação. Ou com outra, que denunciou os escândalos da facturação à ADSE - que já começamos a pagar, com o agravamento das nossas contribuições, que nos reduzem ainda mais os sucessivamente reduzidos salários – e outras práticas e ligações perigosas do grupo, que entretanto inundava jornais e televisões com publicidade…Não basta cortar ordenados e pensões, enquanto entrega por ajuste directo negócios a uns amigos, e encaminha outros para os melhores lugares internacionais.

Não lhes basta tudo isto. Querem ainda obrigar-nos ao retrocesso civilizacional e à barbárie do vale tudo!

 

 

* Publicado hoje no Jornal de Leiria

Um cromo

Por Eduardo Louro

 

 

Já aqui escrevi várias vezes sobre o que considero a vergonhosa aprovação da proposta de referendo, na passada sexta-feira. Resisti sempre em escrever o que quer que fosse sobre a atitude da vice-presidente do PSD e do grupo parlamentar, a deputada Teresa Leal Coelho, que se ausentou do hemiciclo na altura da votação e, depois, apresentou a sua demissão da vice-presidência da bancada.

Não é figura por quem nutra especial admiração, já aqui foi de resto referida em circunstâncias pouco abonatórias, personalizando sempre o mais acéfalo seguidismo que a grande maioria dos deputados revela. Um cromo da política!

Fiquei por isso surpreendido. Nunca a imaginaria a desafiar o poder, não a julgava capaz daquela verticalidade que faria supor lealdade a princípios e valores de que a julgaria arredada.

Era no entanto tal a pedra no sapato que nem essa surpresa me levou, apesar da tentação – se há coisa que gosto é de corrigir as minhas próprias impressões quando reconheço que estão erradas –, a louvar a sua atitude e a revelá-la como o raio de luz que brilhou naquela tarde negra do parlamento. Não me arrependo: afinal, quer a proposta quer a fixação da disciplina de voto, tinham sido aprovadas por unanimidade pela Comissão Política Nacional, em 22 de Outubro. Afinal a senhora concordara com aquilo tudo e, vá lá saber-se porquê, mudou depois de ideias…

Está-se sempre a tempo de mudar. Não há mal nenhum nisso, especialmente se for para melhor. Mas um cromo é um cromo!

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