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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Brasil 2014 XXI - Hoje alguém deveria estar envergonhado

Por Eduardo Louro

 Halliche rejeita ideia de vingança contra a Alemanha

 

Num relvado de areia pintada de verde, tecnologia provavelmente importada de Alvalade, França e Nigéria, a primeira vinda do tal grupo, como primeira classificada, e a segunda do grupo dominado, via Messi, pela Argentina, encontraram-se para disputar o acesso ao grupo dos oito melhores.

A primeira parte do jogo não confirmou, nem nada que se parecesse, o largo favoritismo atribuído aos franceses. A Nigéria esteve até mais vezes por cima, com mais iniciativa e mais constante no jogo, com a França mais expectante.

Claro que quando a exigência era maior percebia-se a superioridade técnico-táctica da França, mas nada que desequilibrasse o jogo. Nem que lhe permitisse aproveitar as duas oportunidades em que a equipa nigeriana não resistiu àquilo a que tenho chamado vírus africano do disparate…

Na segunda parte o tom manteve-se, mas a superioridade dos africanos acentuou-se, o que não invalidou que a primeira grande oportunidade de golo tenha pertencido aos franceses (Benzema, aos 70 minutos).

Com a entrada no último quarto de hora a França, e com Griezmann no lugar de Giraud – o que faz muito mais sentido, dá mais largura mas também mais equilíbrio à equipa – inverteu o rumo dos acontecimentos e passou a pressionar a defesa da Nigéria, que não resistiu por muito tempo. Em apenas três minutos, um defesa salva em cima da linha, Cabayé atira ao poste e, logo a seguir, num canto que se seguiu a um livre lateral, o golo. De Pogba. Faltavam 10 minutos para o fim e o tal vírus africano tomou conta da Nigéria, que acabaria por agravar o resultado com um auto – golo, já nos descontos.

Provavelmente foi por opção estratégica que a França se deixou subalternizar durante cinco dos seis quartos de hora do jogo. Provavelmente deixou a aposta na pressão alta para o fim porque foi essa a altura que escolheu para atacar o jogo. Isso, e a entrada de Griezmann, terá sido determinante mas, decisivo mesmo, foi ter mantido Matuidi durante os noventa minutos. Porque foi um jogador fundamental, porventura o melhor em campo. Mas que deveria ter sido expulso logo aos 10 minutos da segunda parte, no preciso momento em que, com uma entrada violenta que o árbitro simplesmente amarelou, atirou com Onazi, que estava a ser o seu equivalente na Nigéria, para fora do campo!

A França acabou por ganhar bem. Mas… Há sempre um mas!

O outro jogo do dia foi uma tortura. Verdadeiramente penoso. Não pelo jogo em si, mas por, com o jogo da selecção portuguesa tão presente – faz hoje precisamente quinze dias – vermos como a selecção argelina começou por anular, e até a superiorizar-se, à alemã. Com uma receita simples: linhas muito juntas e agressividade qb. Sem espaço entre linhas onde, contra Portugal, Lahm, Gotze, Ozil, Kroos, Khedira e Muller entraram como quiseram, para fazer o que muito bem lhes apeteceu, a Alemanha errava passes e perdia bolas. Que os argelinos aproveitavam muito bem. Até para criar oportunidades de golo!

Tudo isto com jogadores que jogam na Bulgária, na Croácia, nos escalões inferiores em Inglaterra ou em França. E em Portugal, na Académica. E no Sporting… Faço ideia da vergonha por que passou hoje Paulo Bento. E as suas estrelas, se é que viram o jogo…

Só nos últimos 10 minutos, já com Khedira e com Lahm regressado ao seu lado direito, e aí a fazer a diferença – ele faz a diferença em qualquer lado –, a Alemanha começou a criar verdadeiras ocasiões de golo. Que, do outro lado, Neuer evitava jogando como se de um libero se tratasse. Adivinhava-se então o golo, mas foi o final do jogo a chegar mais depressa. E depois o prolongamento, penoso, mais uma vez, para muitos jogadores…

E logo no início, sem saber muito bem como, Schurle marcou. A Argélia ainda dispôs de uma grande oportunidade para empatar. E marcou mesmo, já nos descontos, só que já depois de, um minuto antes, Ozil ter feito o segundo golo. E cumpriu-se o futebol: no fim ganha a Alemanha!

E lá está um França – Alemanha nos quartos. E não sei, não!

 

Brasil 2014 XX - Emoções fortes

Por Eduardo Louro

 

 

Holanda e Costa Rica formam já o próximo par para os quartos. Fala-se do mundial de futebol, bem entendido…

No terceiro jogo dos oitavos de final a Holanda afastou o México (2-1) num grande jogo de futebol, entre duas equipas que sabem jogar à bola, orientadas por gente que sabe do ofício. Especialmente do lado holandês!

Esta foi uma vitória da selecção holandesa, mas tem o dedo inconfundível do próximo treinador do Manchester United. A Holanda apresentou-se no seu novo formato, no 5-3-2 que fez moda neste mundial, mas foi o México, com idêntica disposição, que mandou no jogo, com o portista Herrera, seguramente merecedor do troféu – se não o houver podia criar-se – para o mais deselegante e inestético jogador do mundial, como motor.

Os mexicanos distribuíam-se bem pelo campo, roubaram todos os espaços aos holandeses, e impuseram a sua dinâmica, assente na tão inegável quanto insuspeita categoria de jogador do Porto. Tirar o espaço a Robben e Van Persie é como tirar-lhes o ar: sem ar não respiram, como qualquer um de nós, sem espaço não jogam. Pronto: jogam pouco, são - foram -peças perdidas lá na frente!

Foi assim durante mais de uma hora, – mesmo que pelo meio, mesmo no fim da primeira parte, o Pedro Proença tenha deixado por assinalar um penalti claríssimo sobre o Robben – o tempo que o México precisou para marcar, logo no arranque da segunda parte (3 minutos), mais o que Van Gaal terá demorado a preparar a mudança. 

Se não havia espaço para Van Persie, o melhor seria tirá-lo. E colocar alguém lá na área mais posicional e fisicamente forte. E mais fresco. Já para Robben, o melhor seria ele procurá-lo. É um jogador fundamental, e então foi para a ala direita procurar - e encontrar - o espaço que noutras zonas sempre lhe faltou. E abrir o jogo pela direita, porque para o abrir do lado contrário entrou o miúdo Depay. À medida que tudo isto ia acontecendo, e já dentro do quarto de hora final, De Kyut saiu da esquerda, desfazendo o cinco, e subiu para a área, para junto de Huntelaar, o tal que entrara para substituir Van Persie.

O resto é a emoção do futebol, com Sneijder a fazer o empate a dois minutos do 90, e Huntelaar, na conversão de um penalti - que o árbitro português assinalou para fazer a vontade a Robben - a consumar a reviravolta a outros dois minutos dos 6 de compensação.

O adversário da Holanda nos quartos de final saiu do confronto entre a Grécia e Costa Rica, duas das surpresas destes oitavos, com os centro-americanos na figura de surpresa maior deste mundial. E pode dizer-se que lhes calhou o pior adversário possível para reforçarem o estatuto!

Porque a Grécia é, como se sabe, um adversário matreiro, que nunca se expõe e que espera pela presa como o melhor dos caçadores. Mas acima de tudo porque eliminá-la não seria sequer surpresa!

O jogo foi fraquinho na primeira parte, se bem que com mais Costa Rica, mas muito intenso depois. Logo no início (7 minutos) da segunda parte a Costa Rica marcou - o árbitro negar-lhe-ia, no minuto seguinte, um penalti que poderia ter dado o 2-0 - mas já contra a chamada corrente do jogo. A Grécia, que já estava por cima, tomou notoriamente conta do jogo a partir do momento em que ficou em superioridade numérica (66 minutos) por expulsão – segundo amarelo – de um jogador centro-americano. Foi já no período de compensação que acabou por chegar ao golo. E ao empate. E ao prolongamento!

Que foi de um enorme sofrimento para os jogadores de ambas as equipas. Mais penoso para os da Costa Rica, mais de uma hora com um jogador a menos... A Grécia foi então ainda mais dona do jogo, mas não marcou. E lá vieram os penaltis!

Ao contrário do que sucedera no desempate entre o Chile e o Brasil foi um festival da arte de bem marcar penaltis. Falhou um, o grego Gekas. Melhor: defendeu, muito bem, o guarda-redes Navas, o homem do jogo (na foto) que, diz-se por aí, está a caminho de Portugal. E Fernando Santos, que foi expulso no intervalo para a marcção dos penaltis, também vem para casa. Mas com o dever cumprido!

Brasil 2014 XIX - Oitavos com vista para os quartos

Por Eduardo Louro

 

 

Arrancaram os oitavos de final do Mundial. Por hoje só com equipas sul-americanas, a provar a superioridade deste lado do mundo nesta competição.

E arrancaram logo com o Brasil e o Chile, a darem o mote para o que pode ser o que aí vem, com prolongamentos e penaltis. Grande jogo, de emoções fortes!

Como aqui se previra o Chile não foi pêra doce, e o Brasil esteve em sério risco de ser eliminado. Foi salvo pelos ferros de uma das balizas, onde ao minuto 120 o Pinilla – que aqui hás uns anos por aqui chamavam de Pinigol, que até rima com Pongolle – acertou e onde acabaria por bater a bola batida pelo Jara, no último penalti chileno.

O escândalo que seria o afastamento do Brasil logo ao primeiro mata-mata - terminologia de Scolari, ou como pela boca mporre o peixe - esteve prestes a rebentar. Porque o Brasil ainda não tinha convencido, e continua sem convencer. É assim desde que a selecção brasileira substituiu o futebol artístico que lhe corre nas veias pelo futebol industrial que impera pelo mundo fora. É que assim as vantagens comparativas do Brasil esbatem-se: ter muitos melhores jogadores é apenas uma vantagem que se perde no meio de tanta outra coisa.

Às vezes resolvem alguns problemas, mas não resolvem sempre todos os problemas, como hoje se viu com Neymar. Que não se viu!

O arranque da segunda parte do prolongamento, quando restavam apenas 15 minutos para o Brasil garantir o apuramento, constitui a melhor imagem do que é a negação do futebol brasileiro que a selecção de Scolari pratica. O Brasil teve a bola de saída, e foi assim: bola ao centro, atraso directo para o guarda-redes, chutão para a frente e… bola para o adversário.

É este o futebol que o Brasil tem para apresentar, e é com ele que acha que vai ser campeão. Por isso o Chile teve mais bola, jogou melhor futebol e não mereceria ter perdido.

O Brasil não tem – e não é de agora, já assim é há uns anos – pontas de lança. Tem muitos jogadores do melhor que há para todas as posições, mas não tem para essa. A exemplo de Paulo Bento, Scolari, em vez de trabalhar um sistema de jogo que conviva com essa realidade, procurando soluções que, face à excepcional qualidade de tantos jogadores, transformem essa ameaça numa oportunidade, insiste na aposta em jogadores que a ocupem. Mas só isso, apenas ocupam lá um lugar…

No outro jogo encontraram-se um Uruguai desfalcado e uma Colômbia moralizada e certamente convicta que é uma das melhores equipas deste mundial.

A grande baixa dos uruguaios é Luiz Suarez, o génio cujo mau génio a FIFA castigou severamente. Com demasiada severidade, parece sempre que tem mão muito mais pesada para aspectos comportamentais digamos que bizarros, do que para a violência de que tantos e tantos jogadores usam e abusam. Não se sabe se, com ele, o Uruguai teria alguma hipótese perante esta fantástica Colômbia. Sabe-se que o Uruguai só com ele ganhou e que, como aqui referi aquando do jogo inaugural com a Costa Rica, uma selecção que ainda precisa de Forlan dificilmente pode ganhar o que quer que seja.

Por isso é com toda a naturalidade que a Colômbia, de James e de Quadrado, segue para os quartos de final, para aí, se tudo se mantiver, deixar o Brasil em estado de choque. Voltou a apresentar do melhor futebol que por lá se vai vendo, e James voltou a mostrar por que é já uma das maiores figuras deste mundial. E voltou a marcar, são dele os dois golos do jogo, e o primeiro é simplesmente sensacional. É já o melhor marcador, com cinco golos. Dois deles entre os quatro melhores da prova!

Brasil 2014 XVIII - Balanço à participação portuguesa

Por Eduardo Louro

 

 

Quando o apuramento para o Brasil estava em dúvida – e isso aconteceu durante muito tempo, porque cedo a selecção começou a desperdiçar pontos e só tarde, no segundo jogo do paly-off na Suécia, o assegurou – toda a gente dizia que seria impensável um campeonato do mundo, no Brasil, sem a selecção portuguesa. Pelo peso que o futebol português (já ou ainda?) tem, por ser no Brasil, o romântico país irmão mas, acima de tudo, por Cristiano Ronaldo…

Hoje, com a selecção portuguesa já afastada, com um desempenho pior que medíocre, pode concluir-se que não faz lá falta nenhuma. Não faz, como não fez… Não acrescentou nada ao campeonato do mundo e retirou muito a si própria. E não só...

Diz-se hoje que a selecção veio de menos para mais, que fez o pior no primeiro jogo, na goleada da Alemanha. Que melhorou no segundo, no empate com os Estados Unidos, e que esteve finalmente bem no terceiro, da vitória magra e amarga contra o Gana. Não me parece, nunca me pareceu que tivesse sido isso o que se passou. Isso aconteceu apenas nos resultados, que são soberanos mas não são tudo. O pior dos três jogos foi o segundo, contra a selecção de um país que despreza tanto o futebol - e tantas outras coisas - que nem o trata pelo nome. Porque o primeiro tem um sem número de atenuantes: má preparação do jogo, adversário do melhor que há, influência decisiva da arbitragem, expulsão, com inferioridade numérica durante mais de dois terços do jogo, lesões... O segundo, não. Não tem nada disso, antes pelo contrário. Contra um adversário fraco - agora a cumprir um alto serviço ao país, dando-lhe a saber que existe algures, não sabem bem onde, um país chamado Bélgica -, e com vantagem no marcador logo aos cinco minutos, sem surpresas quanto ao estado físico, e de forma, pelo menos dos jogadores que já tinham sido utilizados e sem qualquer razão para facilitar na preparação do jogo, que depois do empate entre a Alemanha e o Gana era decisivo, a selecção portuguesa foi simplesmente cilindrada. Os americanos, que haviam ganho ao Gana simplesmente porque às vezes há milagres no futebol, que simplesmente tinham mostrado saber defender - coisa que hoje em dia qualquer equipa que não seja africana sabe fazer - logo que se viram a perder mandaram-se para cima dos portugueses. E foi um não mais parar de oportunidades, uma autêntica humilhação que só parou quando viraram o resultado. Um golo no quinto e último minuto de compensação, com que ninguém contava, salvou o resultado. Apenas isso!

No terceiro, com o Gana, Paulo Bento recorreu finalmente a outros jogadores. Também isso contribuiu para que fosse o mais bem conseguido, ou, talvez melhor, o menos mau. Mas, francamente, decisivos mesmo foram os problemas internos na selecção africana. Tivessem repetido as exibições dos dois jogos anteriores e teria sido mais um suplício. Como de resto se percebeu na breve e intermitente, mas também imediata reacção que tiveram ao golo alemão, no outro jogo.

Há muito que se percebia que era grande a probabilidade de ser assim. Porque já não temos grandes jogadores, porque se deixou de lado a formação, porque a base de recrutamento é pequena. Porque, tantas coisas que tanta gente diz...

E que são verdade, mas não são a verdade toda. Nem talvez a verdade que, agora, no imediato, mais interessa. 

Como já se percebeu, o jogo que, na minha opinião, mais marcou a eliminação foi o tal com os Estados Unidos. No texto que então aqui publiquei não me pareceu oportuno escrever tudo o que me ia na alma, e por isso ilustrei-o com um fotografia que hoje aqui repito. Ali estão Fernando Gomes, o líder da Federação, o seleccionador Paulo Bento e Cristiano Ronaldo, todos reunidos à volta do ícon. Parece-me simbólico. E sugestivo!

Porque a idolatria iconográfica à volta de Cristiano Ronaldo foi prejudicial. É estrategicamente inaceitável que domine, como dominou, a selecção nacional. E revela as fragilidades de liderança na Federação e na selecção. O mediatismo do craque português, a sua dimensão universal, e a sua condição de figura incontornável do showbiz internacional, não podem ser transferidos para o seio de uma equipa. Têm o seu espaço, mas é outro!

Mas o descalabro da selecção tem também a ver com o jogador fantástico que é Cristiano Ronaldo. E tudo começa por não perceber o papel da selecção nacional no seu sucesso desportivo. Talvez ainda seja um súper atleta, mas não é, nem nunca foi, um súper homem. E por isso não pode passar um ano de campeonato do mundo obcecado por recordes individuais. Tem que optar: ou abdica de um ou outro, ou abdica de aparecer em grande forma no maior palco do futebol mundial. Sabe-se qual é a escolha dos seus principais concorrentes!

Mas não se fica apenas por aí. Cristiano não foi apenas um jogador que chegou a este mundial em condições inaceitáveis para o seu estatuto. Falhou ainda, porque é o capitão de equipa, na liderança da equipa. Mostrou não ser o líder dentro do campo, não saber agarrar a equipa e impedi-la de se afundar. Mas também mostrou não o saber ser fora de campo, sendo o primeiro a atirar a toalha, a desvalorizar a equipa e os colegas. Mostrou-se acima de tudo e de todos, como nunca se lhe tinha visto. Falou quando não devia e calou-se deselegantemente quando devia falar. A cereja no topo deste bolo intragável surgiu quando, na qualidade de homem do jogo da despedida, apareceu na sala de imprensa para uma simples declaração, sem direito a perguntas mas, coisa estranha, com direito a exibir um boné de publicidade à sua própria marca.

Paulo Bento não fica mal na fotografia apenas pelas convocações, por contar sempre com os mesmos, independentemente do estado de forma e, até, dessa coisa nova que aprendemos nesta semana chamada índices de suspeição lesional. Não se percebe que, não havendo pontas de lança ou avançados-centro de qualidade minimamente aceitável, ele queime três lugares da convocatória com três specimens como os que levou. Nem se percebe a insistência até à exaustão em Veloso e Meireles. Mas, pior que tudo isso, foi deixar cair aquela imagem de impoluto. Deixa agora perceber que cede a interesses, sejam eles de jogadores, de directores ou de outros agentes que se movimentam no futebol profissional. Declarou-se responsável por tudo o que envolveu a preparação da selecção, mas não se vê como a estadia prolongada nos Estados Unidos não corresponda a cedência a interesses. Ou os treinos abertos no Brasil. Ou a súbita titularidade do Eduardo, retirada logo que arranjou novo contrato. Ou até a lesão de Rui Patrício, que mais não pareceu que uma encomenda de Alvalade, um pouco na linha das convocações, dos portistas Licá e Josué, no início da época, em contra-mão com o seu conservadorismo convocatório

Por último a estrutura federativa, personalizada no presidente Fernando Gomes. Em vez de uma estrutura profissioanlizada, com competências específicas para as diferentes valências do negócio, a Federação dedicou-se ao compadrio. A distribuir lugares como se de tachos de trate, seja para pagar favores seja para obedecer a lobbies

As caras da estrutura federativa são, para além do presidente, o vice Humberto Coelho e o director João Pinto. Sabe-se que o lobby dos jogadores de futebol reclama sempre protagonismo na organização do futebol português, mas a verdade é que raramente se lhe reconhecem atributos que lhes garantam especiais competências para o efeito. Lá está o João Pinto, sem que sequer se saiba o que lá anda a fazer. De quando em vez ouve-se, mas é para debitar lugares comuns que dizem nada, levando toda a gente a pensar que está lá porque tem uns problemas pessoais para resolver. Qualquer dia - se não chegou já - chega a vez do Vítor Baía...

Humberto Coelho foi um extraordinário jogador de futebol. Depois foi durante pouco tempo treinador de segunda linha e, de repente, chegou a seleccionador nacional. Teve a seu cargo o melhor conjunto de jogadores que Portugal já conheceu, e com eles, com pouco ou muito mérito, fez a melhor selecção nacional de sempre, que brilhou no euro-2000, na Holanda e na Bélgica. Depois, mais nada... E pelo discurso percebe-se mesmo que mais nada. Lugares comuns, nada mais... E quando sai daí é disparate, do grosso. Como se viu na conferência de imprensa desta semana, onde se percebeu que naquela estrutura não há liderança, nem estratégia, nem nada por onde alguma coisa dessas pudesse passar. Viu-se, sim, fazer o discurso da derrota, lavar os cestos - e alguma roupa suja - quando a vindima ainda prometia. 

A FPF está (mal) habituada às receitas da presença consecutiva nas fases finais das grandes competições permitida pela aposta na formação dos primeiros vinte dos últimos trinta anos. A actual direcção - e também a anterior - está sentada em cima de um saco de dinheiro, e acha que isso basta. Por isso não precisa de quem pense no futebol, até porque se alguém começar a fazê-lo vai dar-lhe cabo da tranquilidade. E isso é muito desconfortável!

 

 

Brasil 2014 XVII - Afinal dava mesmo para acreditar...

Por Eduardo Louro

 Ronaldo

 

Com a g(r)ana no bolso, o Gana não faltou. Também não lhe faltaram problemas … Nem o problema foi de gana. De mais ou de menos!

Nem de trocadilhos. Nem de América a mais. Porque a mais só havia mesmo Alemanha. Nem mais, nem menos. Foi de preparação a menos… Isso não en(gana)!

Este foi o melhor dos três jogos da selecção nacional. Foram as condições climatéricas?  Se calhar jogar com os melhores, com os que estão melhor, ajuda... 

Também ajudaria ter um ponta de lança. Ou alguma coisa parecida... E acreditar, acreditar também ajudava. E muito!

Percebeu-se durante a semana que não havia quem acreditasse, por que é que hoje haveria alguém para acreditar? É que até quando a Alemanha fez o golo parece que avisaram primeiro os ganeses...

No fim fica a certeza de que nada teria de ser como foi!

 

Brasil 2014 XVI

Por Eduardo Louro

 

 

Os oitavos de final do mundial estão quase definidos. O penúltimo dia confirmou a França e a Suíça, do tal grupo E, que nem mesmo depois de deixar de ser grupo deixará de ser o tal …

Como é e será sempre o tal, não merece sequer referência a particularidade de se terem apurado as duas selecções europeias, ficando de fora as duas americanas.

A França, mesmo empatando, ganhou o grupo, fugindo assim ao confronto com a Argentina – mas não perde pela demora, é só desenvencilhar-se da Nigéria – e, mesmo com a equipa secundária, continuou a provar que é do melhor que por lá anda, como aqui tem sido reiteradamente dito.

A Suíça qualificou-se também sem qualquer dificuldade, aparecendo Shaquiri – que fez os três golos, segundo hat-trick da prova, depois do de Muller, de má memória – a estrela perdida no Bayern de Munique, tapado que está por Robben e Ribery. Talvez tarde de mais, porque agora vem aí a Argentina…

Que acabou por ganhar todos os jogos do grupo F, sempre pela margem mínima. Desta vez à Nigéria, que ficou com o segundo lugar e com o apuramento, que vitória – única – da Bósnia sobre o Irão lhes garantiu.

A Argentina voltou a não entusiasmar, mas mantém elevado o estatuto. Porque Messi resolve, e já está lá em cima, com quatro golos, a par de Neymar!

Para que não mudem só as moscas...

Por Eduardo Louro

 

Nem só de lavar roupa suja vive a disputa interna do PS. Nem só de insultos e golpes baixos. Nem só de basófia e oportunismo…

No meio disto tudo era preciso que alguém dissesse o que disseram alguns militantes socialistas. Da forma que o fizeram, ou doutra qualquer, mas sem permitir que fique debaixo do tapete aquilo que lá não pode ficar. Sem lavar o que não pode ser lavado. Com os esqueletos todos fora do armário...

E para que não mudem só as moscas, é tão mais importante o que for dito quanto menos importantes forem os que o dizem...

Brasil 2014 XV

Por Eduardo Louro

 

 

A Itália precisava de empatar com o Uruguai para, no tal grupo da morte, fechar o apuramento. Estavam ambos empatados, apenas com a vitória contra a Inglaterra pelos mesmos números (2-1). Ambos tinham perdido com a Costa Rica, e era daí que vinha a diferença que favorecia a Itália. Perdera por 0-1 e o Uruguai por 1-3!

Numa partida muito disputada e pouco bem jogada, com algum jogo baixo pelo meio – só houve uma expulsão (Marchisio) mas podia e devia ter havido mais (Luiz Suarez não consegue esconder o Pepe que tem dentro de si) – os uruguaios ganharam com um golo, de costas, do central Godin, mais uma vez a decidir um resultado fundamental. É certamente o jogador mais decisivo desta época!  

As selecções americanas voltaram a levar a melhor. A Itália juntou-se à Inglaterra, fazendo o pleno europeu do insucesso no grupo, com o seleccionador Cesare Prandelli a assumir as suas responsabilidades, demitindo-se. E com jogadores como Pirlo, Buffon ou Gerrard, pela porta errada, a dizerem adeus ao mundial!

E lembrarmo-nos nós do entusiasmo que geraram no primeiro jogo do grupo, com a Inglaterra a encantar e a Itália a dar lições de organização…

No outro grupo, dominado com grande exuberância pela Colômbia, que ganhou claramente todos os jogos, Fernando Santos repetiu o milagre grego do último europeu. A Grécia não tem jogadores nem futebol para estas andanças, mas tem uma crença que nunca mais acaba. Os jogadores acreditam sempre, e por isso correm, e dão sempre tudo o que têm para dar.

A Costa do Marfim tinha o apuramento à mão: bastava-lhe o empate ... e tem melhores jogadores. Mas não foi melhor, e os gregos não se limitaram a ganhar-lhe. Venceram o jogo (2-1), e venceram um sem fim de adversidades durante o jogo. Porque aquela alma dá para isso e muito mais. Se calhar até para emprestar um bocadinho aos portugueses!

A Colômbia, que já tinha garantido o apuramento, não quis deixar passar a oportunidade para fazer mais uma demonstração de poderio. Mudou sete jogadores e a coisa - arbitrada pelo Pedro Proença - ainda saiu melhor: goleada ao Japão, com James – já uma das figuras deste mundial – e Jackson a brilharem. E deu ainda para o guarda-redes Mondragon, num momento carregado de emoção, aos 43 anos, se transformar no jogador mais velho a participar num campeonato do Mundo, superando os 42 anos do camaronês Roger Milla em 94, nos Estados Unidos. 

E enquanto esta gente se vai apurando, lá por Campinas outra gente continua a dar tiros nos pés!

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