Grande Vitória vitória (não é gafe, nem tem nada a ver com um jogador que anda por aí, que está na moda, é mesmo grande a vitória, e o Vitória) do Benfica no Vincente Calderon, perante o Atlético de Madrid de Simeone que, reza a história, nunca aí tinha perdido em jogos europeus. Onde levava oito jogos sem sofrer golos...
Abri assim, com este toque meio épico, porque, para além da exibição, salpicada de classe e de personalidade - até as transições rápidas regressaram em todo o esplendor -, hoje foi dia de enterrar todos os fantasmas.
Os profectas do Benfica calamitoso que só ganhava em casa, que fora de portas tinha sempre a derrota como certa e inevitável, para quem nada de casuístico havia na derrota inaugural com o Sporting, no regresso de uma endinheirada mas desastrosa digressão de pré-temporada. Nem na estúpida derrota com o Arouca, onde trinta remates à baliza não deram para um só golo. Nem na do Porto, depois de uma exibição que nada teve a ver com aquilo que era habitual ir lá fazer, ficaram hoje sem argumentos. Já podem meter a viola no saco...
Mas a pedra de toneladas que hoje foi colocada sobre o túmulo de todos os fantasmas foi carregada pelos miúdos Nelson Semedo e Gonçalo Guedes, ambos sensacionais, ao nível dos suspeitos do costume, os enormes Gaitan e Jonas. E dos também enormes Luisão e Jardel. O epitáfio é simples, e está na tabela classificativa: Champions - dois jogos seis pontos!
Não sabíamos o que era isso. Sabíamos - e vimos confirmar-se - é que os imbecis das tochas continuam por aí, à solta e impunes. Eles e quem os protege. Até quando?
A gente olha e vê que a festa é feita pelo Pedro, pelo Paulo, pela Cristas e pela Maria Luís. Eles lançam os foguetes e apanham as canas, fazem números atrás de números e, cada um à sua maneira, mas sempre em grande estilo, garantem que a festa é animada. A moldura à sua volta não é só feita de figurantes, é também de figurões que tratam de velar para que tudo corra bem. Para que senhoras de cor de rosa não incomodem com perguntas ou desabafos embaraçantes.
Nada pode estragar a festa. E a festa poderá ficar estragada se alguém aparecer a falar de programas ou de promessas antigas. Mas fica completamente estragada é se alguém falar do governo e destes seus quatro anos. Isso é que é tabu. Aí é que está a única linha vermelha que Portas e Passos conhecem...
Querem que ninguém se lembre que houve um governo nestes mais de quatro anos que fez o que fez, que deixou o país como deixou, e os portugueses como estão. Não é por isso de estranhar que na festa não apareçam ministros que eles nem querem que se saiba que existem. Não é de estranhar que ninguém veja o ministro Crato. Nem aquele senhor de idade - Rui Machete, ou lá como se chama - que é ministro dos negócios estrangeiros. Nem aquela senhora de ar estranho, que parece ter chegado de Marte - que agora está na moda, até há lá água salgada e tudo - para substituir aquele senhor que deixou de ser ministro da administração interna para passar a arguído, naquela cena dos vistos gold, que eram o orgulho de Portas. De Paula Teixeira da Cruz, nem sombra...
Se alguém perguntar por esses ministros Passos, como sempre, desvalorizará e não hesitará em responder qualquer coisa como: "não podem andar todos aqui, alguém tem de ficar a governar"...
Mas falar de ausências é falar do Marco António, de Gaia. É a mais notada de todas: por onde andará o Marco António Costa?
Não aparece, ninguém o vê... Não é ministro. É mais que isso, e mais que aos ministros, ninguém quer que seja visto por aí. Por que será?
Nasceu uma nova palavra. É germanófila, e não fazia falta nenhuma, porque já cá tínhamos de mais. Se há coisa que não falta na língua portuguesa é riqueza de expressões ajustadas ao acto de enganar, ludibriar, iludir, surrupiar, lixar, mentir dolosamente ou simplesmente mentir com simples dolo. Mesmo assim, aí está: Volkswagenizar!
Toda a gente volkswageniza e nesta altura, mais, ainda. Passos e Portas volkswagenizam em grande, à Passat ou Phaeton, volkswagenizam como se não houvesse amanhã.
Elegendo mais deputados, os partidos independentistas da Catalunha não obtiveram mais votos, trazendo à evidência uma possibilidade que por cá se tem posto.
Mau grado as paralelas que a História tantas vezes traçou entre Portugal e a Catalunha isso não tem importância nenhuma. Importante - seja para lado for - é que ainda não foi desta que a questão da independência foi resolvida. Por muito que os independentistas - o Juntos pelo Sim, de Artur Mas e da Candidatura de Unidade Popular (CUP) - possam dizer que é um resultado que lhes permita avançar para a independência de forma unilateral, a verdade é que, na maior participação eleitoral dos últimos anos, que mobilizou o voto de perto de 80% dos catalães, a maioria dos votos expressos – 51,94% - foi para partidos que não defendem esse caminho.
Há precisamente uma semana, num programa de uma rádio, onde falava de coisas à volta do futebol, para exemplificar a ligação entre futebol e política, referi o Barça como bandeira do nacionalismo catalão, para perspectivar o paradoxo dessa ligação nas eleições de ontem. Ao anunciar que não aceitaria a inscrição de clubes estrangeiros, a posição da Federação Espanhola de Futebol estava a deixar claro que, numa Catalunha independente, o Barcelona ficaria impedido de competir na Liga espanhola, e assim imediatamente ameaçado no seu estatuto de uma das maiores potências do futebol mundial e, consequentemente, morto como bandeira da nacionalidade.
Não sei se alguém dedicará algum tempo a investigar a influência deste paradoxo nos resultados eleitorais de ontem. O meu palpite é que, tendo que escolher entre a coisa e o seu símbolo, os catalães preferem o símbolo.
Numa Assembleia Geral marcada para um domingo à tarde, com uma participação que, pelo que se pôde ver nas televisões, não ultrapassaria a centena sócios, Bruno de Carvalho esclareceu o seu projecto pessoal para o Sporting: "... protejam-me, se não dão cabo de mim...".
Aí está. Teria de chegar aqui. Também terá dito: "Depois não digam que eu não avisei". Era o que eu tinha para dizer...
É que só no mistério da Santíssima Trindade, Jesus é Deus. Mas esse é o mais velho mistério do mundo!
Sabendo, pela experiência dos jogos que tem feito em casa neste início de época, que o primeiro golo é a chave do sucesso, o Benfica entrou a todo o gás no jogo de hoje com o Paços, com o objectivo bem nítido de encontrar essa chave bem cedo.
Só que foi sol de pouca dura. À passagem do primeiro quarto de hora já parecia que tinha desistido… Não terá sido por opção própria que abandonou aquele ritmo asfixiante dos primeiros quinzes minutos de jogo, até porque – bem o sabemos – não é fácil manter estes ritmos diabólicos por muito tempo. Mas não foi só isso!
O Paços teve culpas. E grandes… Resistiu como pôde a esses 15 minutos avassaladores, com faltas de toda a maneira e feitio, e algumas bem feinhas, chutando para onde estavam virados e cedendo cantos uns atrás dos outros. Mas depois conseguiu começar a respirar, organizou-se e começou a subir no terreno. A subir muito, a pressionar a saída da bola do Benfica, onde quer que fosse, e a complicar o jogo ao Benfica.
O antídoto para o tipo de jogo que o Paços impunha em campo passa por aquilo que tinha sido a imagem de marca do futebol do Benfica nos últimos anos, aquilo que em futebolês se chamam transições rápidas. E que se percebe que perdeu. Não sei se é uma ideia abandonada, assim como quem atira fora uma ferramenta que acha que já não precisa. Mas sei, porque se vê, que falta a muitos jogadores a velocidade de execução e a qualidade do passe e de recepção, que são o factor crítico de sucesso das transições rápidas.
Sem este antídoto – em todo o jogo o Benfica conseguiu por uma única vez uma transição ofensiva capaz de fazer lembrar o ano passado, e foi desperdiçada por Mitroglou, que ao contornar o guarda-redes permitiu-lhe desviar a bola do golo – valeu mais uma vez a classe dos dois mais categorizados jogadores da equipa. Primeiro, Jonas, a fazer do golo uma obra de arte. Sublime, pouco passava da meia hora de jogo, a fazer o resultado ao intervalo. Porque, pouco depois num remate com a mesma espantosa execução, a bola não quis voltar a entrar.
A segunda parte - pese sempre o grande desequilíbrio na posse de bola (75% para o Benfica na primeira parte) - não foi muito diferente. Até ao segundo golo, o primeiro de Gonçalo Guedes na equipa principal do Benfica, a meio da segunda parte.
Um golo que matou de facto o jogo e que tem história: porque resulta de uma nouance táctica (Gonçalo Guedes a jogar mais por dentro, com a ala toda entregue ao outro miúdo, Nelson Semedo) e porque surge em circunstâncias anteriormente ensaiadas, sempre com o remate do miúdo a bater numa das muitas pernas que ocupavam aquela zona central da entrada da área. Voltou a bater numa dessas pernas, só que desta vez, ao contrário de todas as outras, seguiu o caminho da baliza.
Curiosamente também o terceiro golo, de novo de Jonas, sete minutos depois, foi uma jogada (Gaitan-Guedes-Jonas) a papel químico de uma outra poucos minutos antes.
No fim ficou um jogo que, apesar da boa imagem que o futebol do Paços deixou, bem poderia ter registado mais uma das goleadas da Catedral. Oportunidades não faltaram!
Diz que os outros dois empataram… Fizeram eles bem!
Esta noite decidi dedicar-me ao zaping, e passei boa parte dela a vaguear de antena para antena, para ouvir o que os especialistas do comentário político tinham para dizer sobre as sondagens. As do empate técnico e as que põem a coligação às portas da maioria absoluta.
E ouvi coisas tão ou mais desconcertantes que as próprias sondagens. Também poderia dizer disparatadas, mas fico-me pelo desconcertante. Ouvi, por exemplo, na TVI 24, um senhor que foi director do maior e mais influente semanário nacional, e que passava de uma estação para outra quase tão depressa como eu com o comando do meu televisor, dizer que os portugueses constituem hoje um eleitorado de grande literacia, para quem a política e a economia não têm segredos. Capazes de distinguir propostas alternativas e distintas, e até de avaliar comportamentos e expectativas, sem nada deixar passar. Gente que já ninguém consegue enganar...
Estava eu a assimilar o que acabava de ouvir, e a tentar advinhar de que planeta teria acabado de cair, já a personagem dizia que os eleitores não percebem, nem querem saber da política para nada. Não entendem o discurso político, nem o discurso dos políticos, querem é saber do que irá ser da sua vida. Que agora estão preocupados com os manuais escolares, coisa com a que o discurso político não liga patavina...
Claro que personagem com tão amplo conhecimento do eleitorado português tem que ter nome. Chama-se Henrique Monteiro. Mas como às vezes também passa por Comendador - não confundir com comentador - e como minutos antes o tinha visto na SIC Notícias, aquele era mesmo o Comendador Marques de Correia. Danado para a brincadeira, como sempre!
Cavaco - anuncia hoje o SOL - já não exige maioria para dar posse ao novo governo. Não sendo frequente que mude de opinião - há mesmo quem diga que é um incorrigível teimoso, que raramente tem dúvidas e que nunca se engana - o que é que o terá feito mudar de ideias?
O que é mudou?
Não estou bem a ver... Estão aqui a dizer-me que o que mudou foram as perspectivas eleitorais da coligação. Não. Não pode ser, não estou a ver que um presidente da República, possa ser tão parcial. Isso seria batota...
Mas já que estão a falar nisso... Então, quando toda a gente pensava que o PS ia ganhar as eleições, Cavaco avisava que só os deixaria governar se tivessem maioria. Porque o país precisa de estabilidade, o que a vitória sem maioria de António Costa não garantia, ainda que tivesse, á esquerda, todo um largo espectro de hipóteses de construir consenos, pontuais ou mais estruturais. Agora, que as sondagens apontam para a vitória da sua coligação, que sem maioria não tem por onde nunca lá chegar, Cavaco vem dizer que afinal pensou melhor, e que não é preciso maioria nenhuma. Nem estabilidade, o que é mesmo preciso é que esta sua gente continue a tomar conta disto tudo...
Enquanto o jovem défice de 2014 é objecto da maior campanha de lavagem que algum défice alguma vez conheceu, o de 2015 segue-lhe apressadamente os passos.
Um invejoso, este défice de 2015. Ao ver a benção europeia ao seu irmão mais novo, logo quis ser grande como ele... A mãe é que não lhe despensa os mesmos mimos, e garante que não o deixa crescer. Ninguém acredita que seja capaz de o contrariar, desconfia-se é que o abandone. Ou que até lhe dê outro pai...
Antes de rumar a Bruxelas para a reunião do Conselho Europeu – que voltou a aplicar, agora para os refugiados, a única receita que a Europa conhece: mandar dinheiro para cima dos problemas, fingindo com isso resolvê-los – Passos Coelho que, já no início da semana da semana, com aquela sua enorme facilidade de deixar fugir a boca para a mentira, trocava o pagamento de obrigações do tesouro de dez anos com a antecipação de pagamentos ao FMI, veio dizer-nos que essa coisa do défice não conta para nada. O défice do ano passado fica nos 7,2%, mas isso é um simples episódio estatístico, garantiu sem pingo de vergonha.
Quer dizer, e como salienta o Pedro Santos Guerreiro, “… andamos há anos a penar, a pagar e a minguar pelo défice orçamental…”. Por ele passamos pelo aumento colossal de impostos e de lá nunca mais saímos. Por ele cortaram despesa na Saúde, na Educação, na Cultura. Cortaram salários. Cortaram pensões. E cortaram tudo o que era prestação social... Mas depois, e afinal de contas, o défice é passado, é só contabilidade, coisa de estatística e nada mais. Que para nada releva e que não tem importância nenhuma…
E é um primeiro-ministro destes que vai ser reeleito?
Não acredito. Sinceramente que não!
Mesmo que o challenger continue sem acertar o passo, e a fazer (quase) tudo ao contrário… Foi mais uma vez o Bloco de Esquerda, e Catarina Martins, a mostrar como se faz: “ a campanha eleitoral da direita morreu hoje”. Assim, simples e directo!