Está resolvido o problema do Banif, em modo misto BES/BPN... O Santander Totta vai ficar com a parte boa da exploração do negócio do banco, com a rede de balcões e com o pessoal por 150 milhões de euros.
Esta é a parte boa das notícias do tal dinheiro que Passos Coelho dizia que estava a render. Disse-o em plena campanha eleitoral, quando há muito sabia que o banco teria de ser vendido até ao final do ano. Fazendo as contas aos 700 milhões de euros que o governo de Passos Coelho lá meteu em capital, e aos 125 que, dos 400 milhões de empréstimos, estavam em atraso, diríamos que nos tinham saído na rifa mais quase 700 milhões. A pagar por nós, com os nossos impostos...
O pior é que há mais 2.255 milhões de euros de activos tóxicos - eufemismo para a massa com que alguns se abotoaram - para juntar à rifa que nos saiu. Tudo o que fica no banco mau - sim, a moda veio para ficar - de que o Estado - todos nós - vai pagar 1.776 milhões e o fundo de resolução - todos os bancos do sistema - os restantes 489 milhões de euros. De que a Caixa Geral de Depósitos, que também nos toca, tem a parte maior.
É esta a nossa sina. É disto que é feita a nossa vida... Mas é bom que se diga, e que todos entendam, que pagamos a taluda do BES porque a propaganda de Passos e Portas não quis que nada perturbasse a saída limpa. E que agora pagamos a do Banif porque a mesma propaganda, e a propaganda dos mesmos, não quis que nada perturbasse a campanha eleitoral que os devia levar a mais quatro anos de governação. Tóxica!
O Benfica ganhou por 3-1 ao Rio Ave, com dois golos de Jonas e outros tantos de Raul Jimenez. Pois... a aritmética já não é o que era, e dois e dois já são só três.
Marcou quatro goios - mesmo que só três tenham contado, porque o árbitro acha que um jogador pode estar em posição de fora de jogo ainda dentro do seu próprio meio campo - teve uma bola na barra, que por sinal daria num excelente golo, do Pizzi, e mais três penaltis por assinalar. Três! Mais três, esta época já se perdeu a conta...
Poderia pensar-se que o árbitro de hoje tinha dificuldade em ver as mãos dos jogadores dentro da área do Rio Ave. Não viu as mãos dos jogadores vestidos de verde, fosse a jogar a bola - duas vezes - fosse a empurrar. Mas ele não quis que pensassemos isso, e fez questão de dizer que não tinha qualquer problema visual com as mãos dos jogadores naquela zona do campo. Para isso assinalou uma mão quando, dentro da área adversária, um jogador do Benfica (Pizzi) dominou a bola com o peito e se preparava para rematar à baliza...
Sendo tudo isto factos, como lhe chamou Rui Vitória, a verdade é que nem estes factos apagam os fracos argumentos do Benfica. Chega até a parecer estranho como é que tão poucos argumentos criam tantos factos.
Se na segunda parte a exibição do Benfica foi ligeiramente além do sofrível, na primeira foi medíocre - um medíocre menos, ali a rasar ao mau - ao nível da da Madeira, na última terça-feira. E no entanto começou o jogo a ganhar, com um golo logo aos três minutos, numa jogada até bem construída, na segunda vez que chegou à baliza adversária.
Só que não há volta a dar: se não marca cedo, é a ansiedade, e as coisas não correm; se marca, também não. Dizer que a equipa se intranquiliza é uma falácia, porque só se intranquiliza quem está tranquílo. E a verdade é que não há qualquer mudança de estado, dando a ideia que a equipa entra sem saber o que tem para fazer. Nem o que o esperar do adversário, ficando ainda mais perdida...
E isto, para mal dos nossos pecados, está cada vez mais na mesma.
Sócrates foi visitar os amigos que deixou na prisão, em Évora. E os guardas, que tão bem o trataram quando por lá esteve: uma obrigação moral, disse ele. Nada de jogadas...
Suponhamos que sim, que Sócrates não resiste a obrigações morais, que é movido por um inabalável apelo interior ao cumprimento do dever e por uma conduta moral acima de qualquer suspeita. Eu sei que é difícil, mas façamos esse esforço.
Já está?
Então por que é que tem de haver sempre jornais e televisões à volta? Por que raio não consegue reservar-se no cumprimento das suas obrigações morais? Por que diabo não consegue manter estes seus tão nobres sentimentos na restrita esfera da sua privacidade?
É simples, a resposta: para que esta fotografia pudesse existir e correr mundo. A imagem que faltava - a sair da prisão, pelo seu próprio pé, altivo, a deixar aqueles portões para trás - que nada tem a ver com a sua saída verdadeira saída, num carro celular a caminho da prisão domiciliária. A imagem que, para Sócrates, não tem preço. Pela qual estaria disposto a pagar o que fosse... Conseguiu-a de borla!
Não sei se Sócrates está convencido que somos todos parvos. Se calhar, está... E lá terá as suas razões... Mas já não há paciência para estes jogos!
A Cimeira de Paris sobre o clima foi um salto qualitativo se comparada com a Cimeira de Copenhaga em 2009, passando a representação de 119 para 195 países, e terminou a com a aprovação de um novo acordo climático global, graças a uma organização mais cuidada, sob a orientação do ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius. Entre os termos do acordo e a sua implementação fica a expectativa sobre o empenho dos respectivos países no seu cumprimento, sabendo que é determinante limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC, eliminando gradualmente a utilização de combustíveis fósseis, substituindo-os por energias renováveis e reduzindo drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa, GEE. A meta para a segunda metade deste século será mesmo o abandono dos combustíveis fósseis, e as emissões que restarem serão anuladas, nomeadamente pela absorção por florestas, processo regulado por planos nacionais a apresentar a cada cinco anos.
Houve mais cooperação e mudança de atitudes, nomeadamente dos EUA e da China, naturalmente porque as consequências do aquecimento global são cada vez mais visíveis e assustadoras, a que estas potências não escapam. O Acordo de Paris é mais um passo positivo na caminhada que tem sido demasiado lenta, se considerarmos o percurso desde a Cimeira de Estocolmo em 1972, mas continua a enfrentar as contrariedades dos “interesses” económicos ligados às actividades extractivas, particularmente do petróleo e industriais conexas, os quais se protegem corrompendo as decisões politicas em muitos países para onde se expandem. Do pouco que se sabe do muito que se esconde, muitos são os meandros das ditaduras do petróleo como a Arábia Saudita e o Qatar, financiadores do ISIS, mas também aliados dos EUA e UE. ISIS, que por sua vez rouba o petróleo da Síria e do Iraque e o encaminha através dos portos da Turquia e Israel, ajudando a baixar a factura energética destes e outros países.
Nesta Cimeira nem tudo foi claro: faltam propostas de 11 países, alguns dos quais importantes poluidores; faltam garantias na angariação de fundos de ajuda dos países mais ricos para os países em desenvolvimento, objectivo que era de Copenhaga em 2009, agora reafirmado; falta a identificação dos sectores mais poluentes o que, para alguns, terá sido propositadamente omitida. Mas foi clara, fora da Cimeira, a mobilização mundial sobre as alterações climáticas.
As evidências catastróficas do aquecimento global e os inúmeros trabalhos científicos reclamam medidas urgentes. A ciência refere que a capital de Marrocos, Rabat, espelha hoje a temperatura média anual de Lisboa em 2080, e Vila Real de Trás-os-Montes espelha hoje a temperatura média anual de Londres em 2080, facto que mereceu um artigo do diário britânico The Guardian, em Maio de 2007. Este exercício do investigador Stéphane Hallegatte, publicado na revista cientifica Climatic Change em 2006, sobre a evolução climática para diversas cidades europeias, exemplifica o que nos toca de perto e do que se pode ler em “Portugal a Quente e Frio” de Filomena Naves e Teresa Firmino. A movimentação regional das temperaturas mais altas de Sul para Norte é acompanhada pela migração das populações que desistem dos territórios de origem, cada vez mais desertificados e pobres, como a região subsariana, onde, por vezes, se juntam conflitos locais. A fronteira da pobreza, como a classifica Adriano Moreira, já ultrapassou o Mediterrâneo, transformando este num mar de gente sem futuro.
Segundo a Agência Europeia do Ambiente, Portugal em 2007, no contexto da EU-27 era recordista em ineficiência energética, sendo o país com mais gastos de energia por unidade de PIB. Agora terá de reduzir o consumo de energia em 30% até 2030. Igualmente, tem de reduzir as emissões de GEE entre 30% a 40% e atingir com energias renováveis 40% do consumo final de energia.
A sensibilização para a protecção ambiental tem feito consideráveis progressos, mas falta progredir na necessidade de abrandar a cultura materialista centrada no consumo, no “preço” das coisas, e não no “valor” das coisas, considerando o “valor” na sua dimensão material, humana e ambiental, pelo tributo que trás para a felicidade do ser humano. O Butão, país dos Himalaias, considerado o menos poluente, confrontado com o seu baixo desenvolvimento económico traduzido no “Produto Interno Bruto – PIB”, promoveu outro indicador que, em vez de o despromover no quadro mundial, lhe destacasse positivamente as diferenças na qualidade de vida, ou seja a “Felicidade Interna Bruta – FIB”. A lentidão no assumir de responsabilidades e medidas objectivas deve-se a esta profunda clivagem entre a linha dos interesses e a linha dos valores.
“O efeito de estufa está a aquecer o planeta? Não deixemos ao menos que ele nos derreta a inteligência.” - Luísa Schmidt in País (in)sustentável, pág. 51.
Depois de terem proibido que se falasse em reestruturação da dívida, de devidamente instalado o dogma da austeridade, e de em nome dessas criminosas mentiras se ter destruído um país, o sacro FMI vem agora dizer que foi tudo errado. Não diz que não teve nada a ver com isso, diz que se enganou...
Por cá só temos uma certeza: aos que cá dentro nos fizeram isto, aos fundamentalistas que deixaram o país neste estado, nunca ouviremos dizer nada que se pareça com o que o FMI agora diz. Esses, mesmo com a realidade à frente dos olhos, e vendo que nós vemos que eles estão a ver, continuam por aí a falar de saída limpa...
Em Espanha não se sabe no que dá. Se fosse por cá, Rajoy tinha garantida a maioria absoluta... Mas também já havia meio mundo a dizer que aquele puñetazo tinha sido encomendado...
Veja-se só o que rendeu a Marinha Grande, que comparada com Pontevedra é uma brincadeira de crianças.
E não, não é só uma questão de ângulo fotográfico. É a diferença entre um murro que poderá não ter passado de um encontrão, e um puñetazo cheio de estilo. Podemos não ter as aptidões pugilísticas dos nuestros hermanos, mas somos bem melhores na representação!
Já estamos habituados. Tão habituados que ninguém estranha... Toda a gente acha normal que, nos bancos, só os contribuintes é que percam. Mas não. Não é normal, e muito menos é aceitável.
A partir de Janeiro deixará de ser assim... Daí a pressa!
A pressa que Passos e Maria Luís não tiveram quando, em Março, o CEO do Banif lhes disse que era a altura para vender o banco. A resposta foi que não. Que tinham de vender o Novo Banco. Nem um nem outro, como se viu... E como se sente!
Três dias apenas de ter deixado no ar a ideia de que o 35 e o tri seriam possíveis, o Benfica borrou a pintura. E não foi com transpiração...
Como inspiração é coisa que há muito não abunda, o tal jogo em atraso da Madeira que há muito contava com três pontos virtuais deu no primeiro empate do campeonato. E no adeus ao título, ainda antes do Natal.
Porque, mais que os sete pontos de distância para o primeiro, é a descrença. Quando não se joga bem, porque nem sempre se pode jogar bem e porque há relvados, como era o caso, onde isso nem sequer é possível, quando falta qualidade, e quando por falta de inspiração e de estratégia faltam soluções, é no querer, e no crer, que está a chave da vitória. E isso falta ao Benfica de Rui Vitória.
Falta-lhe muita coisa, e quanto mais coisas lhe faltam mais se nota essa falta. E quando o líder não é ele próprio a imagem da crença e da revolta perante a adversidade, nunca nada disso chega à equipa. Mais a mais sem Luisão...
Ontem, na conferência de homenagem a Silva Lopes organizada pelo Banco de Portugal, falou o Nobel, Krugman, dizendo mais ou menos o mesmo que diz sempre, falou-se naturalmente do homenageado, mas falou-se acima de tudo do Banif. Quem nada teve a dizer sobre o tema foi Passos Coelho e... Carlos Costa.
Evidentemente que se perceberia que - eles ou que quer que fosse - naquelas circunstâncias não falassem sobre o assunto. Mas há formas e formas de não falar sobre as coisas, e a pior é fugir. Fugir configura sempre cobardia. Fugir - literalmente - como fugiram o anterior primeiro ministro e o governador do Banco de Portugal, é apens mais sintomático ainda. Valha que não estava lá a Maria Luís...
Não podem fugir sempre, nem podem fazer como se nada se passe. Alguém tem que explicar alguma coisa. Seja Passos Coelho, Carlos Costa ou Maria Luís. Ou Paulo Portas. Ou - quem sabe? - Nuno Melo, sempre tão assertivo nestas coisas. É já o enésimo banco a rebentar-nos nas mãos, e o problema maior é esse mesmo: é que não é o primeiro, nem o segundo. Já tinham a obrigação de ter aprendido, de saber lidar com estes problemas... De não ser sempre a mesma coisa...
Até porque desta vez - e disso parece que ninguém tem dúvidas - não há nada a apontar à administração executiva do banco. Nem aos auditores...