Quando as (boas) ideias não valem nada
Numa campanha propositadamente despolitizada, despida de conteúdo politico, em que Marcelo inovou transformando-a num case study, apenas Henrique Neto trouxe verdadeiro conteúdo para a discussão política. Mesmo pregando no deserto, e sem um discurso mobilizador e entusiasmente, apresentou ideias e fez propostas.
O eleitorado não valorizou nada disso, nem lhe reconheceu grandes méritos. Como não sou dos que entendem que a culpa está nos eleitores, teve que haver alguma coisa de errado na estratégia de comunicação de Henrique Neto. É o que sucede sempre que as ideias não passam... Outras vezes o problema está nas próprias ideias, que parecendo boas acabam sempre por ter qualquer coisa que as enrola.
Curiosamente, o que me parece que falhou em Henrique Neto foi mesmo a substância política. O maior erro esteve em enfileirar no regime despolitizado da campanha, acabando, ao fugir dos partidos, por fugir da política. Estar acima dos partidos é uma coisa, como bem mostrou Marcelo. Eliminar a política, esbater a ideologia, é outra. Incompatível com o debate de ideias, como também - e tão bem - Marcelo explicou!
Sem equadramento político e doutrinário as ideias, mesmo as melhores, perdem-se. Não valem de nada e acabam no esquecimento colectivo com o rótulo de populismo. O que é uma pena, especialmente quando há tão poucas!