Depois de há poucas semanas ter garantido a renovação da liderança do partido por números norte-coreanos, Pedro Passos Coelho chega às vésperas do Congresso em adiantado estado de isolamento, cada vez mais entregue a si próprio. Aquele aplauso espontâneo e demorado do restrito núcleo dos apoiantes/dependentes feito deputados, ontem, no Parlamento, é prova disso mesmo. De decadência, de que o fim da linha está próximo, a lembrar Marcelo Caetano em Alvalade, a poucos dias do 25 de Abril, faz hoje precisamente 42 anos.
Não é apenas Paulo Rangel, que pode não ter princípios, mas não é estúpido, a perceber isso. Nem Rui Rio, que também não. Nem estúpido, nem modesto: "Se eu lá fosse, ainda me arriscava a ser um elemento central do congresso ...eu não quero perturbar"!
As declarações prestadas ontem por Jorge Tomé - repito o que aqui já afirmei: um homem profundamente sério e um profissional altamente competente - na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Banif não podem cair em saco roto. Têm que ter consequências. Não sei quais, mas sei que não são simples declarações de oportunidade numa entrevista qualquer: são declarações numa Comissão Parlamentar de Inquérito, que tem de servir para muito mais que aquilo que outras têm servido: responsabilizar, desresponsabilizando.
A notícia da TVI, que deu a machadada final na liquidez do banco, (in)directamente ligada ao Santander, accionistas da também espanhola Prisa, dona da Media Capital, não pode ser deixada em paz. A alegada campanha do Santander na ilhas para que desviar depósitos do Banif, alegando o encerramento do banco, associada às conhecidas imposições da UE, serve para confirmar que, no Banif, há Santander a mais. Como, e ao contrário do que se quer fazer crer, há também governo (de Passos) a mais. Há governo a mais quando Jorge Tomé afirma que o Banco de Portugal tirou o tapete ao Banif logo a seguir às eleições de 4 de Outubro. Mas há muito governo a mais em tudo o que quis que parecesse governo a menos...
O futebol é isto mesmo - diz-se em futebolês. E a selecção nacional é ainda mais isso mesmo. Depois de uma derrota que envergonha, com a sexagésima não sei quantos selecção do ranking da FIFA, uma vitória clara e prestigiante frente à primeira desse mesmo ranking. Não é fácil perceber por quê - o que não põe em causa imensa qualidade desta geração de ouro do futebol belga, o que está em causa são os critérios, que inguém conhece - mas é a selecção da Bélgica que ocupa esse lugar...
O que é fácil de perceber é que a Bélgica tem muitos jogadores de muito bom nível, mas não dispôs hoje da maioria deles. Foi uma selecção belga muito desfalcada, esta a que a selecção nacional hoje ganhou e vulgarizou durante boa parte da primeira metade do jogo. Mas disso ninguém se vai lembrar, como ninguém se irá lembrar das oportunidades de golo falhadas no jogo com a Bulgária.
Para a História o que sempre fica são os resultados. Mesmo que a História deste jogo se faça de muito mais que do resultado. Mas isso é porque também este jogo de hoje, que se deveria ter disputado em Bruxelas mas acabou por se realizar em Leiria, foi mais que um jogo. Como sabemos!
Hoje, piratas do ar ainda por identificar apossaram-se de um avião da Egyptair, desviando-o dos céus egípcios para terra cipriota. Ao que consta estão a libertar os passageiros, o que é uma boa notícia.
Ontem, a Justiça do regime angolano condenou Luaty Beirão (cinco anos e meio) e os seus restantes (16) colegas a penas entre os dois e os oito anos de prisão, esta para Domingos Cruz. Por escrever o livro que, em último recurso, acabou por justificar todas as condenações: a um porque o escreveu, e aos outros porque o leram. Todos porque, juntos, formam um bando de malfeitores. Coisa que nem sequer constava acusação. E ainda há quem não se envergonhe desta Justiça...
Vergonha tem o BCP, da cotação das suas acções (4 cêntimos, pouco mais), e por isso propõe-se a fundi-las, a juntar 193 acções numa só. Já dá nalguma coisa de mais respeitável para contrapor a outras talvez menos respeitáveis. Porque isto anda tudo ligado, como alguém diz.
Ontem, também ontem, o presidente Marcelo promolgou o Orçamento, como já se sabia. E falou ao país, como antes falava com o país. Sem tirar nem pôr: não fosse a presença da bandeira nacional a compôr o cenário e podería parecer Marcelo de regresso ao comentário político. Disse de sua justiça - não tem nada a ver com a angolana - e explicou porque só tinha que promulgar. Com uma bicada: não havia nada de inconstitucional no Orçamento. E mais outra, ao chamar a atenção para a sua execução, para que não fossem necessários orçamentos rectificativos, como sempre aconteceu nos últimos anos...
Um Presidente em claro desvio da rota anterior. Mas sem piratas do ar... As notícias são, por hoje, bem melhores por cá que lá por fora!
Recuperar e reclassificar áreas industriais e parques empresariais praticamente abandonados como a Margueira (Almada), a Siderurgia (Seixal) ou a Quimiparque (Barreiro), é certamente uma boa ideia.
Sem capital - em Portugal não há dinheiro para mandar cantar um cego (que me perdoem os mais sensíveis a estas coisas, mas não encontro melhor expressão para a realidade da nossa economia que esta que a velha ordem popular institucionalizou) - vender a margem sul é mesmo a única saída para essa requalificação. E quando se trata de vender, o Marketing é quem mais ordena. Quase sempre com razões que a razão desconhece. Às vezes nem isso, nem razões há...
Lisbon South Bay lembra Allgarve, vem na mesma linha. Estranha-se, e não se entranha, que o road showarranque em português. Que tudo vá começar por Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro... Talvez o Cristo Rei tenha alguma coisa a ver com isso.
Mais 65 pessoas morreram em mais um acto terrorista. Dos mesmos, da mesma maneira. Perto de 300 feridos... Mas foi em Lahore, no longínquo Paquistão. Não é no Ocidente, nem os mortos e feridos são ocidentais. Ou pelo menos ninguém faz ideia que possam ser... Não há directos das televisões, nem é notícia para abrir os telejornais... Ninguém é paquistanês... Nem ninguém conhece as cores da bandeira paquistanesa...
Não sei bem por quê, mas sei que cada vez vejo mais semelhanças entre as mortes de dezenas de emigrantes portugueses nas estradas de França e Espanha e as de centenas de migrantes no Mediterrâneo. Tudo parece tão igual... Estradas tão iguais a mar, carrinhas superlotadas tão iguais a barcos de borracha superlotados... E, por trás, máfias se calhar tão pouco diferentes... E a miséria de que se alimentam. Miséria humana. Miséria que arrasta mais miséria...
Pelo que se vê por esta tragédia que ensombrou a Páscoa de dezenas de famílias portuguesas, por cá acha-se que o mal está nas estradas. As televisões não pouparam em enviados especiais e não nos poupam a reportagens no local. Mas nada vêm para além da estrada. E chamam-lhe da morte. Invariavelmente!
Não. Não é o guarda redes búlgaro o responsável por tanta bulgaridade. Nem sequer é daqueles jogos que se possa dizer que a bola não quis entrar... Que Ronaldo e Cª bem poderiam lá passar o resto da noite que nunca conseguiriam meter a bola dentro da baliza. Com aquela incompetência, é que não.
Nem o guarda-redes búlgaro fez uma exibição como se diz, nem nas dezenas de remates da equipa portuguesa terá havido mais que dois ou três com qualidade suficiente para resultarem em golo. Nem de penalti! O que se passou foi simples de entender: nos primeiros dez minutos, com um remate a cada minuto e quatro oportunidades de golo, os jogadores convenceram-se que aquilo seria fácil. Mas não era. Como nunca nada é fácil para uma selecção desiquilibrada e sempre dependente de Cristiano Ronaldo. E, francamente, muito vulgar. Cheia de bulgaridades...
Mais que uma lenda do futebol, foi quem provavelmente mais contribui para o que é hoje este grande espectáculo, que não do negócio, do qual - curiosamente - se demarcou como poucos. Primeiro, como jogador único, dos poucos com lugar reservado no Olimpo. Do restrito número dos três ou quatro que poderão ser apontados como os melhores de sempre. Depois, como mestre do futebol. Cruiff não foi um treinador, embora tenha sido como treinador que inventou o actual Barcelona. O seu Barcelona. Foi um mestre que pintou futebol e que espalhou a sua arte pelo mundo!
Mas foi ainda um mestre que, mais que saber, acrescentou mundo ao futebol, rompendo com todos os estereotipos que o apequenavam. Sempre irreverente. Sempre altivo. Sempre vertical, a nada se dobrando.
E nisto não há quatro, nem três, nem dois que se lhe equiparem. Nisto, Cruyff foi único. É único!
Recusou-se a jogar o Mundial de 1978, na Argentina, para denunciar a sanguinária e terrorista ditadura militar, e dizer bem alto não à farsa da FIFA ao serviço da propaganda dos generais da Junta Militar, como sempre se recusou a curvar perante os interesses. Fossem eles quais fossem!