Chegou a hora, Sr Professor Cavaco Silva. Fora de horas, mas chegou. Chegou muitas vezes a pensar-se que nunca mais chegaria, mas chegou. Porque, por muito que se atrase, acaba sempre por chegar.
Passe bem. Não se preocupe connosco... Nós ficamos bem... Certamente muito melhor sem o senhor por perto... Vá gozar a sua reforma, se para tanto derem as suas pensões... E desfrute do seu estatuto de pior Presidente da democracia portuguesa.
O comissário europeu dos assuntos económicos decidiu vir avisar publicamente os portugueses de novas medidas de austeridade. Admito que muitos dos destinatários do aviso já nem sequer se tenham sentido incomodados. Afinal os deputados da defunta PAF não têm feito mais nada no Parlamento que perguntar por elas - é mesmo a única questão que, em uníssono, têm para colocar ao primeiro-ministro ou ao ministro das finanças. Os portugueses já estavam por isso mais que preparados para levar esse aviso a sério. E como há muito que perderam a capacidade de se indignar com o que quer que seja, não se terão incomodado muito com tão insólita quanto abusiva atitude deste membro da comissão europeia. Por acaso, francês. Por acaso, socialista.
Já não é a primeira vez que o senhor Pierre Moscovici mostra as garras de falcão, a confirmar que esta ortodoxia que se instalou em Bruxelas para acabar de vez com o projecto europeu é transversal ao que resiste das velhas famílias politicas europeias. Na pele de comisário, ninguém distingue um socialista francês ou holandês de um "verdadeiro finlandês"...
Por isso ninguém estranha muito que tenha sido este socialista francês a dar o pontapé de saída na primeira ofensiva da UE, depois do Orçamento, com vista a pôr em causa a solução de governo em Portugal. Logo a seguir vieram os outros todos, onde não podia evidentemente faltar Schauble, mandando às ortigas este que era o tempo de respeitar o que ficou estabelecido para o Orçamento.
Moscovici vem a Lisboa já depois de amanhã, para informar pessoalmente Mário Centeno daquilo que já avisou os portugueses. E faz até questão de dizer que vem falar grosso ... O senhor 95% deve estar a gostar disto.
Ainda não me tinha debruçado bem sobre o assunto, mas agora que lhe dediquei alguns segundos, estou a chegar à conclusão que os portistas têm razão: o Porto perde sempre por culpa do árbitro!
Não há já dúvidas nenhumas: perdia, mudou de treinador... e continuou a perder. Logo, a culpa não está no treinador. Como não pode estar no Papa - o dogma da infalibiliade papal não o permite - só pode estar nos árbitros. Bem visto!
Enguiço quebrado no derbi. Na última oportunidade, a vitória que faltava e que não podia mesmo ficar a faltar. Hoje o Benfica não podia falhar e não falhou. E não falhou porque contou com a sorte que nos outros clássicos sempre lhe faltou.
As coisas até não começaram lá muito bem no que a sorte diz respeito, com a lesão do Júlio César, a fazer que o Benfica estreasse em Alvalade um miúdo de 19 anos na baliza. Depois de todas as voltas que Rui Vitória teve que dar com as sucessivas lesões, calhou-lhe agora dar mais uma volta por cima com mais um miúdo. Agora na baliza...
E foi assim, com um miúdo na baliza, outro no centro da defesa e ainda outro no centro do campo, que o Benfica entrou em campo. E sem perder tempo desatou a jogar à bola, sob o comando do mestre Jonas (não marca nos jogos grandes, não é?). Na primeira meia hora o Benfica jogou à bola, e o Sportig limitou-se a ver jogar. Simplesmente o Sporting não existiu na primeira meia hora. O que fez foi interromper com faltas sucessivas as saídas do Benfica para o ataque, sempre com a complacência do melhor árbitro português.
Na segunda parte as coisas foram diferentes. Até porque começou logo com um amarelo a Jonas por fazer o mesmo. E o Sporting teve alguns momentos - não muitos, é certo - de bom futebol. E teve duas grandes oportunidades de golo, uma delas num falhanço incrível do Bryan. E foi assim porque o Benfica deixou que fosse assim, optando por abdicar do ataque durante quase toda a segunda parte.
E pronto, aí está o Benfica isolado no primeiro lugar pela primeira vez nesta temporada. Inimaginável há dois ou três meses atrás. Nada está ganho, mas é melhor estar à frente. E é nesta altura que as coisas se começam a decidir.
PS Uma correcção: O guarda redes Ederson Moraes, sobrinho do Artur Moraes, tem 22 anos e não 19. Não é sequer o mais novo guarda redes a defender a baliza do Benfica num derbi em Alvalade. Antes já o tinham feito Moreira, com 20 anos, e Oblak, com 21. É esta a verdade, que não altera significativamente nada do ficou escrito, mas que requer o nosso pedido de desculpas.
Não é só uma deputada, que pretende continuar a ser. Não é só uma ministra que deixou o governo há três ou quatro meses, que vai trabalhar para uma multinacional do sector que tutelou, com quem no governo se relacionou, e com fortíssimos - e muitas vezes opacos - interesses no país. É mais uma alta figura do anterior governo que não faz ideia do que seja a ética. E a vergonha...
Só assim se entende o absurdo comunicado em que foi advogada e juíza. Em causa própria... Argumentou e sentenciou: not guilty!
Está enganada. E não nos engana... É inaceitáve! Não se pode aceitar!
Não sei se o Henrique Raposo está a ser alvo da fúria das redes sociais. Também não sei se essa tem sido mais campanha publicitária, de promoção do livro, que qualquer outra coisa. Mas sei que este é mais um episódio da luta ideológica que divide o país ao meio. Sei que que facilmente se extremam posições, que facilmente se alinham exércitos, se criam trincheiras, e se salta para a barricada. Sei que tudo serve para reacender todas as fogueiras de um país a arder. E sempre à mão de incendiários...
Há uns cinco meses, impressionado com o que acabava de ver na SIC Notícias, desabafei aqui. O apreço, a consideração e o respeito que tinha pela jornalista Ana Lourenço levaram-me a omitir então o seu nome. Mas era a ela que me referia, como provavelmente a maioria dos leitores percebeu.
Pouco depois a jornalista foi afastada do ecrã e, depois, da própria empresa. Especulei então que, ou a Ana Lourenço não teria sido suficientemente convincente, ou teria chegado demasiado tarde, ou se teria sentido ela própria desconfortável no papel de agradar aos novos superiores interesses da SIC.
Não sei se, em tese, haverá mais hipóteses. Sei é que no dia em que a Ana Lourenço foi anunciada na RTP - onde irá reencontrar o João Adelino Faria, mesmo que não dê para reeditar o dueto de há uns anos atrás - a SIC brindou-nos com um longo e inaudito monólogo de Pedro Passos Coelho disfarçado de entrevista.
Foi altamente louvável que, na arquitectura deste governo, a Cultura regressasse a um Ministério próprio. Esteve longe de ser consensual, e perto de reprovável, que a pasta tivesse sido entregue a João Soares...
Se isto precisasse de explicação, ela teria sido dada ontem. Mais que lamentável, o comportamento de João Soares foi indigno da Cultura que tutela. E indigno de um ministro do que quer que seja, quanto mais da Cultura... João Soares não se limitou ao enxovalho gratuito de uma figura da cultura como António Lamas. Enxovalhou-o publicamente para dar um tacho a um amigalhaço e a um correligionário maçon, tanto quanto se diz incompetente, que faz da vida uma carreira de nomeações.
Creio que é esta a primeira vez que João Soares está ministro. Mais que ser a última, deveria ter sido curta. Hoje já lá não deveria estar!
A Assembleia da República deu ontem mais um espectáculo ao país. Em causa estava o protesto pela absurda sentença da Justiça de Angola que condenou a pesadas penas de prisão os 17 jóvens angolanos.
O PS apresentou um voto de condenação. O Bloco, outro.
O CDS votou contra, provavelmente porque Paulo Portas está agora virado para os negócios. Que, como já se viu, passam por lá, por Angola. PSD também, porque agora vota contra tudo. E o PCP também, porque continua a não perceber que o mundo mudou. Continua convencido que o MPLA ainda é dos seus, que Moscovo ainda é Moscovo e que Putin é o sucessor de Brejnev.
Como se não bastasse este caldo que chumbou que o voto de condenação do PS, o próprio PS viria ainda a abster-se na votação do do Bloco.