Mas nem assim é. É ainda pior. E depois de um arranque em modo comendadores de Cavaco, e dos anúncios bombásticos de "listas de várias páginas", com "mais de uma centena de nomes" que “incluem várias pessoas influentes”, “políticos, autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e jornalistas”, nada!
Tudo contimua à volta do saco azul do BES. Dali não sai. Mesmo que de volta esteja mais um comendador de Cavaco, mesmo que Alexandre Relvas seja bem mais que isso. E mesmo que no fundo nem tenham - ele e o seu sócio Boutom - grande coisa a ver com a coisa.
De políticos e jornalistas ... nada. É pouco sério. E pouco ético. E é curioso que só o Miguel Sousa Tavares tenha reagido...
Já ninguém tem dúvidas. Isto não está a ser fácil. Nem vai ser fácil... A equipa está longe da forma de há bem pouco tempo e, à excepção do guarda-redes - do fantástico Ederson - e dos dois centrais, todos os outros jogadores estão bem abaixo do seu melhor. Por cansaço, evidentemente que sim. A exigência física e mental tem sido imensa, e equipa está eprimida, já deu tudo... E não foi pouco, como toda a gente sabe!
E depois há o outro lado. Os adversários aproveitam os jogos com o Benfica para correr como nunca correm. Fazem desses os jogos das suas vidas...
O Vitória de Guimarães, hoje, não foi diferente. Os jogadores correram como nunca, bateram-se (e bateram) como nunca e, enquanto não sofreram o golo, mandaram-se para o chão como nunca. E como todos os que têm sido os adversários do Benfica nos últimos jogos ...
A primeira parte foi exactamente assim: os jogadores da equipa de Guimarães passaram mais tempo no chão que de pé. E quando não estavam no chão a sua principal preocupação era deixar lá os do Benfica, sempre com a complacência do árbitro, devidamente pressionado durante a semana, como é hábito.
A segunda foi substancialmente diferente, porque o Benfica chegou ao golo logo no primeiro minuto. Golo que fez bem ... ao Vitória. Pelo menos à saúde dos seus jogadores, que não mais precisaram de assistência médica. E como tinham descansado muito, deitados no chão, durante toda a primeira parte, estavam frescos para continuar a fazer daquele o jogo das suas vidas. Não estou nada convencido que, jogando daquela maneira, o Vitória fosse já em onze jogos consecutivos sem ganhar...
Criaram duas ocasiões, melhor, aproveitaram dois erros, um de Renato Sanches e outro de Jardel (também os tem, às vezes acontece), para as suas duas oportunidades de golo. Contra três ou quatro do Benfica, uma delas num remate á barra do Raúl Jimenez. Que brilhou ainda num espectacular remate de letra em cima da linha final, que o guarda redes minhoto desviou, sem que o árbitro visse.
Mas não deixa de ser curioso que, entre os dois jovens e excelentes guarda-redes, quem mais tenha brihado tenha sido o do Benfica. Que começa já a ter um lugar especial na conquista do título, se vier a ser o caso...
Ah... Já me esquecia: o Sérgio Conceição é um artista. Mas já toda a gente sabia disso...
Não sei se os partidos também batem no fundo, porque não sei se têm fundo. Sei que têm fundos (às vezes não têm, mas tudo se resolve), mas não sei têm fundo. Nem bom, nem mau, porque, no fundo, são sempre as pessoas que lhe dão o fundo. Bom ou mau.
O governador do Banco de Portugal veio ontem dizer que tem de se encontrar outro índice de referência para as taxas de juro do crédito à habitação. Isto porque, com a(s) euribor(es) negativa(s), os agressivosspreads com que os bancos disputavam negócio há uns anos atrás começam a ser comidos e, em muitos casos, começam aritmeticamente a resultar em taxas negativas. E alguns, e de forma oficial - chamemos-lhe assim - o PC e o Bloco, reclamam que seja dada expressão prática e efectiva a esse resultado: que os bancos passem, agora, a pagar eles próprios (não seria devolver, obviamente, tratar-se-ia de abater ao capital em dívida o valor negativo dos juros) juros aos seus clientes.
Evidentemente que o bom senso aponta o dedo a este anacronismo. Evidentemente que se percebe que nem os bancos estão em condições de fazer isso, nem o próprio sistema resistiria muito tempo a essas condições. Tudo isto é verdade. Tão verdade como é verdade os bancos terem à sua disposição mecanismos para contornar o problema: basta-lhes - e muitos fazem-no - introduzirem nos respectivos contratos uma cláusula de impedimento. Ou até de fixação de uma taxa mínima.
Quando as taxas de juro subiam e deixavam muitas famílias em dificuldades, ninguém se preocupou. Pior: era lançado o anátema e a culpa sobre as pessoas. Coisas dos portugueses... Que não faziam contas, que queriam ter uma casa sem cuidar de saber se a poderiam ter. Nunca a culpa foi dos bancos, nem da publicidade agressiva que faziam ao crédito, nem do assédio aos clientes por todos os balcões do país.
Quando o bico do prego se vira, mudam-se as regras.
É certo que temos que colocar alguma contenção na nossa justificada indignação contra bancos e banqueiros. O que grande parte deles fez ao país não pode ser esquecido, nem tem desculpa. Mas não podemos aceitar que o Banco de Portugal, o árbitro, venha mudar as regras durante o jogo.
No dia em que na Assembleia da República se discute, mas não vota - o que é bom para o (bom) funcionamento da dita geringonça -, o Programa de Estabilibilidade (não sei se ainda se pode chamar de crescimento, se nunca dá para crescer) para Bruxelas ver - e que bem se poderia chamar, com sotaque, para ter mais estilo, "vá... me engana, que eu gosto" -, volta a falar-se da legalização da prostituição.
Não, não é o Bloco. Desta vez é a JS, que há muito se não via por estas paragens. Quem faz trabalho sexual tem de ter direito a protecção social e a reforma, defende - e bem - o deputado João Torres, Secretário Geral da Juventude Socialista. Acredito até que, legalizada, passe a ser uma actividade pouco dada à evasão fiscal, dispensando assim os governos de medidas como as que implementou sobre os cabeleireiros e as oficinas de automóveis. A curiosidade fica para a resposta à sacramental pergunta: "com, ou sem número de contribuinte?"
A política brasileira não pára nem para intervalo. O novo ministro do Turismo (empossado na sexta-feira passada) e a mulher decidiram-se por uma sessão fotográfica no gabinete ministerial. E decidiram - a senhora quis partilhar o seu "primeiro dia como primeira dama do ministério do turismo do Brasil" - dar-se a conhecer ao mundo. Que não perdia nada por não conhecer o embevecido ministro e a sua voluptuosa esposa. Como se vê pela foto, já bem mais famosa pelo seu bumbum, que o ministro pela sua patetice...
Nem tanta mudança de ciclo, nem tanto tempo novo, foram capazes de devolver um cravo à lapela do Presidente da República... Deram para o regresso dos mlitares de Abril à Assembleia da República, mas não deram para o regresso desse cravo há tanto desaparecido...
E de repente, onde nada acontecia, tudo aconteceu. Onde nada podia acontecer, tudo era era possível acontecer... Onde, em cada esquina um bufo, em cada esquina um amigo. Em cada rosto amedrontado, igualdade.
A terra da fraternidade inundou-se de utopia e dela saíram cravos. Viçosos e vermelhos que juravam ter por por companheira a vontade de gente finalmente livre. Como uma gaivota que voava, voava...
Era mais ou menos consensual que o jogo de hoje, em Vila do Conde, era decisivo para as contas do campeonato. Ganhando-o, como aonteceu, o Benfica não deixaria fugir o título desta época: o tri, que foge há 40 anos. O 35!
Lembro-me - lembramo-nos todos os benfiquistas - que há três atrás também se passou qualquer coisa semelhante. Então na Madeira, no jogo com o Marítimo. Como hoje, o Benfica ganhou. Como hoje, ficavam a faltar três jogos: dois em casa e um fora, como hoje. No jogo seguinte, na Luz, o Estoril, com um empate, estragou a festa. O resto da história já se conhece...
Começo por aqui exactamente para dizer que este jogo de hoje era tão decisivo como será o próximo. Era o mais importante porque era o próximo. Agora é o próximo, na sexta-feira, na Luz, com o Vitória de Guimarães!
Se o Benfica tinha - e queria - ganhar este jogo, o Rio Ave não queria mais que empatá-lo. Desde cedo se percebeu isso. Mesmo sendo dada como uma das equipas que melhor futebol pratica neste campeonato, o Rio Ave não fez nada de muito diferente do que têm feito os últimos adversários do Benfica: só defendeu... e queimou tempo. É certo que não defendeu como os dois últimos (Académica e Vitória de Setúbal), com dez jogadores à frente do guarda-redes. Tem outros argumentos, e conseguiu na maior parte do tempo defender um pouco mais á frente. Também não foi tão exuberante a queimar tempo, mas fez bem a sua parte....
O Benfica, que queria e tinha de ganhar o jogo, não foi mais competente - tem de dizer-se - que o Rio Ave na perseguição aos seus objectivos para o jogo. Entrou logo com uma grande oportunidade, mas depois, até ao fim da primeira parte, só conseguiu criar mais outra. Com pouca velocidade, com Renato Sanches e Pizzi longe do que têm feito, e com a bola a sair das alas sempre bem antes de chegar à linha final, o Benfica não conseguia desiquilibrar a certinha equipa do Pedro Martins.
Na segunda tudo foi diferente. Ao conseguir meter mais velocidade - e com a subida de rendimento do Renato - o Benfica encostou o Rio Ave lá atrás. Que passou a defender com toda a gente em cima da área e, como sempre que assim é acontece, os erros começaram a aparecer. E as oportunidades de golo, umas atrás das outras... Até ao golo, na menos construída das muitas oportunidades. E no maior de todos os erros da equipa que não os cometia...
Porque é assim que se ganham os jogos: indo para cima do adversário, envolvendo-o, obrigando os jogadores adversários a sair das suas posições, a correr atrás da bola, a perder a concentração. Os decisivos e os outros!
É isso que a equipa tem de continuar a fazer nos três (já agora, nos cinco, porque a Taça da Liga também conta) jogos que faltam. O resto é com os adeptos, que continuam a encher todos os campos por onde o Benfica passa. E a Luz, como voltará a acontecer já na sexta-feira.