Hoje é quinta-feira... Já é quinta-feira...
Hoje é quinta feira. Os "Papéis do Panamá" começaram a ser revelados no domingo. Há muito tempo. Tanto que já um primeiro-ministro caiu: tempo suficiente para, na Islândia, o povo sair à rua a exigir a demissão do chefe do governo, o presidente resistir, o primeiro-ministro ser demitido e um novo ser nomeado e estar já em funções...
E no entanto, por cá, no que nos diz mais respeito, todos estes dias depois, sabemos o que sabíamos ao primeiro dia: 244 empresas, 23 clientes, 34 beneficiários e 255 accionistas. Sabemos isto, e nem sabemos o que é nada disto.
Sabemos que, pela sua qualidade de membro do consórcio internacional que teve acesso aos ficheiros da Mossak Fonseca, o Expresso reserva para si o monopólio das notícias que respeitam a Portugal. E podemos até fazer um enorme esforço para perceber que, saindo a edição em papel ao sábado, o jornal entenda reservar as notícias para potenciar a tiragem e naturalmente as vendas. Mas é mesmo preciso fazer um esforço muito grande. Em primeiro lugar porque este é um tipo de conteúdo muito próximo - e próprio - das plataformas digitais. Em segundo porque, como de resto o Expresso anunciou em circunstâncias de alguma forma similares, a edição em papel privilegia o tratamento, mais que a simples divulgação da informação. E, por último, porque o tempo também mata a notícia, como se está a provar.
Torna-se por isso muito difícil de perceber as razões que poderão levar o Expresso a não soltar a informação do envolvimento português neste escândalo mundial. E quando mais difícil for perceber as coisas, mais fácil é especular sobre elas...
Hoje é quinta-feira. E o Presidente Marcelo reúne pela primaveira vez o Conselho de Estado. Pela primeira vez com um convidado especial. E que convidado: Mario Draghi, nem mais, nem menos!