Morreu um Homem*
A oportunidade, e uma ingrata actualidade, leva-me hoje por um caminho diferente. Não podia passar sem um pequeno apontamento de pesar pelo desaparecimento de um dos melhores de nós. Alcobaça acaba de perder um dos seus melhores: Timóteo de Matos.
Um profissional de corpo inteiro, um dirigente desportivo ímpar, um homem de letras e de cultura mas, acima de tudo, um espírito livre e um homem bom.
Um apaixonado do ciclismo, onde cultivou amizades como só ele sabia cultivar. Foi a cara do ciclismo em Alcobaça – que me perdoe o meu bom amigo Fernando Vieira, certamente o primeiro a subscrever esta minha afirmação – e a cara de Alcobaça no ciclismo.
Não foi apenas um profissional respeitado pelos seus pares. Foi um profissional notável, ao mais alto nível. E um cidadão exemplar. Exigente, crítico e digno. Com a dignidade dos Homens de H, a que a terrível doença - a que resistiu como ninguém - só deu maior dimensão!
“Um homem da cidadania, da família, da tertúlia e dos amigos, que gosta da vida e de quem a vida gosta”, como um dia escrevi. Que gostava da vida, e de quem a vida gostou. Que nada temia, excepto as palavras, como escreveu ele, também. Um Homem que deixa em Alcobaça um enorme vazio. E muita saudade, a cuja memória me curvo respeitosamente.
* Da minha crónica de hoje na Cister FM