Com a maior goleada da competição, a Bélgica - com Hazard de regresso às grandes exibições de que este ano andou arredado - reduziu a Hungria à sua verdadeira expressão, falando do Europeu de França, evidentemente. Despachando os vencedores do grupo de Portugal por quatro a zero, os belgas são, para já, com a Alemanha, uma das equipas mais impressionantes das já apuradas para os quartos de final.
E, no entanto - veja-se como é o futebol - os húngaros lograram o do dobro das oportunidades de golo que haviam conseguido no jogo anterior, com Portugal. O fabuloso guarda-redes que é Courtois, tirou - literalmente - três bolas de golo, tantos quantos a Hungria marcara a Rui Patrício.
E no entanto, até à entrada dos dez minutos finais, a Bélgica só tinha a render o golo que marcara à saída dos dez iniciais. Foi com dois golos em dois minutos que acabou por construir o maior resultado deste europeu. Se não tem faltado à fraca selecção húngara a sorte que lhe sobrara no jogo com a selecção das quinas, as coisas podiam ter sido bem diferentes. Porque - lá está: o futebol é isto mesmo...
Se a probabilidade não for a batata que ditou a eliminação da Croácia, nas meias finais lá encontraremos estes belgas... Do outro lado as coisas estão bem menos previsíveis.
Fez-se o reset sobre tudo o que foi a fase de qualificação. Os jogos a eliminar são outra coisa e os adversários são também outros. De outro campeonato. Este jogo dos oitavos de final, com a Croácia, não teve nada a ver com o que foi a história dos três jogos anteriores, que a selecção não ganhou. Mas que também não perdeu.
Nesses jogos, nessa fase, a selecção nacional foi a equipa que mais rematou - perto de 30 remates por jogo. Que mais bola sempre teve e, como sempre aqui foi reconhecido, sem sentir o bafo da sorte. Por ligeiro que fosse.
Hoje, com aquela que foi unanimemente a melhor equipa da fase anterior, cheia de estrelas - a Croácia tem mais jogadores de puro talento que a selecção portuguesa - , com mais tempo de recuperação em relação ao último jogo (não há igualdade de condições quando uma equipa - a da casa, por exemplo - tem oito dias de intervalo para o jogo dos oitavos de final, e outra - a portuguesa - tem apenas três), fez apenas cinco remates, teve muito menos bola que o adversário, teve sorte - teve a sorte do jogo - e ganhou. Na única verdadeira oportunidade de golo que criou, já no mesmo no fim do prolongamento. Mas também terá de se dizer que poderia ter sido mais cedo, se o árbitro tivesse assinalado um penalti do tamanho da Torre Eiffel sobre o Nani.
Mas não foi só a sorte, a mesma que nos trouxera para este quadro da competição que, ultrapassada a Croácia, abre uma avenida para a final, que hoje se mudou para dentro do relvado. Nunca explica tudo, nem nada que se pareça. Mas houve sorte quando por três ou quatro vezes a bola não entrou na baliza de Rui Patrício, e uma delas acabou até no golo de Quaresma. Houve sorte quando Fernando Santos, com os penaltis à vista, retira do campo o melhor especialista que lá tinha. E depois escapa, mesmo por um fio, a essa forma de desempate.
Não. A selecção ganhou à Croácia porque foi concentrada e rigorosa. Porque foi humilde. Porque, no fim e como sempre, quando não olha para o adversário de cima, quando o respeita, encara os jogos com mais probabilidade de sucesso.
Claro que pôr a jogar os melhores - os que estão melhor - também ajuda. E hoje Fernando Santos esteve mais perto disso. Na defesa, do último jogo só ficou Pepe. Um dos piores no último jogo, e o melhor em campo hoje. Mas o que ajudava mesmo, e continua arredado da equipa, era umas ideias para o futebol da selecção.
Mas essas já não vêm. E mesmo que se ponham a caminho já não chegam a tempo. Se não vamos lá com um futebol que se recomende, que ao menos não larguemos o rigor e a concentração. Talvez dê para arrumar com a Polónia, na quinta-feira, e seguir para as meias... Mesmo que nunca tivesse sido legítimo exigir mais a esta selecção que justamente estes quartos de final!
Ah... E o Renato Sanches foi o man of the match. Não precisa de ser titular...
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