Há pessoas que achamos que nunca morrem. E se calhar não morrem mesmo: Mário Moniz Pereira era uma delas. Mas dizem que morreu...
Dizem que morreu o Senhor Atletismo. Claro que é a referência do Atletismo mas, além de atleta, foi também praticante de andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins, ténis de mesa e voleibol. E foi treinador e professor. E músico. E poeta...
Não, não morreu o Senhor Atletismo. Morreu um grande Senhor!
Assistimos a uma escalada de terror, com o medo a invadir os cidadãos europeus onde quer que estejam, numa das mais sérias ameaças de destruição da Europa. Já não bastava o processo de autodestruição em que se lançara…
O jihadismo islâmico conseguiu o que provavelmente nunca ninguém imaginou que pudesse atingir: instalar o medo no mundo ocidental sem ter que mexer uma palha, limitando-se a, algures, a partir de um qualquer servidor, emitir comunicados a reivindicar ou a saudar massacres terroristas.
Esta espécie de franchising de terrorismo internacional, lançado há uns anos pela Al-Qaeda, atingiu agora uma outra dimensão com o Daesh. Que, quanto menos poder operacional tem, maior capacidade de destruição atinge.
Não que não destrua e mate mais, directamente, no seu terreno e com a sua operação, militar e terrorista. Os atentados no Iraque, na Síria, e até na Turquia, têm destruído muito mais vidas que os dos terroristas por conta própria na Europa. Mas estes têm muito mais impacto nos objectivos globais do terrorismo islâmico.
O que tem acontecido depois de NIce, a um ritmo alucinante em França e na Alemanha, é o tecto do medo enquanto objectivo central dos terroristas.
Os europeus começam a ter medo de sair à rua, de ir a um concerto, de entrar num shoping, num restaurante, e até numa igreja. E a ter medo de toda a gente. Qualquer distúrbio, qualquer desequilíbrio mental ou psíquico, transforma um pacato e insuspeito cidadão num terrorista por conta própria.
Este terrível fenómeno de mimetismo que esta semana explodiu no mundo civilizado – a que nem o Japão escapou – tem o seu epicentro em NIce. Quando Hollande – o mais desastrado dos líderes europeus – contra todas as evidências, a mais elementar prudência e o mínimo de inteligência, se apressou a atribuir o atentado de Nice ao Daesh, abriu esta porta. Muito difícil de fechar…
Não deixa de ser extraordinário que, a acreditar na imprensa portuguesa - o que está a ficar cada vez mais difícil - o Sr Schauble se tenha empenhado tanto a convencer os comissários a votar contra as sanções a Portugal e a Espanha, sem ter conseguido convencer o do seu próprio país. É que, no fim, a favor das sanções, apenas restaram o inevitável Dombrovskis (Letónia), um inevitável finlandês (Katainen), uma sueca da nova vaga (Cecilia Malmstrom) e o seu compatriota Gunter Oettinger.
Afinal não houve sanções, o que deixou muita gente desiludida. Com o que é que esta gente haverá agora de se entreter?
Não havia jormal, nem comentador que não fizesse a sua aposta nos milhões que haveria que entregar a Bruxelas. E quando se começava a reparar que por cá não se falava noutra coisa, em contraste com Espanha, onde o tema nem era assunto, lá apareceu ontem o El País também nas apostas, e a deixar muita gente feliz. Ao que pareceu...
Quem está inconsolável é o Sr Dijsselbloem. Nem o Sr Schauble o consegue consolar...
Quando se esperaria que os parceiros sociais se mostrassem perocupados com todas as crises que estarngulam o país, para o que nem precisavam sequer de grande imaginação, ficamos a saber que os representantes dos patrões estão afinal preocupados é com o quadro político.
Vasco de Melo, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, receia que a nova maioria possa pôr em causa "os consensos adquiridos nestes últimos anos". Não são menores, bem antes pelo contrário, as preocupações de António Saraiva, o presidente da CIP, com atual quadro político. Podia ter-se ficado pela oposição declarada a qualquer reversibilidade na legisalção laboral que o anterior governo e a troika lhe entregaram. Percebia-se... Mas diabolizar publicamente o Bloco de Esquerda é que já é do diabo. Declarar-se atacado por um partido "que tem sobre a iniciativa privada e os empresários uma leitura de diabolização" é mesmo coisa do diabo. E de política baixa, que não pode ser para levar a sério... Deveria esperava-se mais qualquer coizinha. Assim é poucochinho...
Ouvidas as declarações das delegações partidárias que ontem se deslocaram a Belém, ficamos a perceber que esta ronda para que Marcelo convocou os partidos serviu para mostrar ao país a sua própria tese: não há crise política. "As próximas eleições são as regionais dos Açores e, depois, as autárquicas do próximo ano".
Clarinho, como água: os partidos que fazem a geringonça andar garantem que não há crise ... política. Os da direita dizem que só não há crise política.
Lembro-me como mandava naquela ala direita, num vai-vem diabólico. Como dava tudo em campo, como poucos. Como ninguém mais, naquela raça inesgotável, na entrega que punha na defesa da gloriosa camisola vermelha. Era um símbolo. Era a mística encarnada num corpo franzino que chegava para tudo.
Num certo dia, corria o Verão quente de 1977, alguém entendeu que tudo aquilo era pouco. Sentiu-se empurrado para fora do seu clube de nascença, e partiu. Para o rival, porque é sempre assim...
Lembro-me como me doeu. E como me doeu mais a ingratidão do meu clube que propriamente a sua saída para o rival. Não havia nada para lhe perdoar e havia tudo para não perdoar aos que o empurraram para fora da sua casa de sempre. Aos 27 anos, no apogeu!
A vida caprichou em desalinhar dos sentimentos dos benfiquistas, como que não quisesse perdoar-lhe o que todos nós perdoávamos. E cedo lhe começou a trocar as voltas, não mais o deixando em paz. Até hoje. Aos 66 anos.
O Benfica, sempre muito maior que as pessoas e as conjunturas, por muito grandes que alguns se achem, ou tenham achado, pediu-lhe desculpa. Envergonhadamente...
A saga das sanções continua. Esgotado todo o material de propaganda, sem mais nada à mão - não que tudo corra às mil maravilhas, apenas porque, apesar de tudo e de todos os esforços em contrário a geringonça lá vai andando, saltando obstáculos e cumprindo metas - a entourage pafista agarra-se às sanções da Europa. Já nem lhes importa que já toda a gente saiba que o incumprimento a sancionar é todo seu. Do seu Passos Coelho, da sua Maria Luís, do seu Paulo Portas, e da sua saída limpa. Nem lhes importa que venham as próprias instituições europeias desmenti-los...
No fim de semana que deixamos para trás, a notícia era o congelamento dos fundos europeus. Nada mais que 16, como se vê na primeiria página do Público, de ontem.
E como se viu em praticamente toda a imprensa. E na televisão. A Europa desmentiu, disse que era tudo mentira. Mas ninguém lhe deu muita atenção. E, no Público, nem sequer foi notícia. Foi olimpicamente ignorada!
Não sei se o presidente Marcelo não deveria chamar hoje mais gente a Belém. Se o objectivo é pôr alguma ordem na casa, não sei ... não!
Os amigos de Cavaco resolveram homenageá-lo, num almoço. No dia em que se comemoraram os 40 anos do primeiro governo constitucional. Com... Mário Soares...
Um simples almoço, pouca coisa para quem se tem em tanto. Mas a gente sabe por que foi... Os amigos, mesmo que poucos, são para as ocasiões. E ficou o aviso, pela voz - uma das poucas do cavaquismo ainda em estado de uso - de Leonor Beleza: a coisa à séria, à grande, vem aí!
Já não digo nada: há gente capaz de tudo...
Por hoje, o homem só disse que foi "presidente no tempo certo". E, com a presunção que se lhe conhece, que não havia ninguém com melhores condições para isso. Presunção - diz o povo - é como a água benta... Ou será como o pão de ló?
Ficamos agora à espera que, na próxima, possa explicar aquela coisa das escutas. Porque as outras ele não vai explicar nunca...
Os dois grandes acontecimentos que dominaram o final da semana passada voltaram a evidenciar os sinais preocupantes que marcam o jornalismo e a indústria da comunicação em geral.
As redes sociais minaram o jornalismo, e o jornalismo deixou-se minar por elas, mandando às malvas os valores, os critérios, e os princípios que constituíam a deontologia com que se faziam e davam notícias.
Quando a CMTV – o mais flagrante dos exemplos disso mesmo – transmitiu imagens vivas da agonia e da morte em Nice, não estava a noticiar coisa nenhuma. Quando um “jornalista” – que nunca pode ser digno dessa designação – da TF2, de microfone em riste e câmara apontada pergunta, a um homem junto ao cadáver da mulher, o que sente, não está a relatar um facto. E muito menos a fazer notícia.
Quando as televisões, na noite de sexta-feira, cobrindo as incidências do suposto golpe de estado na Turquia, noticiavam, tudo numa mesma e única hora, que Erdogan tinha pedido asilo político à Alemanha, que a Alemanha o recusara, e que estava a aterrar em Teerão, depois do Irão ter aceite conceder-lhe asilo político, não estavam nada preocupadas com factos. Nem com rigor. E nem sequer com o mínimo sentido crítico, ou com o mais elementar bom senso, que desde logo denunciava a impossibilidade factual do que estavam a noticiar.
A informação rigorosa e objectiva é tudo o que o mundo hoje mais precisa. Mas é precisamente quando é mais desprezada e negligenciada, para dar lugar ao voyeurismo e á exploração emocional dos sentimentos mais básicos das pessoas, impedindo-lhes ou limitando-lhes seriamente qualquer a capacidade da reflexão serena sobre os factos.
Isto mata a nossa civilização. Isto só ajuda os inimigos da nossa forma de vida. Isto ajuda terrorismo. E o terrorismo conta com esta ajuda. Porque isto orienta reacções xenófobas e de descriminação étnica, que acabam por entregar o poder a radicais racistas e nacionalistas. Que, depois, pressionam, perseguem e isolam minorias, quaisquer que sejam, atirando-as para para a marginalidade, para o pântano social, numa espiral de radicalização que alimentam, para dela se alimentarem...