No topo da indecência *
O título de campeão europeu que Portugal conquistou em França, dando aos franceses mais uma oportunidade para mostrarem o seu chauvinismo desbragado que destila mau perder, deixou o país em festa, a rebentar de emoção.
Nada que comovesse os senhores de Bruxelas, mesmo com Mário Centeno a chegar de cachecol ao pescoço, porventura esquecido que esse não é o adereço que por lá mais apreciem num ministro das finanças. Já fizeram a vida negra a um, e ainda se desconfia que tenha sido pelo cachecol…
Nada que comovesse os senhores de Bruxelas – dizia eu – que continuam a ameaçar-nos com as sanções, sem atar nem desatar, nem sim nem sopas. Mas a fazer mal, a fritar em lume brando.
A maior sanção é a ameaça permanente de sanções. É a chantagem, o medo… Há gente que acha que é chantageando e impondo o medo que se conduz a União Europeia, vejam bem ao que isto chegou. Gente sem interesse, mas cheia de interesses …Como Durão Barroso, que nem sequer hesitou um segundo no momento de dar um autêntico golpe de misericórdia na Comissão Europeia.
Quando, enquanto expressão máxima das instituições europeias, mais precisava de ser prestigiada, reforçada, e credibilizada, Durão Barroso abre a porta directa que dá para a alta finança mundial e deixa-a escancarada para toda a gente ver como os senhores do mundo põem e dispõem do poder na Europa, para a partir daí porem e disporem dos povos.
Não o fez, evidentemente, para nos mostrar mais nada que a sua ambição pessoal desmedida e a forma nada escrupulosa como sempre tratou da vidinha. E que de nada valeu aos seus antepassados na Comissão Europeia terem estabelecido uma generosa pensão – e sabe-se bem como são largas as mãos da União Europeia nestas coisas – para evitar tentações aos seus mais altos representantes na reserva.
Barroso, que nunca teve vida profissional que se lhe conhecesse para além da política, não atingiu o topo da carreira empresarial, como, provavelmente por ironia, afirmou o presidente Marcelo. Limitou-se a atingir o topo da indecência!
PS: Procurei uma foto para ilustrar este texto, como faço habitualmente. Pesquisei por "indecência" e, entre muitas fotografias de muitas indecências, lá estava esta. Por isso a aproveitei.
* Da minha crónica de hoje na Cister FM