O aumento da dívida e os "mensageiros da desgraça"
O aumento da dívida pública, e em especial o aumento em Junho, tomou conta das gordas nos jornais de ontem. O anúncio do novo tecto da dívida do país provocou a habitual excitação nas redes sociais, especialmente entre as hostes pafistas, sempre prontas a cantar vitória a cada desgraça anunciada.
É evidente que não há nenhuma razão estrutural para a que a dívida não continue a subir. Não há qualquer foguete para lançar, nem garrafa de champanhe para abrir: tudo continua na mesma, e com tudo na mesma a dívida só pode continuar a crescer. Mas, uma coisa é isso, a dívida ter de continuar a crescer. Outra, completamente diferente, é o crescimento brusco, repentino, que as notícias de ontem pareciam fazer crer, a justificar os foguetes - aí sim - da massa (a)crítica pafista.
Toda a gente sabe que nas actuais condições da nossa economia - e da quase totalidade das economias europeias - a dívida paga-se com nova dívida: "a dívida não se paga, gere-se" - já dizia o outro. Com dívida a vencer-se à vista, é necessário contratar mais dívida para a pagar. Com dívida a vencer-se a curto prazo, e em tempos favoráveis em matéria de taxas de juro, como é o caso, é natural que se aproveitem essas condições para criar os depósitos com que irá ser paga essa dívida a pagar nos meses mais próximos.
É isto o que está a acontecer: a dívida nunca foi tão alta, mas os depósitos também não. A isto chamavam há pouco tempo - há apenas um ano, como se lembrarão - "cofres cheios". Hoje, os mesmos, chamam-lhe catástrofe.
Há uma excepção, uma honrosa excepção que não posso deixar de aqui salientar: o deputado do PSD, Duarte Pacheco, que não teve dificuldade em explicar que "há um empréstimo a ser vencido em setembro e muitas vezes o Estado paga um empréstimo contraindo outro" e que "antes de pagar um fica com dois em dívida, o que altera os números, que depois voltam à normalidade no mês seguinte". Se calhar foi o único a ouvir os avisos de Marques Mendes, na véspera ...