Em estado de perdição
Não sei o que é que o Secretário de Estado Rocha Andrade tem a ver com o novo decreto-lei do IMI que levou aos desvarios que por aí se vêem. Sei que o IMI se presta a tudo, até porque é o mais desvairado produto da burocracia fiscal. Sei que nasceu em 2003, pela pena do seu homólogo, na altura, Vasco Valdez, às ordens de Manuela Ferreira Leite e sob a égide do "gold man" Barroso. E que os critérios na sua concepção transformados em fórmulas devem ter provocado raros momentos de êxtase burocrata. Verdadeiros orgasmos burocráticos.
Sei, evidentemente, que o que o governo agora quis fazer foi simplesmente aproveitar as teias desse monumento à burocracia que é o IMI para passar entre os pingos da chuva em mais uma tentativa de sacar mais umas massas aos contribuintes. E dessa o Secretário de Estado não se pode safar...
Até porque não lhe bastou que não tivesse conseguido passar entre os pingos da chuva. Cairam-lhe logo em cima as duas viagens a França, e os dois jogos da selecção, que a Galp lhe ofereceu.
Cometeu uma imprudência capital quando se permitiu a tal convite. E um erro grave quando o aceitou, que não é de todo remediável: dizer agora que vai reembolsar a Galp não resolve coisa nenhuma. Em política, como na vida, os erros assumem-se. E pagam-se. É assim, não há outra forma.
Vai bem o CDS quando reclama a demissão do secretário de estado. Faz parte do jogo político. É assim. O que não faz parte do jogo, nem faz qualquer sentido, é a posição do PSD: ao atribuir contornos criminais à imprudência e ao erro de Rocha Andrade, o PSD está, apenas e mais uma vez, a dar nota pública do estado de perdição em que se encontra. E donde não consegue sair. Basta reparar na imagem...