Não correu bem
Tenho andado afastado do futebol neste início de época. Passei ao lado da Súpertaça e não acompanhei a primeira jornada da Liga.
Cheguei hoje à época 2016/2017. E bem podia ter esperado mais uns tempos...
Sabia, mesmo assim, pelo fui lendo e ouvido, que o Benfica não estava a entrar muito afirmativo. O categórico resultado do jogo da Súpertaça não dizia assim tanto, e a qualidade da exibição esgotou-se em meia hora, a primeira. No jogo de entrada na Liga tinha-se salvado o resultado, e a exibição tinha atenuantes: o primeiro jogo é sempre especial, por ser o primeiro; o campo, o adversário aguerrido, ainda com a dinâmica do sucesso da épica fase final da época anterior...
Hoje já teria de ser outra coisa. Era a estreia em casa, com a Luz cheia e os adeptos ansiosos por receberem a equipa no seu colinho. O adversário era convidativo: o Vitória de Setúbal tem tradições no futebol nacional.
Mas as coisas não correram bem. O Benfica deu sempre a ideia que não tinha preparado este jogo da melhor forma, e as opções menos óbvias não resultaram. Pizzi atrás de Mitroglou, a fazer de Jonas, não é uma boa ideia. Mas o grande problema era a dinâmica pouco rotativa da equipa, logo depois das perdas de bola. Quando, perante um adversário bem organizado - Couceiro não descobriu a pólvora, vai ser assim que a maioria dos adversários enfrentará o Benfica - como foi o Vitória, se não há velocidade, se não se coloca intensidade no jogo, e se os passes errados engasgam a circulação de bola, fica difícil ganhar. Se a juntar a tudo isso também as individualidades resolverem não aparecer, fica ainda mais difícil. Se em cima de tudo isto surgir uma arbitragem desastrada, a empurrar o jogo sempre para o mesmo lado, temos a tempestade perfeita: tudo para correr mal!
E foi assim. A um Benfica colectivamente ainda muito por baixo, sem as estrelas que resolvem jogos (que se passa com o Carrillo? Por que é que o Danilo não está inscrito? Será que o Rafa também não é para inscrever?), juntou-se um árbitro que fez tudo para complicar as coisas.
Marcou faltas inexistentes contra o Benfica (de uma delas resultou o livre que resultou no golo do Vitória) e não marcou faltas mais que evidentes contra os setubalenses, uma das quais no mesmo golo. Marcou faltas ao contrário, fazendo com que as estatísticas das faltas cometidas assinalassem 17 para o Benfica e 13 para o Vitória. Recuperações de bola limpas dos jogadores do Benfica em zonas promissoras foram sistematicamente transformadas em faltosas. Faltas grosseiras (mãos, derrubes, pisadelas) junto à área foram repetidamente ignoradas. Uma agressão, num golpe de karaté sobre o Gonçalo Guedes (o único suplente que realmente mexeu com o jogo), foi penalizada com cartão amarelo. Pactuou com as perdas de tempo dos jogadores vitorianos, compensado com uns ridículos 4 minutos no final do jogo que teve seis substituições (em cada uma dos setubalenses perdeu-se sempre mais de um minuto).
Claro que o Benfica tinha obrigação de ganhar. Criou apesar de tudo ocasiões mais que suficientes para isso, mesmo descontando a soberba exibição do Varela. Mas este é um resultado com impressões digitais do árbitro do Porto. Pela segunda vez em duas actuações de Manuel Oliveira na Luz.