Um dia quente!
Acaba Agosto, o mais mítico e romanceado dos meses do ano. Acabam as férias e praticamente acaba o Verão. Mais que mudar o calendário muda uma forma de vida.
É sempre assim, todos os anos. Hoje no entanto é muito mais que isso. Muitas páginas se viram hoje com a do calendário.
Mesmo que o mercado de transferências no futebol feche sempre nesta data, nunca fechou como hoje, com a porta a ir lentamente fechando com inusitado suspense. Nunca a coisa por cá fervilhou tanto, com tanto negócio de última hora, tanta volta e reviravolta, tanta lágrima, tanto amúo e, inevitavelmente, tanto dinheiro.
Chega ao fim o processo de impeachement de Dilma Roussef no Brasil. Depois de mais um longo e insuportável desfile de senadores, cada um a tentar ser ainda mais deprimente que o anterior. Depois da advogada anónima que virou gente - figura central em todo este processo, Janaína Paschoal de seu nome - garantir, em choro por ventura comovido mas nada comovente, que o impeachment era um ato divino, e de, não menos absurdo, pedir desculpas aos netos de Dilma. E depois do advogado de defesa chorar, porque a outra já chorara, o golpe de Estado está consumado. Na América Latina, agora, os golpes de Estado são assim. Os generais já passaram de moda!
Em Espanha, Rajoy tenta ser de novo empossado à frente de um governo que já tarda vai quase para um ano. Não vai dar em nada. Mesmo com o acordo com o Ciudadanos, faltam-lhe seis deputados que, diga-se, não fez muito por encontrar. É agora claro que a alternativa a novas eleições - as terceiras consecutivas, e provavelmente também inconclusivas - é a geringonça portuguesa. Com molho á espanhola.
E é também hoje que toma finalmente posse a nova administração da Ciaxa Geral de Depósitos, naquele que se espera seja o último capítulo de uma novela lastimável, toda ela cheia de tesourinhos deprimentes. Mas caros, todos muito caros.
É verdade. Não me lembro de um 31 de Agosto tão quente!