Desta vez não houve como iludir a hecatombe de lesões que se abateu sobre o Benfica. Champions é outra coisa, e não se compadece com ondas como esta que a equipa está a tentar surfar.
Na primeira parte o Benfica conseguiu imitar o que fizera em Arouca, e superiorizou-se claramente ao Besiktas, mesmo sem ter atingido o nível de há quatro dias. Até porque perdera também por lesão o seu maior protagonista de então: Rafa, pois claro.
Na segunda não foi nada assim. Com a entrada de Talisca a equipa turca melhorou muito, e o Benfica passou a encontrar as dificuldades que não conhecera. Chegou a conseguir inverter a tendência desfavorável do jogo, e podia até ter resolvido definitivamente as coisas quando, a dez minutos do fim, Gonçalo Guedes, sozinho à frente do guarda redes adversário e com tempo e espaço para tudo, permitiu a defesa ao antagonista.
Não resolveu, e quando parecia que seria Ederson - em boa hora regressado à baliza - a resolver tudo, e já no último minuto, Celis - que em má hora, a cinco minutos do fim, substituira Fejsa (lesionado?) - mete os pés pelas mãos e acaba a tocar na bola com o que não devia, ali mesmo à entrada da área. E o Talisca fez aquilo que tantas vezes fizera no lado certo da camisola.
Claro que um golo no último minuto é sempre sorte para quem marca e azar para quem sofre. Mas o Benfica na segunda parte pôs-se a jeito para isso do azar...
Rui Vitória não esteve no banco, por castigo que vinha do jogo com o Bayern, da época passada. Não sei - nem ninguém sabe - se alguma coisa teria sido diferente. O que se sabe é que não foi só a coisa e tal do Guedes e do Celis a ditar um resultado comprometedor.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, Maria Luís Albuquerque, induzida a responder que as actuais circunstâncias da situação económica e financeira do país estariam a abrir as portas a um novo resgate, foi peremptória a demarcar-se da resposta armadilhada: "não colocaria a questão nesses termos".
Mais que a ingenuidade política de Mário Centeno, que explica por que é que Costa lhe dá tão pouca importãncia e não raras vezes o deixa mesmo em situações embaraçosas, o que salta à vista é a pressão á volta do Orçamento de Estado para opróximo ano.
Sabe-se que era aí, no Orçamento, que todos apostavam. Passados que foram os primeiros meses do governo, ultrapassado o fogo do Orçamento (tardio, como sabemos) para este ano, logos as baterias apontaram para o do próximo ano. No próximo é que seria. A geringonça não resistiria aos contornos incontornáveis do próximo orçamento. Em Setembro ou Outubro a coisa sucumbiria de morte natural. E se não fosse assim lá estaria a Europa pronta a deitar tudo a baixo, o que iria dar no mesmo.
Setembro ainda nem a meio vai, mas as indicações que vai dando não apontam para nada disso. A geringonça, mesmo revelando aqui e ali a eventual falta de uma pontinha de óleo, vai-se aguentando bem. Da Europa já se dá conta até de convergência, e aquela reunião dos países do Sul, no final da passada semana, altera por completo o cenário da ameaça europeia.
Perante tudo isso é preciso inventar novos fantasmas, e nada melhor que o fantasma de um novo resgate. Daí a pressa em trazer o tema para a actualidade. E daí razões acrescidas para António Costa ficar zangado com Centeno. Mas zangado a sério, mesmo que - e bem - não o mostre!
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.