Aqui não há cão. Nem gato...
Três dias depois de garantir "que não era pessoa de voltar com a palavra atrás em de dar o dito por não dito", Passos Coelho desdiz-se mais uma vez e diz que não vai, afinal, apresentar aquela coisa do Saraiva. Que, generoso mas surpreendido. compreende e acaba mesmo por suspender a apresentação.
Esta inflexão do antigo primeiro-ministro não lhe vale de muito. Nem lhe acrescenta nada que não o grau de todos os defeitos que fazem dele um dos mais rascas subprodutos da política portuguesa. Com a absurda leviandade de, preso a uma fidelidade canina, ter aceitado associar-se a um livro deplorável, Passos confirmou ausência de princípios, em especial dos da ética e da responsabilidade, que têm de nortear quem já foi, e aspira voltar a ser, primeiro-ministro.
Não precisava disto para negar a sua categória afirmação de três dias antes. Quando a proferiu já ninguém tinha dúvidas da sua facilidade em dar o dito por não dito. Não, não é este um caso de "preso por ter cão e preso por não ter cão". Aqui não há cão. Nem gato... Nem vergonha. Nem nada...