De pernas para o ar
Qualquer pessoa de cabeça aberta, e de sapato desimpedido de pedras, percebe que o tema do imposto sobre o património imobiliário que Passos Coelho anunciou, criou e não cobrou, se transformou numa certa trapalhada quando este governo lhe tocou. Fosse porque foi a Mariana Mortágua a mandar-se de cabeça, fosse porque não estava consistemente estruturado para vir ao mundo, ou fosse até para ser mesmo assim, para ver no que dava, a verdade é que não correu lá muito bem.
Disso aproveitou o exército da opinião publicada ao serviço dos interesses e da ideia dita neo-liberal para ir bem mais longe e virar tudo de pernas para o ar.
Marques Mendes disse ontem do seu púlpito na SIC - e sabe-se como é importante o que diz, dito sempre sem qualquer obstáculo contraditório - que este caso está para António Costa como a TSU esteve para Pedro Passos Coelho, há precisamente quatro anos. Não está, nem pode estar, por muitas e variadas razões. A primeira das quais é que os interesses atingidos são diametralmente opostos...
Não sendo verdade é, no entanto, a cereja no topo do bolo do argumentário da barreira que foi erguida para impedir este novo (velho) imposto. Comparar a reactivação deste imposto sobre o património, que incide sobre uns poucos milhares dos cidadãos mais abastados, com a transferência da contribuição para a TSU da entidade patronal para os trabalhadores, que atingia todos os trabalhadores por conta de outrem, é o toque final na campanha de manipulação da opinião pública montada para o matar à nascença. Súbtil, em nome da eficácia!