Depressões e inconformismos
Com a entrada em funções do actual governo Pedro Passos Coelho caiu numa tremenda e profunda depressão. Não foi fácil: entrou em fase de negação, enfiou-se na cama e não mais de lá saiu. Aos poucos foi começando a ficar sozinho, e sabe-se como a solidão aprofunda ainda mais a depressão.
Já lá vai um ano e Passos percebeu que tinha de reagir, que aquilo não era vida. Que, assim, não ia a lado nenhum...
Percebe-se hoje que já começou a sair dessa fase negra. A ponto de - ao que se diz - já ontem à noite, no Conselho Nacional do partido que ainda lidera, ter aberto o peito e desafiado toda a gente que havia a desafiar: "venham, mas terão de se haver comigo"!
Quem fala assim não só não é gago. Também não está deprimido. Poderá não estar lá muito bem da cabeça, mas deprimido é que não!
É verdade. A coisa já passou a Passos Coelho. A quem não há forma de passar é a Herr Schauble: o homem não se conforma. Nem há quem o possa conformar!
Não vejo grande problema - nem pequeno, confesso - nisso. Que não se conforme, é lá com ele. Eu é que não me conformo com os desmandos desse maníaco-depressivo alemão. Nehum português (pronto, está bem: à excepção do Camilo Lourenço) se deve conformar, e não ficava nada mal ao governo português chamar o embaixador alemão a S. Bento ou às Necessidades. Já é tempo de dizer, alto e bom som, que basta de intromissões. Que se preocupe com aquilo que lhe diz respeito, e que não é pouco preocupante, e que deixe em paz o governo legítimo e democrático de um país parceiro, mas soberano.