A bomba do FBI
De repente, o cenário eleitoral das presidenciais americanas virou-se de pernas para o ar. Aquilo que os debates televisivos pareciam ter garantido, não está mais garantido e a ameaça de Trump poder vir a ser presidente da ainda mais influente potência mundial é agora mais real. Mais real do que alguma vez tinha sido, e mais assustadora ainda. Até porque ganhou forma e dimensão depois de estar praticamente aniquilada.
Tudo isto porque o FBI, a uma semana das eleições, decidiu entrar de repente pela campanha dentro. À bruta, e sem pré-aviso!
Na sexta-feira, o director nacional do FBI, James Comey, enviou uma carta ao Congresso dando conta de reabrir a investigação aos mails de Hillary, que tinha sido dada por concluída em Julho. O tema, recordo, tem a ver com a utilização, por parte da Srª Clinton, enquanto responsável pela diplomacia americana no primeiro mandato de Obama, de contas privadas de correio electrónico, e portanto à margem dos requisitos de segurança do Estado. Em causa estava se essa utilização tivera o propósito intencional de desviar informação dos canais normais, e em causa está que é crime utilizar essas contas privadas para veicular informação classificada de segredo de estado.
Se o assunto estava encerrado, que sentido tem reabri-lo a uma semana das eleições?
Bom, o senhor do FBI diz que, ao investigar um congressista (Weiner), acusado de troca de mensagens de cariz sexual com uma menor, que fora casado com uma assessora da então Secretária de Estado, foram encontrados no seu computador novos mails, que eventualmente poderão conter informação classificada. E diz que, ao ter disso conhecimento, não o revelar seria favorecer Clinton.
O que não diz, mas toda a gente vê, é quem favorece, revelando-os. Pois... O que toda a gente no mínimo percebe é quem o Sr Comey decidiu favorecer, a oito dias das eleições. Quando sabe que não tem sequer tempo para concluir a investigação, e que acaba de lançar para o ar coisas - decisivas - que não tem condições de deixar provadas.
O patrão do FBI decidiu lançar uma bomba de elevado efeito destruidor para favorecer Trump. E lançou. Não é a primeira vez que o FBI se porta mal... Não é a primeira vez que o FBI alinha pelo lado mais reaccionário da América. É comum!
E nem é preciso recuar ao sinistro J. Edgar Hoover...