2016 está absolutamente insaciável, e disposto a continuar levar-nos os nomes maiores da música dos nossos tempos.
Acaba de nos levar mais um dos maiores de todos. Leonard Cohen não era só um grande cantor, de estilo único. Nem apenas um grande compositor. Nem tão só o melhor escritor de canções. Era tudo junto, mas era ainda um grande escritor e um enorme poeta!
Judeu, como o próprio nome deixa perceber, tornou-se budista. A dimensão espiritual que introduziu na sua vida e a intensidade amorosa com que a viveu, constituem a marca da sua arte. Foi homem de muitas mulheres e de muitos amores, que lhe marcaram também as canções: "Chelsea Hotel No. 2" foi escrita para uma delas - a mítica Janis Joplin; "So Long, Marianne", para outra - a norueguesa Marianne Ihlen, recentemente falecida (em Julho), a quem declarou "amor sem fim".
O mundo continua perplexo com a eleição de Donald Trump. Indignado, revoltado mesmo: como é possível que os americanos tenham entregue os comandos do ainda mais influente país do mundo a um aventureiro, populista, arruaceiro, racista, xenófobo, fascista, retrógrado, reaccionário e, depois de tudo isso, ignorante e incapaz?
Como é possível que os mais excluídos dos americanos, as minorias, tenham votado em quem, de forma clara e repetida, garantiu perseguir sem tréguas? Como é possível que os americanos acreditem em quem mente com tanta falta de pudor? Como é possível que os americanos acreditem que alguém lhes resolve os problemas sem lhes apresentar soluções?
Pode dizer-se que é porque Hilllary Clinton não era apenas um candidata que não entusiasmava ninguém. Era mesmo a pior candidata possível, e o melhor adversário que Trump poderia desejar. Pode dizer-se que é o resultado da decadência das democracias ocidentais. Dos valores que se permitiram perder. Do vazio de respostas de um sistema que perdeu regras e limites. Do esgotamento das elites políticas, acomodadas no seuconforto ao sofrimento dos outros… E em grande parte corruptas.
Pode dizer-se tudo isso e muito mais. Mas pode também dizer-se que a América é isto mesmo. Que há na América duas Américas: uma, moderna e de vanguarda, da ciência, das universidades, da inovação, da tecnologia; e outra profundamente retrógrada, atrasada, com séculos de atraso, e fechada ao e do mundo. Ou que o sistema eleitoral – que curiosamente não se vê muito questionado – está ultrapassado e desfasado da actual realidade sociológica...
Há 16 anos, Al Gore ganhou claramente em votos, mas quem foi eleito foi Bush (filho). Agora, Hillary foi humilhada pelos resultados eleitorais. E no entanto, mesmo assim, foi a mais votada!
* Da minha crónica de hoje na Cister FM
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