Melhor do mundo!
Vivemos num mundo rankings, obcecados pelo número 1, pelo primeiro, pelo melhor... O mundo do futebol não é mais que o outro mundo, aquele mundo. O que conta é o melhor do mundo: mesmo que o melhor do mundo não seja o melhor do mundo. Mesmo que isso não exista, não passe de uma criação. Ainda que indispensável ao funcionamento do dito: o mundo já não funciona sem o melhor do mundo!
E quando o melhor do mundo é português, o melhor do mundo é ainda mais melhor do mundo. Cristiano Ronaldo é mais CR7 que Cristiano Ronaldo. Mas é ainda mais melhor do mundo que CR7. Por isso não nos admira que seja sempre o melhor do mundo, mesmo quando, nessa criação, o não é.
José Mourinho era outra criatura da criação. Sem se saber como nem porquê, foi durante anos a fio o melhor do mundo. O mundo virou-se(-lhe) ao contrário e não se ouviu mais falar de melhor treinador do mundo.
Mas como o mundo não é coisa para estar virada ao contrário lá temos, nos treinadores, não um, mas dois melhores do mundo: o melhor treinador do mundo de equipas de clubes, e o melhor treinador do mundo das selecções nacionais.
O melhor do mundo, na primeira dessas categorias, é Diego Simeone, o treinador do Atlético de Madrid. Não sendo Mourinho, nem Guardiola - digamos que os pop stars, mesmo com as respectivas stars, particularmente a lusa, a empalidecer - integra-se bem no perfil daquele estrelato particular. A surpresa é o bem português Fernando Santos (que me desculpem, mas a personagem Mourinho tem pouco de tuga) ser agora, também ele, o melhor do mundo.
É verdade que, criadas agora as duas categorias, dificilmente poderia ser outro o melhor dos treinadores de selecção da Europa. E sendo a Europa - no futebol, bem entendido - o centro do mundo, não havia como não ser, também ele, o melhor do mundo.
Não me parece que se ajuste à criação. Mas se calhar é por isso que eu acho que lhe fica a matar essa coisa de melhor do mundo. Parabéns Fernando Santos!
Mais por isso, pela simplicidade do anti-herói, que propriamente pela pompa.