À medida que se vão confirmando as boas notícias da economia portuguesa, como hoje o INE a oficializar o crescimento de 2,8% no primeiro trimestre, ou Álvaro Santos Pereira, o revogado pelo irrevogável, a garantir que a OCDE vai rever em alta as perspectivas de crescimento económico em Portugal, mais voltas o eixo PAM (Passos - Albuquerque - Montenegro) dá.
De tantas voltas, já têm a cabeça a andar à roda. Já não dizem coisa com coisa. Vejam bem que, depois de andarem a dizer que nada daquilo ia dar certo, que estava tudo errado, que era uma impossibilidade aritmética, que eram histórias para meninos, e de rirem na cara de Centeno como se ele fosse o palhaço lá da turma vêm, agora que lhes entra pelos olhos dentro que está a correr bem, dizer que... foi por eles que correu bem. Que aquilo que não podia correr bem, porque era tudo ao contrário do que eles tinham feito, correu bem, porque eles tinham feito o contrário do que foi feito, e que está a correr bem...
Já estão também com a cabeça a andar à roda, não estão? Pois...
É dito e repetido que faltam líderes à Europa. Que os grandes problemas no actual processo europeu são exactamente fruto da falta de rasgo, de visão, de dimensão e de estatura da actual geração de políticos europeus.
Todos sabemos que assim é. E que Angela Merkel é certamente o maior expoente dessa geração. Que,por ser alemã, se chegou à frente, e quem tem na realidade liderado a Europa. Mas nunca os europeus lhe reconheceram qualidades para encarnar o líder por que a Europa necessita. Pelo contrário, sempre inspirou mais medo que esperança.
Mas tem que se reconhecer que, nos últimos dois anos, a senhora fez alguma coisa por mudar essa imagem. Começou com o problema dos refugiados, e teve um forte empurrão com o espectro da marcha da extrema direita por esta Europa fora. Sim, a ameaça de um pesadelo extremista fez muito do trabalho de "fotoshop" que tem beneficiado a imagem de Merkel nestes últimos tempos.
Ontem, regressada da cimeira do G7 e da Cimeira da NATO, num comício em Munique, fez um daqueles discursos que podem encher a página de viragem na Europa. Quando Merkel diz com todas as letras que a União Europeia não pode mais confiar nos Estados Unidos, de Trump, e no Reino Unido, do Brexit, e que, por isso, tem de tomar nas suas mãos o seu próprio destino, está a escrever História.
Falta agora saber se ela própria consegue estar ao nível da História que está a escrever. E essa é uma dúvida que, mais que Merkel, é a Alemanha, e a sua História, que têm dificuldade em esclarecer.
Aí está a dobradinha, a décima primeira, a abrihantar o tetra. Depois do 36, aí está a 26!
A final da Taça foi a festa do costume. Nem a chuva a estragou, porque não há festa como esta, chova ou faça sol.
A chuva, que caiu copiosamente durante a maior parte do jogo, não estragou a festa. Mas não ajudou nada no jogo. Foi notório, em especial na primeira parte, que precisava de ajuda para se tornar mais interessante e mais agradável de ver. Pela chuva, certamente, mas também por outras razões, a primeira parte foi assim para o fracote. Com muitas interrupções, muitas faltas, empurrado pelos jogadores do Vitória para uma dimensão muito física.
A lesão de Fejsa, obrigando-o a abandonar o relvado logo aos vinte minutos, foi a primeira consequência desse caminho que o jogo tomou. Receou-se que pudesse marcar o resto de jogo, e pelo menos acabou por marcar o resto da primeira parte. Onde o Benfica teve mais bola e produziu mais jogo, mas não deixava uma ideia de grande superioridade.
A segunda parte foi bem diferente. O jogo subiu de qualidade, muito por efeito da chegada de Jonas ao jogo. Com uma entrada forte, e com Jonas a fazer o que faz como mais ninguém - não merecia que a trave lhe roubasse aquele golo - , o Benfica virou o jogo do avesso. Fez o primeiro golo logo aos dois minutos, e o segundo aos sete. Aos dois golos em cinco minutos, sucedeu-se mais uma série de oportunidades nos seguintes. O Benfica tinha o domínio e o controlo do jogo, e já só faltava acrescentar golos ao resultado. Mas a bola teimava em não voltar a entrar, mesmo quando já a víamos dentro da baliza. O espectro da goleada do jogo do tetra pairou no Jamor, mas o 2-0 manteve-se, teimoso. E mentiroso.
Mais mentiroso ficou quando, a uma dúzia de minutos do fim, num canto, o Vitória marcou. Nos doze - mais os quatro de compensação - que se seguiram, oportunidades de golo, só para o Benfica. Mais três, ainda, fazendo com que o resultado tenha acabado por ser ainda mais mentiroso que o video árbitro.
O problema não está no vídeo, esse funciona. O problema está - e lá continua - no árbitro. O video mostrou dois penaltis, mas o árbitro não os viu. Então aquele aos 55 minutos.... O árbitro (Hugo Miguel), depois de estar em comunicação com o video árbitro, mandou seguir o jogo.
Parece que a verdade desportiva pode esperar. O corporativismo é que não. E sabe-se que Portugal tem fortes tradições corporativas.
Mas isso agora não interessa nada. O que interessa é que, mesmo assim, o Benfica fechou a época em beleza. Tetra com dobradinha, sabe ainda melhor. E o grande capitão já igualou o mais titulado jogador do Benfica. Ninguém ganhou mais que Luisão e Nené: 19 títulos. É obra!
O terror voltou, pouco tempo depois. Agora foi em Manchester, e o alvo foram jovens adolescentes, que se limitavam ao prazer da música num concerto à sua medida.
Bastou um, apenas um. Jovem também, para, de bomba à cintura, espalhar a morte a partir de si próprio.
Já estava referenciado. Acabamos sempre a saber que estava, todos os outros estavam também referenciados. Não tem servido de muito. Não serviu para nada a nenhuma das vítimas.
Começa também a não servir para nada dizer que eles não ganham. Que não cedemos em nada, que não abdicamos de nada daquilo de que é feita a maneira como vivemos. Nem é verdade nem faz já muito sentido. É preciso começar a encontrar respostas. Outras respostas, que estas já não servem.
Eles estão a ganhar. E assim continuarão, se deixarem que assim continue.
Surpreendentemente, em Espanha, Pedro Sanchez reconquistou a liderança do PSOE. Ou talvez não. Talvez não tenha sido assim tão surpreendente, se nos lembramos como foi afastado. Num golpe do baronato do partido, com forte apoio mediático.
Ao recolocar Pedro Sanchez aos comandos dos socialistas espanhóis, as bases do partido disseram aos barões, com Felipe Gonzalez à cabeça, que a afirmação, e a própria sobrevivência, do PSOE não passa pela colagem à direita. Mostraram que sabem bem que, para fazer as mesmas coisas que a direita, a esquerda não é necessária. Que o original é sempre melhor que a cópia.
Coisa que muita gente não quer que se perceba. Lá, como cá!