A "estória" do "The Shed at Dulwich", o restaurante londrino que nunca existiu e chegou ao topo da lista do TripAdvisor, tende a ser apresentada como o mais flagrante exemplo da facilidade em manipular a informação nas plataformas digitais e em particular nas redes sociais.
Mal, erradamente, do meu ponto de vista. Por duas razões fundamentais: a primeira é porque se trata de uma burla. e as burlas existiram no passado, continuam a existir na actualidade, e seguramente que continuarão a existir no futuro. Existem na rua, nos mais sofisticados escritórios, ou nos melhores hotéis. Mas uma burla bem feita, mesmo que não tenha tido por fim lesar objectivamente ninguém para obter qualquer vantagem. Uma burla boa, e ainda por cima bem feita. O que leva à segunda: não é fácil. Não é nada fácil fazer isso bem. Exige muito e múltiplo talento, como uma boa burla sempre exigiu.
Diferente, mas também burla, e burla a sério para prejudicar uns e beneficiar outros, são as "fake news", que nem sequer são um exclusivo - nem de perto, nem de longe - das paltaformas digitais e das redes sociais. Outra ainda, e essa sim toda a débito das redes sociais, são as notícias que não são notícia. Mas essas são normalmente tão mal feitas que não têm grande futuro, mesmo quando transformadas em bola de neve, que tudo leva à frente.
Parecia ser grande a expectativa à volta da audiência parlamentar de ontem. Mas não deu em nada...
O ministro Vieira da Silva não acrescentou coisa nenhuma: não sabia nada, não beneficiou nada, nem foi em nada beneficiado. E tem a consciência tranquíla, como já se sabia... Já a oposição acrescentou bastante: acrescentou dois deputados que ninguém conhecia, mesmo que um traga nome bem conhecido.
E foi isso. Nada mais que isso. O ministro não viu nada, como em tantas outras vezes. E o PSD e o CDS não tinham ninguém que não tivesse nada a ver com aquilo. E por causa dos rabos de palha lá ficamos a conhecer o deputado António Carlos Monteiro, do CDS. E a saber que Marques Mendes já tem a dinastia assegurada.
Porque a porta giratória do regime não pára, nem para entradas e saídas. Está sempre em movimento!
Também a Fitch, mesmo no finalzinho da semana, retirou Portugal do lixo, saltando directamente dois degraus na escada da classificação de rating. Foi provavelmente a última grande notícia do ano, o tal que Costa designou de "saboroso", gerando mais uma onda de indignação e obrigando-o a voltar a falar de contexto. Ou de fora dele...
Não deixa de ser extraordinário que um governo tido por politicamente forte - é essa a marca de António Costa - e economicamente vulnerável, sobreviva hoje politicamente à custa do seu desempenho económico. Não deixa de ser extraordinário que, contra todas as expectativas, o governo tenha ganho na economia o que lhe permite cobrir tudo o que perde na política, onde não param de se suceder situações embaraçosas. Como a que hoje leva o peso-pesado Vieira da Silva ao Parlamento!
Nem deixa de ser extraordinário que seja Máro Centeno, que ninguém quis levar a sério e que toda a gente escolheu para bombo da festa, o abono de família do governo do súper António Costa!
A deslocação a Tondela não se previa fácil. O adversário é aguerrido e está moralizado por uma campanha que lhe está a correr bem, longe dos últimos lugares que sempre ocupou ao logo das suas épocas no primeiro escalão do futebol nacional. E o Benfica vinha de onde vem, de uma época terrível.
O anúncio da constituição da equipa mais não fez que agravar as previsíveis dificuldades. Porque, à excepção do lesionado Luisão, era a mesma da última quarta-feira. O que queria dizer que Rui Vitória apostava nos mesmos jogadores que tinham sido sujeitos a um grande desgaste físico e emocional, numa derrota que afastara a equipa de mais uma competição, num jogo de enorme intensidade, com um prolongamento jogado com 10 unidades. Mas também que mantinha na equipa os jogadores que vêm sendo mais constestados, como Pizzi, Salvio ou Cervi.
O início do jogo não desmentiu os receios dos adeptos. O Tondela entrou bem, e à medida que a bola ia correndo começou a ver-se aquilo que é habitual ver nos adversários do Benfica: duas linhas bem recuadas e muito juntas, a impedir qualquer tipo de penetração. Depois, grande pressão sobre a bola.
Cedo se começou no entanto a perceber que, ao contrário de tantas outras vezes, o Benfica tinha solução para o problema. Dos pés de Krovinovic começaram a sair passes a rasgar para as costas da defesa tondelense, que rapidamente percebeu que a lição que trazia estudada já não servia para coisa nenhuma.
O Benfica passou a mostrar um futebol de grande qualidade e com alto poder de sedução. E já não era só Kroovinovic a brilhar, eram todos. Pizzi incluído, com dois golos.
A equipa já tinha mostrado este grande futebol na primeira parte do jogo da passada quarta-feira, em Vila do Conde. Só que não teve, nem de perto nem de longe, a mesma eficácia de hoje. E aí esteve a diferença para este Benfica estonteante. É que, com 3-0 ao intervalo, não havia por onde passar qualquer tipo de dúvida na cabeça dos jogadores. Não havia por onde tremer, nem por onde abanar.
É verdade que voltou a acontecer um erro. E não há volta a dar, os astros não perdoam um erro ao Benfica. No único erro, com o resultado já em 4-0, o Tondela marcou. Na única ocasião de que desfrutou, no único erro cometido. Para agravar a injustiça da penalização, num erro do melhor jogador em campo. Krovinovic não merecia que aquele passe para Jardel fosse parar a um jogador do Tondela, que ficou isolado à frente do Varela. Que também não merceia que, depois de defender o remate do jogador isolado, a bola fosse direitinha aos pés do outro.
Foi um incidente do jogo, nada mais que isso. E a equipa tratou-o como uma qualquer mosca incomodativa, enxutou-a para longe e continuou a jogar o seu futebol estonteante. Só deu mais um golo, só deu para fechar o resultado em 5-1.
Poderá não ser ainda desta que o Benfica arranque definitivamente para os patamares exibicionais que se lhe exigem. Mas, depois daquela primeria parte com o Rio Ave, e deste jogo de hoje, não há razão nenhuma para que não seja desta que se dê a volta a isto. Por muito que os problemas da preparação desta época lá continuem. Estonteantes, como este futebol!
O tema é, evidentemente, incontornável. Não sei se já tudo foi dito, mas sei que há sempre mais qualquer coisa a dizer sobre os escândalos ligados à Raríssima, que a jornalista Ana Leal, da TVI, revelou ao país no passado fim-de-semana.
Entretanto vimos como numa deprimente entrevista à mesma jornalista, um Secretário de Estado revelou toda a sua miséria moral. E ficamos a conhecer os nomes ligados aos diferentes órgãos, consultivos ou directivos, daquela IPSS. Por exemplo, o Conselho Consultivo de Reflexão Estratégica, que numa instituição sem fins lucrativos não deixa de ser estranho, é presidido por Leonor Beleza e integra o consultor de comunicação António Cunha Vaz, Fernando Ulrich (presidente não executivo do BPI), Isabel Mota (antiga deputada do PSD, ex-secretária de Estado e actual presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian), Graça Carvalho (ex-Ministra da Ciência e do Ensino Superior nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes), Maria de Belém (ex-ministra da Saúde em governos socialistas e ex-candidata presidencial), e Roberto Carneiro (ex-ministro dos governos de Cavaco Silva), entre outros. Pela assembleia-geral passaram o ministro Vieira da Silva, obviamente envolvido até às orelhas, e a antiga deputada do CDS, Teresa Caeiro.
Maria Cavaco Silva, antes de ter sido feita madrinha dos portugueses por Marcelo - também ele por lá tido e achado - foi a madrinha da Raríssimas nos anos em que o marido ocupou a Presidência da República.
Na Raríssimas não estava apenas todo um regime. Todo o arco da governação, como se diz. Estava o regime e todos os seus vícios.
Por isso, o Instituto da Segurança Social nunca soube de nada. Por isso o Ministro Vieira da Silva não soube de nada. Por isso o Presidente da República também não soube de nada. De concreto e de objectivo, acrescentou. Por isso ninguém recebeu carta nenhuma. Por isso desapareceram as cartas registadas e com AR enviadas à Segurança Social...
E por isso somos invadidos por uma imensa angústia de más sensações. Pela sensação que não é raro o caso da Rarríssimas. Que não é excepção, mas regra. Pela sensação que o país é na verdade governado a partir do submundo. E pela sensação que, se mais trabalho de investigação jornalística deste nível fosse feito, o país desapareceria engolido pelo pântano em que se transformou.
E no fim, com todas estas sensações à flor da pele, vem o primeiro-ministro António Costa pousar leve, levemente, a cereja no topo do bolo, afirmando em Bruxelas que “o ano de 2017 foi particularmente saboroso para Portugal”!
Provocação não é certamente. E a insensibilidade não bate assim…
Tudo acontece a este Benfica. Mas tem de dizer-se que se põe a jeito para que todo o mal lhe bata à porta.
Entrou bem no jogo, e dominou toda a primeira parte. Mas só fez um golo. Pôs-se a jeito...
Logo no arranque da segunda parte, ao segundo minuto, Cervi escorrega à entrada da sua área e deixa a bola à mercê de um jogador do Rio Ave. E golo do empate, no primeiro remate à baliza.
O Benfica sentiu o golo, mas veio para a frente. Um quarto de hora depois o Rio Ave ganha uma bola na sua defesa, em falta sobre Pizzi, e sai para o contra-ataque. A jogada acaba com o Guedes a fazer gato sapato de André Almeida e Luisão, e um grande golo. Mesmo que facilitado. Na segunda vez que chegou à baliza do Benfica.
O Benfica partiu de novo para cima do Rio Ave. E apareceu Cássio, um velho conhecido da casa. Rui Vitória foi acrescentando avançados à equipa, e mesmo sem jogar bem ia criando e desperdiçando oportunidades de golo. Até um penalti Jonas falhou.
Então, e por último, entrou Seferovic e saiu Grimaldo, ficando a equipa em completo desiquilíbrio. Luisão fez o empate, faltavam perto de 10 minutos (com o tempo de compensação dado pelo árbitro) para o jogo acabar. Com a equipa desiquilibrada como estava, esse tempo tinha de ser todo aproveitado para chegar ao golo da vitória e evitar o prolongamento, como o capitão tinha deixado claro, sem perder tempo em festejos, a correr com a bola para o centro do terreno.
Pois... nesses 10 minutos a equipa não chegou uma vez à baliza do Rio Ave. Pôs-se a jeito...
Se as coisas não estavam fáceis para o prolongamento, pior ficaram com a lesão (muscular) de Luisão. Remendada e com dez, a equipa do Benfica só podia esperar o pior do prolongamento. Para encurtar a espera, que isto não está para grandes expectativas, o Rio Ave marcou logo no arranque, de novo na primeira vez que lá foi abaixo. Numa carambola, num ressalto e com Zivkovic, completamente desalinhado da linha defensiva, a colocar em jogo o jogador do Rio Ave que fez o golo.
Depois a equipa fez das tripas coração, e mesmo só com coração criou oportunidades para, na lógica de se pôr a jeito, levar o desempate para os penaltis. Mas Cássio chegou e sobrou para as encomendas.
E pronto, depois da Europa também já o Jamor lá vai... Se calhar era bom que alguém pusesse mão nisto. Mas parece que o presidente anda pela China... Também ele a pôr-se a jeito!
Dificilmente assistiremos a alguma coisa mais deprimente, a maior demonstração de indignidade, do que aquilo que ontem pudemos ver na entrevista da Ana Leal ao (então) Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.
Quem já teve Sócrates como primeiro-ministro, julgaria que já tinha expiado todos os seus pecados, e que não mereceria mais castigo. Nunca sabemos até onde nos leva esta nossa condição de portugueses no que a governantes diz respeito, mas este Sr Manuel Delgado é mau de mais para ser verdade!
Infelizmente é esta a verdade da mentira em que vivemos!
Edmundo Martinho aproveitou a tomada de posse como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, faz amanhã uma semana, para praticamente confirmar a entrada da Instituição no capital do Montepio.
Estranhamente, não é notícia. Ninguém diz o que quer que seja sobre a entrada da Santa Casa no mundo da banca, obviamente fora do radar daquilo que é o objecto da sua intervenção.
Santana Lopes tinha-se declarado avesso a aventuras, o que poderá não querer dizer que, com ele, o Montepio por ali não se safava. Edmundo Martinho tratou logo de dizer que não se tratava de aventureirismo, mas de pioneirismo.Que é pioneiro, não há dúvida nenhuma. Que não seja aventureiro, há muitas!
O argumento do pioneirismo pode certamente ajudar a chutar para canto questões incómodas sobre a motivação para a entrada da Santa Casa no sistema financeiro, uma área completamente nova, para que nunca esteve vocacionada, e que é tudo menos um mar de águas calmas. Mas há muita dificuldade em disfarçar o aventureirismo de tomar 10% do capital de um banco em dificuldades, com os restantes 90% estão concentrados num único accionista. E muito mais dificuldade ainda em justificar os 200 milhões de euros desse investimento... É que, para que as contas batam certo, o Montepio terá que valer 2 mil milhões de euros. Isto é, pouco menos que o BCP, e mais que o BPI. E isto - toda a gente vê - não faz sentido. Nem numa grande aventura!
A líder do Bloco de Esquerda disse numa entrevista que o "PS é permeável aos grandes interesses económicos" e caiu o "Carmo e Trindade". Não sei se Francisco Assis é o Carmo ou a Trindade. Sei é que nunca o Carmo e a Trindade estiveram tão distantes. E que, se Francisco Assis teria de ser o primeiro "a saltar", de vestes bem rasgadas, Manuel Alegre só deve ter pretendido fazer prova de vida.
Não há muito a dizer sobre o jogo desta noite, na Luz, que opôs o Benfica ao último classificado, o Estoril. Foi muito igual a tantos outros que o antecederam nestes quatro meses que a época já leva, o que quer dizer que o Benfica continua sem atingir os mínimos aceitáveis.
Basta dizer que hoje, contra o último, em casa, o melhor jogador do Benfica voltou a ser o guarda-redes Varela.
Quer isto dizer que o Benfica não "jogou porra nenhuma", e que não mereceu ganhar o jogo?
Não! Quer dizer apenas que o Benfica continua sem saber o que tem a fazer, e que continua com muitos jogadores bem longe do que fizeram no passado recente.
Pouco passava do primeiro quarto de hora e já o Benfica ganhava por dois a zero. Quer dizer, já o Benfica tinha atingido um resultado confortável, daqueles que desinibem as equipas e as projectam para exibições sólidas. Com dois golos nascidos das próprias condições do jogo, nem sequer de mero acaso, ou simplesmente circunstanciais. Com o Estoril subido, a saber encurtar o campo, o Benfica só tinha que saber aproveitar as costas dos defesas adversários, e isso faz-se lançando para lá, primeiro, a bola e, logo a seguir, os jogadores para a captar.
O Benfica fez isso bem por quatro ou cnco vezes, e não se percebe por que não o fez, ou não o procurou fazer, de forma sistemática ao longo de todo o jogo. Como não o fez, permitiu que o Estoril permanecesse confortável na lição que trazia estudada. E que fosse equilibrando o jogo.
No último quarto de hora da primeira parte já o Estoril discutia o jogo sem grandes dificuldades. Varela ainda evitou, com a sua primeira grande defesa, o golo do Estoril. Que chegaria mesmo no último suspiro da primeira parte, com o Luisão a virar as costas à bola e o Jardel desparecido em parte incerta.
Com os jogadores do Estoril a recolherem aos balneários ainda a festejar o golo, que voltava a deixar o resultado em aberto, aumentava a expectativa para a segunda metade do jogo. Com uma grande oportunidade logo de entrada, e mais uma grande defesa de Varela, ficou tudo esclarecido.
Por não mais que duas ou três vezes, o Benfica voltaria a conseguir tirar do jogo o que dele sabia que poderia tirar. Fez com isso mais um golo, que acabou por dar uma expressão ao resultado que não condiz com o que ele foi.
E assim continuamos. Sem grandes esperanças, sem ver Rafa aproveitar mais uma oportunidade, sem ver Pizzi justificar a presença que tem na equipa e sem perceber como é que alguém se safa com uma defesa destas...