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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Diálogos Curtos

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- Kim Jong-un foi rápido a reagir ao convite, e correu a encontrar-se com Trump na famosa fronteira do paralelo 38, tornando-o no primeiro presidente americano a pisar solo norte-coreano. Diz-se que se fez História!

- Parece-me mais que se fez Química. Aquilo é mais a combinação dos muitos elementos químicos que têm em comum na sua composição... 

Uma raiva a crescer*

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Mais uma fotografia a abalar consciências e a levantar o eterno dilema da sua divulgação, sempre na fronteira - e é de fronteiras que trata - entre a informação e o voyeurismo.

Falo da fotografia que por estes dias vai chocando o mundo, dos corpos inertes de um pai e da sua filha, ligados por uma T shirt que dos dois fazia um só, nas margens do Rio Grande, na fronteira do México com os Estados Unidos. O rio dos Westerns americanos, o rio do Rio Bravo de John Wayne, Dean Martin e Rick Nelson. Meia dúzia de latas vazias de cerveja americana e uma garrafa de plástico, igualmente vazia, de um refrigerante igualmente americano acentuam a cor americana do cenário que envolve o corpo da menina abraçada ao pai.

A mesma cor do sonho que levou uma jovem família salvadorenha que vivia com dez dólares por mês a chegar ao México para, como tantos milhares de outras, entre muros e rios intransponíveis, a escolher rotas cada vez mais perigosas para enfrentar a fronteira da morte, outrora do sonho.

O jovem casal fez-se ao rio, com a filha, Valéria, de dois anos, amarrada por uma Tshirt ao corpo do pai, Oscar, de 28, decididos a atravessá-lo para o lado de lá. Mesmo sabendo que naquela terra os sonhos já foram trocados por pesadelos, nada pode ser pior que o inferno de miséria e violência que querem deixar para trás. Quando a corrente do rio resolveu colocar-se às ordens de Trump e engrossar-lhes a adversidade, a mãe nadou de volta para o México. O pai prosseguiu com a filha bem colada ao corpo… até que a corrente e a morte os devolvessem à margem a que não queriam regressar.

Acontece todos os dias. Acontece com milhares de homens, mulheres e crianças que por aquelas paragens fogem diariamente da violência e da pobreza das Honduras, da Guatemala ou de El Salvador… Desta, como de outras vezes, a diferença é uma fotografia. Que pode até não fazer grande diferença. O mais provável é que dentro de dias, talvez semanas, volte como tantas outras ao esquecimento.

Que ao menos nos faça crescer a raiva!

 

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

Coisas dramáticas

Capa Jornal de NotíciasCapa Público

 

Os jornais fazem hoje eco, dois deles com destaque de capa, de um estudo que conclui que os alunos provenientes das famílias mais desfavorecidas são os que menos acesso têm aos cursos que exigem as notas mais altas. 

Ninguém se surpreende com a notícia. Quase se poderia dizer que estranho é que seja notícia. Ou que há estudos que não servem para mais do que para nos dizerem aquilo que já sabemos. Num país, como o mundo, cada vez mais desigual é inevitável que cada vez mais seja assim.

O que não podemos achar inevitável é que cada vez mais se feche os olhos a esta realidade, que não só destrói a principal alavanca do sistema como as suas vias respiratórias. A educação é o factor crítico da mobilidade social, e o elevador social a base do sucesso do sistema. 

Acentuar as estratificações no acesso à educação é deixar o elevador fora de serviço, é acentuar desigualdades, e é pôr a História a andar para trás. Chamem-lhe o que lhe quiserem chamar...

Os números não mentem. Mas enganam!

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Portugal atingiu no primeiro trimestre do ano, e pela primeira vez (desde que há estes registos trimestrais, iniciados em 1999), um excedente orçamental. Pela primeira vez as receitas do Estado foram superiores às despesas, no caso em 180 milhões de euros, 0,4% do PIB.

Esta seria uma notícia fantástica se não estivéssemos todos com a sensação que os serviços que o Estado nos presta estão uma lástima, no caos completo. Dos de maior complexidade, como os de Saúde, aos mais banais, como a simples renovação do cartão de cidadão.

Imagino que a maioria de nós, especialmente dos que não têm que sujeitar a sua opinião às cores do cartão partidário, tenha tido alguma complacência com o governo nesta degradação da qualidade dos serviços públicos. Afinal, entre imperativos financeiros  e objectivos ideológicos, a troika e o governo anterior tinham cortado sem piedade na capacidade de resposta do Estado, e a dinâmica de degradação nunca é fácil de inverter. Erguer é sempre muito mais difícil que deitar abaixo!

Mas a verdade é que, por muita boa vontade que tenhamos, temos muita dificuldade em perceber que, atingidos os indispensáveis equilíbrios nas contas do Estado, se continue a cortar no investimento e a cativar despesa para ir mais além nos resultados orçamentais. E não sobra nenhuma vontade de rejubilar com notícias dos melhores resultados nas contas do Estado com os serviços públicos no estado em que de facto estão... Ter boas contas, mas tratar mal os cidadãos, não pode constituir motivo para júbilo para qualquer governante. Deixa a ideia que, mais que uma opção, é uma obsessão.

Mário Centeno garante que estes resultados não têm a ver com cortes nem investimento público nem nas despesas de funcionamento. E atira com números, em particular na Saúde. E em especial ainda com números de médicos e enfermeiros contratados...

Diz-se que os números não mentem. Mas enganam. E também falham ...

O princípio do meio

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Passam hoje 25 anos sobre o bloqueio da ponte 25 de Abril, também conhecido pelo "businão", que muitos dão erradamente pelo princípio do fim do cavaquismo. Foi apenas o princípio de uma nova era na forma de fazer protesto, o princípio do meio e o fim de Cavaco à frente do governo da nação, mas apenas um intervalo no meio do cavaquismo. Que regressaria em pezinhos de lã dez anos depois, forçando uma data de validade há muito esgotada.

Depois de dez anos em S. Bento, e de outros dez de nojo imposto pelos portugueses (bem tentou que fosse apenas metade), seguir-se-iam-se mais dez anos em Belém, de onde Cavaco acabaria de sair de rastos. E de rastos continua, transformado no seu próprio coveiro, o político que, sem ser político, depois de Salazar, mais tempo esteve no poder em Portugal... 

Diálogos curtos

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- O Verão já chegou, e hoje é o maior dia do ano.

- Então? E é por isso que o gasóleo vai aumentar?

- Não, não. Os jornais dizem que "fontes do sector" explicam que os mercados internacionais ficaram hoje muito nervosos quando viram o Trump a gritar: "agarrem-me se não eu vou-me ao Irão"...

- Ah... Percebo... As "fontes do sector" gostam de levar depressa as más notícias às bombas de gasolina...

 

 

Tema(s) da semana*

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

(Imagem daqui)

Não fosse o desenlace da telenovela João Félix, com essa transferência de 120 milhões de euros do Benfica para o Atlético de Madrid, e o nome da semana teria sido o de Miguel Duarte, outro jovem português, ligeiramente menos jovem mas nem por isso menos digno de admiração - antes pelo contrário – cuja história saltou para o topo da actualidade no início da semana, com a notícia de que corria - e corre – o risco de ir parar à prisão, acusado pelo governo italiano de auxílio à imigração ilegal

Em 2016 Miguel Duarte decidiu não ficar de braços cruzados a assistir ao trágico destino de milhares de pessoas e integrar-se numa “organização não-governamental” (ONG) alemã que presta apoio humanitário aos desgraçados que fogem da perseguição, da miséria e do terror para se entregarem, primeiro, nas mãos de outros seres humanos sem escrúpulos para, logo a seguir, ficarem entregues a um destino com destino certo no naufrágio dos botes em que são despejados nas águas do Mediterrâneo.

Ajudou a salvar da morte milhares de pessoas - 14 mil - que teriam engrossado os números incalculáveis da maior tragédia do século, que deveria envergonhar o mundo mas que, pelo se vai vendo, não incomoda sequer muita gente. Deixou a sua casa, a sua família e a sua vida para organizar para partir em ajuda de quem nada tem, e a quem tiraram tudo do pouco que alguma vez teve, num exemplo da mais nobre solidariedade que enaltece a condição humana. E agora é acusado de um crime, e em vias de uma condenação a 20 anos de prisão – note-se: 20 anos! -, por um governo italiano para quem os valores da dignidade humana não constituem apenas princípios descartáveis. Não contam, simplesmente…

Foi tardia, e nem sempre convincente, a reacção das entidades portuguesas, que mais pareceu  vir a reboque da onda que foi crescendo na opinião pública, o único verdadeiro consolo que Miguel Duarte encontrou nestes dias, materializado em diversas iniciativas da cidadania, e particularmente na resposta pronta a uma operação de “crowdfunding” lançada para financiar a sua defesa.

Fraco consolo para quem deu tanto. Miguel Duarte merecia melhor. Porventura João Félix também - não mereceria certamente que a sua história se cruzasse com esta!

PS: Fantástica, esta ilustração de Vasco Gargalo.

 

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

Diálogos curtos

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Solta um, passando os olhos pela revista: "Os portugueses são dos que mais mentem sobre as férias. Um estudo concluiu que 31% dos portugueses mente sobre as suas férias. No estudo começaram por perguntar aos entrevistados se tinham mentido sobre qualquer aspecto das suas férias e, logo aí, 60% respondeu que sim".

Apressa-se o outro: "E os autores do estudo acreditam nas respostas" ... 

 

 

Keep America great

 Foto: Cristobal Herrera/EPA

Em Orlando, na Florida, Donald Trump acabou de arrancar com a campanha da recandidatura. A tentar convencer que voltou a fazer grande a América ("make America great again"), como se a América alguma vez tivesse deixado de ser grande, a proposta de Trump é, agora, a de a manter grande. E o lema  "keep America great".

Estranha noção de grandeza é a de Trump. Bastou que ontem, em Sintra, Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, tenha dito que poderia regressar ao programa de compra de dívida (e com isso ter animado os mercados financeiros), para Trump vir a correr para o Twitter mostrar a pequenez da sua grandeza. Escreveu o presidente americano que garante ter tornado a América grande, e que promete continuar a mantê-la grande: “Mario Draghi acaba de anunciar mais estímulos, o que imediatamente desvalorizou o euro em relação ao dólar, tornando injustamente mais fácil para eles concorrerem contra os EUA. Fazem-no de forma impune há anos, juntamente com a China e outros."

 

 

 

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